SALVANDO SUA VIDA

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MARÍLIA

Chegamos a um posto de gasolina parcialmente abandonado, lá se possuía apenas as bombas de combustível e um visual nojento. A área era deserta e não havia um alma viva naquele lugar.

A morena desceu, abasteceu o carro enquanto falava no telefone e minutos depois partimos outra vez. Ela adentrou uma estrada de chão deserta, estacionou em um local mais escondido e me mandou descer do carro. Seja lá o que ela estivesse fazendo, era assustador...

Caminhamos por aquela mata e em seguida ela avistou o que procurava. A entrada de um bunker, uma área subterrânea... sua digital foi colocada no pequeno sensor, sua pupila ocular foi analisada e em seguida permitida sua entrada. Era algo realmente bem seguro.

Era como onde eu estava, corredores longos, áreas com funcionários e homens armados.

- Não solta minha mão. - ela disse entrelaçando seus dedos aos meus, me garantindo segurança enquanto passávamos e os homens nos encaravam.

Adentramos uma enorme sala, onde parecia ser o local principal daquele bunker. Assim que ela colocou os pés no ambiente, todos fizeram silêncio e a encararam em conjunto. Ela ficou no centro do ambiente e rapidamente armas foram apontadas para nós...

Olhei em seus olhos, eu estava nervosa e apavorada.Me mantinha segurando em sua mão, e ela sorriu gélida encarando todos ao nosso redor.

-Se atirarem em mim, meus homens mataram vocês e suas famílias depois. E eu deixei garantido de que nem mesmo os animais de estimação restem...

Os homens se mantinham sérios olhando para nós. A mafiosa soltou minha mão, e agora parecia debochar deles.

- Eu tenho muita pena daqueles que ficarem no meu caminho... - ela soou desprezível. - Porque eu posso garantir, que suas mortes seriam espetaculares.

No fim da frase, a morena encarou um homem no fim da sala. Alto, loiro e porte físico forte...

-Aquele que pegar essa moeda... - ela disse alto, em bom tom. - Sobrevive. - o barulho do pequeno metal caindo ao chão ecoou pelo lugar. - Qual desses belos bastardos quer ficar comigo?

-Quem quiser essa moeda, pode se juntar a Maraisa. - descobri seu nome. - Pode pegá-la agora.

Todos continuaram em silêncio, e Maraísa sorriu. Voltei a segurar sua mão e ela me olhou paciente.

-Comecem... - sua voz foi a última coisa antes que seus homens de dentro da sala e aqueles que entraram pelas portas colocassem os "inimigos" em rendição.

(...)

Um homem foi trago, acorrentado até Maraísa. O jogaram de joelhos a sua frente e pude reconhecer em seus olhos o medo que ele sentia.

- Eu jurei que você não morreria pela mão da minha irmã. - ela se aproximou do homem. - Não pelas minhas. 

A morena pegou um pequeno canivete e começou a cortar sua garganta lentamente, aquilo parecia um inferno e eu sentia vontade de vomitar ou correr. Mas não podia, estava sobre sua posse.

-Ninguém machuca minha família e vive. - ela disse baixo, mas pelo silêncio ensurdecedor, qualquer coisa dita por ela seria ouvida.

Notei que uma mulher chorava no fim da sala, em silêncio. Ela caminhou, se aproximando e a morena a encarou com desprezo.

-É... eu matei quem vocês amavam. E agora... eu te libertei da terrível desgraça do seu irmão. - ela disse alternando o olhar entre a mulher e os homens. 

A morena respirou fundo, limpando as mãos em um fino lenço que ficou marcando pelo sangue vermelho e forte do homem agora que estava ao chão, acorrentado e morto.

- Cada de um vocês está aqui hoje, porque eu quis que estivessem. Essa piada de junção para matarem a mim e a minha família existe somente por minha causa. E a vida contínua de vocês daqui pra frente... é um presente dado por mim, uma dívida que vocês não podem pagar, e que de longe supera os meus supostos terríveis crimes.

A morena sorriu melancólica, colocando um cadeira no centro da sala.

-Se ainda tiverem coragem, venham e me matem. Estou sobre essa cadeira e se quiserem mirar em minha cabeça estão permitidos. - ela sorriu de canto, subindo sobre uma cadeira e os homens rendidos apontaram as armas outra vez, sendo permitidos com a ordem de Maraísa. Eles podiam atirar, só necessitavam ter coragem. Mas não tinham...

-Eu vejo a paz da morte como uma recompensa por esse tédio. Eu vou morrer sentindo o gosto da agonia que eu causei a todos vocês. E no final... vão saber que eu venci, vão se lembrar de mim...

Vi seu maxilar travar em ódio, seus olhos castanhos ficarem escuros e sua expressão divertida tomar conta do rosto. Seu sorriso diabólico significava morte, e todos ali sabiam.

A mulher que antes a olhava chorosa, agora a analisava com ódio.

-Rebeca... - ela sorriu. - Tão indefesa e ousada provocando a própria morte.

- Faz isso porque está no poder, eu a mataria se não tivesse. - a mulher disse árdua. - Você matou minha família.

-Matei mesmo, sua família era uma raça de vira latas maldita. - ela disse paciente. - Avise a Murilo Huff, que não faça mais junções para trair a mim outra vez, ou até mesmo armar planos para entregar garantias de pagamento a mim. - ela disse gélida, e eu vi que possivelmente aquela situação toda me envolvia também. Eu estava, chocada.

Maraísa era o monstro que todos falavam, eu só não queria acreditar antes.sua expressão e jeito de boa moça eram convincentes, mas palavras que saiam da sua boca era como um castigo determinado ao pecado e ao pecador.

- Minhas equipes com homens escolhidos a dedo por mim, estão a caminho. Assumiremos o lugar e vocês seguirão as minhas ordens. Gostem vocês ou não.

- Está dando início a uma guerra. - A mulher a enfrentava

- Isso não é uma guerra, é o início de uma aniquilação a todos que irem contra mim. Pra poder deixar o meu pai orgulhoso... eu agora buscarei o comando do tráfico e contrabando na Europa. A primeira parte da minha vingança é tirar a vida dos traidores, e depois pro início de um império intercontinental, traremos matança, afogando todos em sofrimento e terror...

Rebeca fez um movimento lento, e eu o seguia com os olhos. Ela achava enganar Maraísa, mas era tão indefesa que chegava a doer meus olhos.

-Tente sacar essa arma e eu arrancarei seu braço. - seu tom frio foi ecoado outra vez.

Maraísa segurou em meu punho, me levando com ela. E antes que saísse...

-Não ousem procurar por Marília. Ela está sob minha posse, sob minha proteção. Eu matarei qualquer um que tentar encontrá-la.

Ela praticamente me arrastou dali, enquanto eu tinha os olhos marejados e uma expressão amedrontada. Caminhamos pelo mato outra vez, em direção ao carro enquanto lá fora já era possível ver alguns carros utilizados para levarem seus homens até o bunker.

- O que está fazendo? - me recusei a entrar no carro e pela  primeira vez ela me olhou desde que saímos daquela sala.

-Salvando sua maldita vida. - ela me responde.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora