NARRADOR:
Haviam se passado alguns dias longos e bem premeditados, entretanto completamente entediantes para Maraísa. Suas noites pareciam ainda maiores, e muitas das vezes mantinha-se acordada já que pouco conseguia dormir. O bebê estava estável, tanto quanto Marília, mas sua condição ainda era delicada.
-Ela só precisa de mais um tempinho... - Kathy disse sentada no sofá, olhando a morena que mantinha-se estática um pouco distante. - Mantê-la nutrida assim é mais fácil, já que ela não coloca pra fora em seguida. Foi essencial mantê-los assim naquele momento.
-E quanto a anemia? - questionou paciente, esperançosa.
-Revertida aos poucos. - disse séria. - quando a tivermos quase consciente, daremos início as bolsas de sangue.
Maraísa respirou fundo e assentiu silenciosa, ainda de pé. Caminhou em direção a poltrona, e Kathy ergueu-se indo até ela, sentando-se ao seu lado. O olhar da obstetra foi diretamente no anti-braço da empresária, notando o pequeno adesivo no local. Maraísa havia doado parte do sangue necessário para Maraísa, já que era compatível.
-Sua raiva por mim passou? - questionou com um sorriso gentil e Maraísa sorriu recíproca.
-Inconclusa. - respondeu paciente, enquanto deslizava o dedo sobre o estofado, em entretenimento. - Quando ela acordar e disser que se sente bem, minha raiva por você passará.
Seu olhar insano era protetor demais para que Kathy discordasse. Entretanto, o sorrisinho latino a fez se sentir um pouco mais aliviada.
-Vamos levar ela pra refazer alguns exames, e em algumas horas... se os resultados forem convincentes... induziremos ela ao retorno. E trataremos ela com consciência.
Maraísa assentiu compreensível, e então guiou-se para fora do cômodo. Precisava ir em casa, já havia estado ali por mais de 24 horas, pouco conseguiu dormir ou se alimentar como devido. As vezes acabava priorizando demais Marília e esquecendo de si mesma.
-Quer que eu fique com ela essa noite? - a mãe da loira questionou baixinho, assim que o corpo feminino a abraçou.
-Eu fico. - disse em um sussurro falho, arrastado. - Além do mais as crianças ficam mais calmas com você.
-Tudo bem, eu cuido das gêmeas... mas e você, está bem? - questionou ao deslisar as mãos pelos cabelos longos e macios.
-Acho que não fico bem quando estou sem ela. - respondeu com o rosto ainda escondido no abraço confortante.
De fato não ficava e todos ali percebiam isso. Seu humor era péssimo, impaciente e gélido. Além de que, evitava ao máximo estar em contato social.
-Vamos, vou levar você pra casa. - Anitta aproximou-se analisando-a com aqueles olhos verdes e profanos. Antes de repousar as mãos em seus ombros.
Maraísa afastou-se de Ruth e com um sorriso tristonho despediu-se. Caminhava pelo corredor enquanto era lateralmente abraçada pela filha. Minnesota parecia tão fria, impiedosa e inabitável naquele momento.
-Não quer comer nada? Posso passar em algum lugar. - Anitta questionou ao olhar o relógio e ver que ele marcava 20:30.
-Eu peço algo quando voltar pro hospital, eu só preciso tomar banho, respirar um pouco... fora daquele quarto. - explicou.
(...)
Maraísa adentrou o chuveiro e pode sentir a água quente percorrer todo seu corpo desnudo, molhando seus cabelos e a fazendo fechar os olhos por alguns minutos. Inúmeras situações hipotéticas passavam-se em sua mente perturbada e insegura, mas em seu interior, a voz feminina da psicóloga ainda chamava baixinho dizendo que tudo ficaria bem. Com toda aquela delicadeza apaixonante, envolvente e santificada.
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LÁ MARFIA -MALILA
FanfictionLa Marfia é uma história fictícia onde uma loira acaba ficando sobre o poder da maior mafiosa da América latina. #Marilia #Maraisa #LGBT #Lesbica #Mafia #Amor