GENTIL

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MARÍLIA

Acordei com dor de cabeça, em um quarto escuro.Tateei o ambiente e pude saber que estava em uma cama. Observei que havia um abajur ao lado da cama, e então o liguei. Quando sua fraca luz em tom amarelado se espalhou pelo ambiente, notei que em uma poltrona no fim do quarto havia sombra feminina...

-É assustador, sabia? - minha voz sonolenta soou. - Acordar com você no escuro de um quarto que nunca vi na vida.

Pude ouvir um copo bater sobre a superfície de uma mesa, aparentemente ela bebia algo.

-Tem medo de mim? - ela questionou e pude ouvir a seriedade e rouquidão em sua voz.

-É... acho que sim. - eu disse sincera.

Maraísa me assustada realmente, sua forma gélida e desinteressada de agir me davam medo.

-Tem um comprimido ao lado do abajur, com um copo de água. Beba. - ela me guiou, ainda mesmo que eu não pudesse olha-lá tão bem.

-Para que serve isso? - questionei quanto ao remédio.

-Dor de cabeça, Marília... - ela disse óbvia. - Não vou envenenar você.

-Tem motivos.

-Confesso que existem milhares de formas divertidas e espetaculares pra se fazer isso. - ela caminhou até mim e pude notar sua expressão séria de sempre. - Se eu fosse matar você, não perderia a oportunidade de tornar essa ação mais legal.

Seu silêncio retornou, e eu sentei-me sobre a cama. Analisando agora ela pegar o comprido e aproxima-lo de mim. Sua voz rouca sussurrou para que eu abrisse a boca e em questão de segundos o comprido estava lá.

-Agora tome água , e cala a boca.

Fiz o que ela pediu sob seu olhar controlador e intimidante. Maraísa me analisou por alguns segundos e depois que coloquei o copo sobre a superfície nos encaramos por algum tempo.

Observei sua aparência e agora ela vestia um moletom vermelho, seu rosto agora não possuía maquiagem. Seus lábios rosados eram hipnotizantes, e o coque frouxo combinava com seu estilo casual.

(...)

-Está com fome? - assenti ainda em silêncio. - Vem...

Pude notar que estávamos em um lugar enorme. Assim que a porta atrás de nós se fechou percebi o enorme corredor com cerca de 4 portas do mesmo estilo. Maraísa me pediu pra fazer silêncio e logo descemos a enorme escada...

Era uma casa enorme, com cores fortes intercalando entre o cinza claro, cinza escuro e preto. Aquelas cores e detalhes super arquitetados encaixavam perfeitamente na personalidade de Maraísa interpretada por mim.

-Onde estamos? - questionei confusa e ela revirou os olhos enquanto caminhava em passos lentos ao meu lado.

-Na minha casa em Minnesota. - ela disse enquanto puxava uma cadeira da bancada pra mim.

Assenti em silêncio e ela ficou em pé, na minha frente, do outro lado da bancada. Tirou do bolso um celular e o colocou próximo a mim.

-Pode escolher algo, ou podemos fazer alguma coisa. - ela disse séria, me olhando nos olhos. - Sugiro que escolha a primeira opção se não souber cozinhar, porque eu claramente também não sei.

Sorri de canto e ela retribuiu, mas retornou a expressão séria em seguida. Eu queria receber um sorriso seu, verdadeiro, mas parecia impossível.

Enquanto eu escolhia algo, depois dela escolher obviamente. Pude sentir um cheiro diferente, e logo uma voz feminina soou atrás de mim.

-Seu brinquedinho novo? - Uma moça questionou desprezível.

Em silêncio eu estava, em silêncio permaneci. A ruiva passou por nós indo até a geladeira atrás de Maraísa, abrindo e tirando de lá uma garrafinha plástica de água.

Notei que ela parecia ser mais nova, seus olhos azuis me encaravam com seriedade e sua expressão séria permanecia.

A mulher de olhos azuis sorriu, e pude ver seu olhar fixar na pulseira em meu pulso.

-Por que não a matou? Era só matar, Maraísa... um trabalho bem fácil. - notei que sua voz e expressões relembrava Maraísa.

Observei Maraísa se erguer, se desapoiando da bancada com um sorriso fraco nos lábios.

-Se quiser faço por você. -A ruiva fala.

A morena era mais alta que a irmã e isso facilitava sua dominância física sobre a outra. A vi segurar a garganta da irmã, empurrando-a contra a geladeira e em seguida frases frias soarem com um timbre gélido.

-Uh...Pude ouvir seu sussurro de deboche.

-Não ouse tocar um dedo nela... está ouvindo? - eu não conseguia observar a expressão da mais nova, por Maraísa estar na sua frente, mas seu silêncio era ensurdecedor.

O clima estava tenso, eu podia perceber. Gostava de saber que a psicopata que havia me trago e me poupado a vida, ainda tinha consciência o suficiente para não deixar que me machucassem.

-Não vai questionar sobre minhas ações outra vez, vai beber a merda da sua água e sair daqui. - a morena a soltou. - O cheiro de bebida em você é nojento.

Assim a garota fez, mas antes de sair, sussurrou no meu ouvido enquanto encarava Maraísa nós olhos, a provocando.

-Seja lá o que o universo fez, agradeça... minha irmã não costuma ser gentil ao ponto de poupar vidas inúteis como a sua.

Outra voz feminina foi ouvida, quantas mulheres moravam ali?

-Maiara, cala a boca e vai pro quarto. - ela puxou o punho da mulher próxima a mim e assim que virei para olhá-las, notei em suas mãos alianças iguais. Provavelmente eram casadas. - Ela só bebeu um pouco de mais... não tem sido fácil, você sabe.- explicou a Maraisa que assentiu em silêncio.

Seus olhos intercalavam entre o verde e o azul, eu não os conseguia ver bem pela distância. Seus cabelos loiros e corpo desenhado combinavam com ela...

- A mamãe vem no fim de semana. - ela sorriu forçado. - Quer ver o projeto de psicopata que causa orgulho nela... ou seja, você.

As duas saíram em seguida e por fim estávamos a sós novamente. Maraísa me olhou como se pedisse desculpas pelas falas da irmã e eu assenti compreendendo.

(...)

Eu havia subido pra tomar banho e novamente vesti algo dela. Ela disse que compraríamos roupas no outro dia já que Colômbia estava muito longe pra que pedissem para trazer. Ela me esperou na sala e quando voltei as comidas estavam espalhadas sobre a mesa de centro..ela assistia algo na TV e sua expressão parecia mais calma. Comemos em silêncio e eu comecei a prestar atenção no que passava, já que era a única coisa a se fazer.

Maraísa apertou um botão em um pequeno controle em sua mão, e em segundos as luzes da sala se apagaram, ligando umas mais fracas... tornando o ambiente mais favorável. As cortinas fecharam os grandes janelões, tapando a visão que se era possível ter.

Ricos tinham umas coisas estranhas...

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora