IMAGINAR

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MARÍLIA

Mal chegamos em casa e por incrível que pareça, Maraísa já estava lá. Júlia apenas a olhou desconfiada enquanto a mãe a encarava séria, Lara se manteve em silêncio ao lado da irmã.

Ela me recebeu com um beijo rápido, e sussurrou que já sabia de tudo. Sua expressão não era nada boa e ela parecia bem chateada e frustrada com a situação.

-Vai com calma, ok? - pedi paciente enquanto acariciava seu rosto e ela assentiu.

-Sobe. - ela falou gélido, porém em um tom regulado, direcionado a Júlia.

A garota apenas obedeceu, em silêncio. Com Maraísa era tudo diferente, ela não aumentava o tom de voz, muito menos fazia piadinhas em meio a discussão.

-Você fica aqui. - ela mandou assim que Lara ameaçou acompanhar a irmã.

Maraísa olhou pra mim outra vez e respirou fundo.

-Pode ficar com ela? - pediu paciente. - Eu sai do consultório na  hora que os pais do garoto me ligaram, estavam com ele no hospital.

-Vai lá... - beijei seu rosto rapidamente e me afastei para que ela fosse.

Me sentei no sofá ao lado de Lara que rapidamente sentou no meu colo, deitando a cabeça em meu peito. Minhas mãos foram para suas costas em um carinho lento enquanto ela ainda se mantinha abraçada a mim.

-A culpa foi minha... - ela disse baixo, com a voz embargada. - Se eu tivesse contado a mamãe, Júlia não ficaria de castigo agora.

-Ei.. não fala assim! - a puxei para que olhasse pra mim. - A culpa não é sua. Aquele garoto agiu de forma errada, e as coisas têm consequências. Não estou dizendo que Júlia fez o certo, jamais isso seria aceitável. E ela só precisa ser corrigida por isso, vai ficar tudo bem, ok? - ela assentiu em silêncio, ainda chorosa e com os olhinhos verdes marejados.

JÚLIA

-Não vai olhar pra mim? - mamãe questionou em um tom paciente enquanto eu olhava pra baixo.

Ela estava do outro lado da mesa, me olhando com seriedade e uma expressão furiosa.

-A recepção do hospital infantil de Saint Paul me ligou. Me disponibilizei a arcar com os custos da rinoplastia na fratura que você causou. - ela disse séria.

Continuei em silêncio e ela levantou, caminhando até mim e sentando na cadeira ao meu lado. Seu dedo indicador foi até o meu queixo, guiando para que eu a olhasse nos olhos.

-Por que não me contou o que estava acontecendo com a sua irmã? Eu resolveria o problema. - ela reclamou.

-Ela não me deixou contar. Estava com vergonha e eu não a faria se sentir mais mal do que já estava se sentindo. - a expliquei. - Faria o mesmo se estivesse no meu lugar, não faria? - questionei.

-Eu faria, por mais que fosse errado. - ela disse paciente. - Mas eu não admito que repita isso outra vez. As coisas não se resolvem assim.

MARAÍSA

-Eu sei disso, mas ela ficou tímida. Estavam rindo dela, e eu não podia calar todos eles.

-A quanto tempo isso vem acontecendo e eu não estou sabendo? - questionei paciente.

-Não sei, eu descobri a alguns dias. Ela estava chorando no banheiro da escola no horário de intervalo. - ela respondeu baixo, dispersa. - Contamos pra diretora mas ela não fez nada.

Por Deus, eu estava cada vez mais convicta de que o que ela fez estava mais que correto e apto a situação.

-A diretora me suspendeu, por dois dias. Tenho um trabalho pra fazer e... uma atividade de advertência quando retornar a escola. - ela disse calma, ainda olhando pra mim.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora