PROCEDIMENTO POLICIAL

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MARÍLIA

Sentamos-nos ali por um tempo e até assistimos o por do sol, enquanto Júlia permaneceu no colo do meu pai. Quando começou a escurecer, retornamos para casa.

Ao adentrar a cozinha, observei uma das cenas que seria inesquecível pra mim. Maraísa aguardava calmamente, enquanto minha mãe, a mesma que havia julgado-a de todas as maneiras possíveis quando descobriu sua verdadeira identidade e nosso relacionamento, agora então, fazia brigadeiro pra ela. Um doce típico de culinária brasileira que Maraísa adorava.

-É sério isso? - questionei alternando o olhar entre as duas.

-É sério. - minha mãe respondeu paciente, ainda sem olhar pra mim.

Encarei Maraísa e ela apenas sorriu de canto. A morena se manteve sentada enquanto aguardava pacientemente. Me aproximei a abraçando por trás, distribuí beijos em seu pescoço quando ela inclinou a cabeça, me dando mais espaço.

-Eu te amo... - sussurrei ao seu ouvido antes de me afastar.

Me sentei ao seu lado e aguardei minha mãe terminar. Em meio a conversas, qual minha mãe e eu raramente corrigíamos o português da minha esposa. Falar tantas línguas as vezes confundia ela, isso era normal.

(...)

Maraísa já havia subido a algum tempo, depois de uma ligação recebida. Eu permaneci com minha mãe enquanto conversávamos assuntos banais, de maneira superficial. Até que minha atenção retornou a minha esposa, quando a vi descer as escadas com as chaves do carro em mãos.

-Onde você vai? - questionei assim que ela se aproximou deixando um beijo demorado em meu rosto, despedindo-se.

-Resolver um pagamento na boate. - ela sussurrou em meu ouvido, antes de se afastar. Para que minha mãe não ouvisse.

Antes que fosse, a puxei pelo braço.

-Vida, é rápido. - ela disse tentando me convencer a deixá-la ir.

A noite, alguns dos seguranças passavam recebendo o lucro diário no dia posterior das vendas, ou evidentemente o valor contabilizado era transferido pra conta. Porém, aparentemente algo havia acontecido na noite anterior e o pagamento havia atrasado. Eram pagamentos ilegais... o abastecimento de narcotráfico era feito como combinado no início da semana, distribuído para aqueles que faziam as vendas de maneira discreta ainda durante as festas, com o consentimento do dono da boate, qual ganhava 30% dos lucros. O dono aceitava, isso era de fato um bom lucro pra ele, já que as vendas seriam feitas ele querendo ou não, sendo assim era mas conveniente ganhar mesmo que fosse 30% e possuir apenas um distribuidor no local, ou seja, a máfia de Maraísa.

-Vou com você. - eu disse rapidamente e ela manteve-se inexpressiva.

-Não. - a morena me impediu. 

-Eu vou. - a confrontei outra vez.

Maraísa esperou eu vestir algo mais discreto e adequado a temperatura lá fora. Optei por um moletom preto como o seu e uma calça preta. A mafiosa nos guiou até a garagem e destravou uma Mercedes envelopada em preto fosco. Era quase impossível visualiza-la durante a noite, quando os faróis estavam apagados.

(...)

Maraísa dirigiu até a avenida principal e então seguimos pra uma das boates mais movimentadas de Saint Paul, qual a morena atuava com seus negócios.

Seu passe era livre pra dentro do estacionamento privado dentro da boate, tinha autorização para frequentar o ambiente pelos fundos de maneira discreta. A morena colocou um boné preto para esconder um pouco o rosto e sequencialmente segurou minha mão ainda que estivéssemos dentro do elevador. O segurança nos levou pelo meio da festa, em direção ao escritório do dono da boate... Maraísa a todo momento olhava para lugares específicos evitando ser reconhecida.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora