MARÍLIA
Maraísa agora estava em minha cama completamente nua, entre os finos lençóis enquanto já dormia a algum tempo. Seus cabelos castanhos estavam espalhados pelo travesseiro, sua expressão cansada e lábios avermelhados me mostravam que ela não acordaria tão cedo.
Levantei-me vagarosamente após analisá-la por longos minutos e guardar em memória cada traço delicado do seu rosto.
Talvez pela pressa ou instinto, me vi desatenta pegando as roupas pelo chão ainda mesmo com as luzes apagadas... Acabei vestindo sua blusa que de longe eram minhas peças favoritas... eram largas e me trasiam segurança. Seu cheiro intenso ainda estava lá e eu não podia negar que quanto a isso.
Busquei pelo meu celular sobre a escrivaninha e logo caminhei até a sacada, ainda no quarto. Entrei nela e logo fechei a porta atrás de mim, para que a luminosidade do sol não acordasse a mulher que dormia em minha cama.
Já se passavam das 16:00 e o sol já começava a ficar um pouco mais frio. Perdendo sua tonalidade forte e luminosidade impenetrável com o olhar, o tornando cada vez mais fraco.
Aqui de cima eu podia ver tudo lá fora, os prédios, algumas residências comuns e as ruas bem mais que movimentadas, como de costume nas avenidas Goianas. Porém, o barulho no trânsito não me era incomodativo, devido a longevidade suficiente que me tornava isenta de escuta-lo.
Meus dedos deslizaram pela tela do aparelho eletrônico em minhas mãos, onde com a visão eu buscava uma passagem de ida para Ohio. Não havia risco, eu havia me certificado de que dessa vez, Maraísa não ousasse saber. Confesso que foi complicado achar uma para a semana qual estávamos, mas depois de um tempo tive resultados. E por sorte, seria no mesmo dia em que Maraísa embarcasse para Minnesota, onde retornaríamos de vez para por fim morarmos lá como pedido por ela a alguns dias. A morena era um tanto quanto perspicaz, prática... ela cuidou para que tudo, exatamente tudo, fosse feito enquanto passávamos esses dias com meus pais. Desde a mudança das coisas mais necessárias até mesmo a transferência escolar das gêmeas.
(...)
Depois de um tempo busquei um café e fiz ovo pra comer, e como sempre dividi com nino que não saiu da varanda até que eu fizesse o mesmo. Seu olhar atento e demonstração de afeto comigo, mostrava-me cada vez mais que ele sentiu saudades. Estávamos só nós dois, como foi de costume durante meus períodos mais difíceis. Nino era e sempre será meu melhor amigo... ele havia ficado do meu lado quando ninguém mais decidiu ficar. Animais são assim, pra vida toda. E sim, foi nostálgico demais ficar ali por todo aquele tempo e assistir o pôr do sol...
Soltei um suspiro quase inaudível quando senti as mãos delicadas que eu reconhecia tão bem tocarem meus ombros de forma sutil.
-O que faz aqui sozinha? - ela questionou baixo, devido a rouquidão.
Eu apenas sorri de canto a conduzindo para que sentasse entre minhas pernas, deitando sua cabeça em meu peito. Suas mãos outra vez entraram em contato com minha pele, tocando minha coxa enquanto eu podia sentir as suas unhas mesmo que curtas, arranharem de forma lenta e carinhosa.
-Vestiu minha roupa. Como sempre.- ela sorriu de forma desajeitada ao perceber que eu estava vestida em sua blusa. Foi inevitável não sorrir de forma recíproca.
- É.. vesti. Sempre acontece. - afirmei, recitando. Meus lábios tocaram a região do seu maxilar de forma desajeitada, fraca, deixando um beijo rápido na área.
O sol já estava quase sumindo e a tonalidade laranja se perdendo em meio a escuridão que ameaçava chegar. Mas aquela ainda fraca luminosidade, tornava a pele bronzeada de Maraísa ainda mais intensa, seus olhos castanhos mais visíveis, porém um pouco escuros.
-Lembra que eu disse que precisava retornar a Amsterdã? - a relembrei enquanto ela me olhava nos olhos em uma posição desajeitada, ainda em meus braços.
Ela assentiu movendo a cabeça em afirmação, milimetricamente.
-Mas eu não queria voltar sem você. - ela reclamou baixo, de forma tímida.
-Eu prometo que volto rápido. - toquei seu nariz delicadamente, a fazendo sorrir instantaneamente.
Suas mãos buscaram meu rosto, levando-o mais pra perto até que seus lábios tocassem os meus. Nos beijamos por algum tempo, e após terminarmos pude observar seu sorriso inconfundível mesmo que seu rosto ainda estivesse colado ao meu.
-Pode me ligar quando puder? Eu sei que vão ser só alguns dias, mas eu fico com saudades mesmo assim. - ela explicou, me fazendo sorrir também.
Pude analisar seu rosto de forma mais intensa outra vez, minhas unhas arranhavam sua Pele nua enquanto eu ainda podia sentir seu cabelo úmido devido ao banho tomado recentemente.
-Vou ligar. - sussurrei antes dela me beijar outra vez de forma rápida, um selinho.
(...)
Duvidei das habilidades culinárias de Maraísa e ela me provou da melhor forma que realmente sabia do que falava, decidiu fazer uma pizza. Entre brincadeiras idiotas em meio a cozinha, até que nos divertimos bastante, fazendo com que o tempo de espera se tornasse menor. Na hora de fazer as compras online, ela insistiu comprar um vinho tinto. Qual dividamos agora sentadas em minha cama, enquanto assistíamos algo não entediante na TV.
Meu celular tocou e eu tive que levantar pra atender, já que ele não estava por perto. Sai do quarto e deixei Maraísa sozinha por alguns minutos. Minha mãe havia ligado pra informar que ficaria na casa de uns amigos com meu pai, já que lá estava tendo uma comemoração e eles acharam melhor ficar por lá até mesmo por quererem se divertir mais. Sendo assim, me despedi momentaneamente e desliguei a chamada, retornando em seguida para o quarto.
Ficamos na cama por mais um tempo e depois que a pizza ficou pronta, comemos juntas ainda mesmo na cozinha. Entre conversas aleatórias e brincadeiras que passavam um ar de adolescentes apaixonados em um filme romântico da Disney. E sim, ela tinha mais que um ótimo jeito na cozinha e nas escolhas que fazia, desde restaurantes a questões objetivas e práticas do dia a dia. Realmente, Maraísa me era o par perfeito.
-Eu te amo! - ela disse em alto e bom tom assim que me ajudou descer do balcão.
Eu repeti de forma recíproca. A morena me pegou no colo e entre risadas incomparáveis fomos até o quarto outro vez.
(...)
Deitamos de forma confortável, e logo ela colocou uma das pernas sobre mim. Desloquei a mão entre sua cintura e sua bunda parcialmente empinada sobre mim, deslizando os dedos em carinho lento. No escuro do quarto eu podia ouvir sua respiração lenta, baixa e suave... ao mesmo tempo em que podia sentir seus dedos deslizarem pela minha clavícula saltada.
Era bom, ficar em silêncio e tê-la ali comigo.
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LÁ MARFIA -MALILA
Fiksi PenggemarLa Marfia é uma história fictícia onde uma loira acaba ficando sobre o poder da maior mafiosa da América latina. #Marilia #Maraisa #LGBT #Lesbica #Mafia #Amor