RETALIAÇÃO DESCOBERTA

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MARÍLIA

Optamos por trocar a reserva do Giorgio Baldi pro 71 Above, ficava localizado no 71º andar do US Bank Tower, qual era um dos prédios mais altos da cidade, Downtown. Oferecia uma vasta visão pra Malibu e Laguna Hills Era uma ótima opção para casais ou ocasiões especiais.

Quando chegou o horário, Maraísa dirigiu até o restaurante que tínhamos feito reserva. Meus pais conheceriam nossa família. Maiara, Luísa, Arielle, Anitta e Marco estavam inclusos nisso, menos as gêmeas por enquanto. A morena havia pedido que reservassem uma área mais privativa, que nos desse descrição. Tanto para que não fôssemos fotografadas durante a ocasião, quanto a descrição da presença dos meus pais.

Impossível não sermos alvo de fotos ou vídeos na entrada, a visibilidade de Maraísa chegava a ser absurda. Acho que se faziam mais de anos que ela andava a algum lugar e não era duramente o foco do ambiente.

(...)

Marco foi o último a chegar, só faltava meus pais. Ele havia saído desde a discussão com Maiara, e desde então, não havia entrado em contato com a família.

Incrivelmente meus pais já os conheciam por conta das ligações, sempre algum deles aparecia e falava algo. Eu sempre tinha algum Pereira ao meu redor, era impossível não tê-los. Afinal todos morávamos juntos. Só iríamos aprofundar um pouco mais isso, tornar isso físico e mais pessoal.

-Onde está o Henrique? - O irmão de Maraísa se aproximou de nós, a questionando, já que estávamos um pouco distantes da mesa reservada. - Onde o mandou ir?

-Não importa. - ela respondeu paciente, enquanto ainda segurava minha mão. - Eu não te devo respostas, Marco.

Maraísa se manteve posicionada de lado, sem olhar para o irmão, que aparentava estar furioso com o sumiço de Henrique. Ele havia percebido somente quando adentrou o restaurante, nem se quer imaginava que o homem havia saído de Los Angeles.

-Você não tem o direito de falar assim comigo. - ele disse em tom regulado, gélido.

Olhei pra Maraísa e vi seu maxilar travar, sua expressão nada piedosa o encarou por alguns segundos ao mesmo tempo em que eu podia sentir sua mão gelar. Ela havia ficado com raiva.

-Eu tenho. - soou no mesmo tom, fria. - Na verdade eu tenho direito de falar com você como eu quiser.

Pude ver o desprezo através do seu olhar e a provocação elevada ao nível de Marco pela entonação da voz. O irmão do meio a encarava, eles estavam em conflito. Maraísa por nenhum segundo baixou a guarda, e manteve o olhar intimidante.

-Ela é nossa família. - ele mencionou, referindo-se a mãe.

-Não me venha com discurso sobre família. - ela o encarou novamente. - Minha mãe ou não, ela passou anos renegando a presença de Maiara. Mas a partir de hoje, eu garantirei que nem se quer por um segundo ela machuque minha irmã outra vez.

Quando eu soube da proteção de Maraísa por Maiara, não imaginava que era realmente assim. A mafiosa era leal, e bem, estava mais que claro que ela iria até mesmo contra a família para defender a irmã mais nova.

Marco assentiu em silêncio e distanciou-se de nós.

MARAÍSA

Depois que os pais de Marília chegaram, abraçaram a filha naquele clima de saudade. Me cumprimentaram e falaram com o resto de nós. Eles falavam bem em inglês, entretanto as vezes se pegavam falando em português, e quando faziam isso todos nós sorriamos.

Em particular, eu havia criado a necessidade de me vingar do homem que me atormentou por anos, desde os meus 16 anos, quando passei 8 meses em Cleveland. Desde que acordei em Miami, numa cama de hospital dei início a caçada pelo treinador de boxe, Bruce Brown. Eu não o mataria, ainda não tinha coragem para olhá-lo. Mas havia pago para que o fizessem.

Eu aguardava uma resposta, de alguns homens que já estavam em Ohio em busca disso. Entretanto, eu não esperava que a mensagem de Jimmy me mostrasse a mentira de Marília.

Observei a loira que sentada ao meu lado, sorria da fala recente de Anitta. Seu olhar disperso me deu atenção quando toquei sua mão pacientemente sobre a mesa.

-Algum problema? - questionou carinhosa, após aproximar-se de mim. Sussurrando em meu ouvido.

-O que fez mesmo em Amsterdã? - questionei, e ela afastou-se para me responder olhando nos olhos.

-Resolvi documentações. - respondeu eloquente.

Abri a foto do incêndio recentemente me mandada por Jimmy, o responsável por realizar o serviço que eu havia ordenado-o a alguns dias. A casa de Bruce estava em chamas, enquanto o local estava cercado sobre a atuação de bombeiros. Coloquei o celular sobre a mesa e ao observar a imagem, Marília sorriu de canto, havia sido pega na própria mentira.

-Foi um passeio maravilhoso. - ela comentou, devolvendo o celular a mim.

-Mentiu pra mim. - mencionei um tanto quanto gélida.

Seus pais não podiam nos ouvir, estávamos bem próximas.

-Eu não menti quando disse que mataria e morreria por você. - ela rebateu.

-Podia ter se machucado, ou estar em uma cela neste exato momento. - eu a disse, enquanto segurava sua mão sobre a mesa. - Por minha causa.

A loira se inclinou, aproximando-se de mim outra vez.

-Eu rasguei a garganta daquele inútil, e o assisti agonizar sobre a cama enquanto morria. Eu faria isso centenas de vezes. Não vou permitir que machuquem o amor da minha vida e vivam em paz.

Sua mão delicada segurou meu maxilar mantendo-me olhando para ela.

-Eu deixaria que colocassem fogo no mundo inteiro, mas não permitiria que uma chama tocasse você. - ela relatou. - Porque você é minha.

Seus lábios tocaram os meus em um beijo rápido, pude sentir uma mordida leve antes que ela se afastasse. Ao olhá-la, notei o sorrisinho encantador que eu tanto amava.

-Agora aproveita, a retaliação que o destino te deu. - ela disse, antes que desse atenção a conversa na mesa outra vez.

De forma paciente ela levou a taça de vinho aos lábios e eu pude vê-la ingeri-lo vagarosamente. Sua mão relaxada sobre minha coxa ainda acariciava a região lentamente. Eu me mantinha chocada com seu posicionamento, e ela estava resignada com isso.

-Não foi o destino, foi você. - a mencionei depois de alguns segundos, a fazendo olhar pra mim outra vez.

A loira apenas sorriu de canto, quando entrelacei sua mão a minha, por baixo da mesa.

MARÍLIA

-Gracias baby. ( Obrigada querida ) - sua voz rouca sussurrou em espanhol, no meu ouvido.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora