CONSENTIMENTO

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MARAÍSA

Casamento pra mim ia além de uma cerimônia luxuosa e cheia de familiares e amigos importantes.

Lauana nunca foi um alguém tão bom, ela era egocêntrica, fria e impiedosa tanto quanto eu. E talvez nosso jeito de ser, nos conectasse de alguma forma. Eu a amei sim, e isso nunca poderia ser negado. Mas... O sentimento era completamente diferente em relação ao que eu sentia por Marília. A psicóloga me transmitia algo puro, sem interesses financeiros ou reputacional. Eu podia olhar nos seus olhos e sentir a sinceridade emocional em cada detalhe expressivo.

Era a primeira e a única vez que eu me casaria na igreja. Religiosamente isso era algo muito importante como mencionado pelos pais da loira. Era uma união única emocional, que permaneceria por todos os anos das nossas vidas, mesmo que um dia fisicamente nos separássemos.

-Eu estou com frio. - ela mencionou baixo.

Estávamos sentadas sobre um fino pano sobre a areia enquanto de longe observávamos o céu estrelado e a vista da cidade que não era tão longe assim. Podíamos ver a iluminação urbana perceptível de longe, mas nem se quer podíamos ouvir o barulho que toda aquela população fazia. Era bom estar em silêncio, ao lado de quem eu amava.

A guiei pela mão para que sentasse entre minhas pernas e apoiasse seu corpo ao meu. Minhas mãos envolveram seu abdômen e meu rosto descansou sobre seu ombro.

-Melhor? - questionei baixo ao seu ouvido e ela moveu a cabeça em afirmação.

Deixei alguns beijos demorados em seu pescoço ao mesmo tempo em que sentia seu cheiro inconfundível inebriar meus pulmões em sequência. Sua mão mantinha-se entrelaçada a minha enquanto repousavam sobre seu abdômen de forma dispersa.

-Nunca imaginei que chegaríamos onde chegamos. - relatou.

Eu confesso que já havia imaginado, e dado o meu melhor para que estivéssemos ali. Eu me sentia orgulhosa por não ter estragado tudo no primeiro mês...

-Eu mentiria se dissesse que não. - sussurrei.

-Lembra quando disse que eu ainda seria sua? - questionou sorrindo, movendo uma das mãos até minha nuca mesmo que de forma desajeitada. - Que precisávamos aprender a dividir as coisas pois ainda nos casaríamos? - ela manteve o sorriso intenso e eu senti as pontas finas de suas unhas arranjarem minha pele.

-Bem... acho que eu consegui. - eu disse quase convicta e ela me fez ter certeza assim que afirmou.

-É você conseguiu... - ela sussurrou.

Ela virou-se de forma paciente, nos deixando em uma posição adequada para que eu a tivesse em meu colo. Com as mãos envolvidas em meu pescoço e a boca colada na minha em um beijo quente e lento.

-Obrigada por tanto. - ela sussurrou em meio ao beijo, enquanto acariciava meu rosto. Eu apenas me mantive em silêncio.

(...)

Depois de um tempo a peguei no colo, nos tirando do chão e a levando pra cama na área externa. Em meio a sorrisos e abraços carinhosos eu me perdi no seu olhar, até que chegássemos aonde queríamos.

Seu corpo se aconchegou ao meu, sua cabeça deitou em meu peito e suas pernas meio que se entrelaçaram as minhas. Eu podia sentir cada parte do seu corpo semi nu, coberto apenas pela lingerie branca vestida mais cedo e uma blusa larga minha.

Eu era a noiva mais feliz do mundo naquele exato momento, eu me sentia extraordinariamente amada. Era inegável o quando tudo aquilo estava me fazendo bem.

Suas unhas arranhava meu pescoço enquanto sua respiração emanava próximo à ele. A lua e as estrelas eram testemunha daquela união estável que tínhamos, prestes a se tornar mais que oficial. As ondas intensas e barulhentas pareciam comemorar tanto quanto eu a felicidade por participar de tudo aquilo.

-E se eu acabar dormindo aqui? - ela soou sonolenta e rouca.

-Eu levo você pra cama. - disse convicta, me referindo ao quarto no interior da cabana.

-E se você me derrubar? - ela questionou e sequencialmente soltou um sorrisinho cansado.

-Eu não vou derrubar você. - ressaltei sorrindo.

-Promete? - questionou erguendo o rosto.

-Prometo. - sussurrei antes de receber um selinho rápido.

Acariciei seu rosto, levando os dedos vez ou outra em meio aos seus cabelos, fazendo um cafuné lento e paciente com o intuito de levá-la ao sono. Fui sentindo aos poucos sua respiração se tornar mais leve. Peguei o celular que estava sobre uma superfície decorativa daquela área, e com a tela em modo escuro fiquei por longos minutos até que seu sono se tornasse mais profundo.

Acidentalmente abri a câmera de uma rede social bem visitada, em câmera frontal pude analisar a feição tranquila de Marília. Seus lábios rosados, seus lindos cabelos loiros espalhados pelo meu ombro, chegando até o tom branco que era predominante nos lençóis da cama. Seu tom de pele um tanto quando bronzeado, a sobrancelha bem feita e o maxilar  bem marcado.

Por Deus... ela era completamente perfeita.

Decidi registrar o momento, seu corpo apoiado sobre o meu e cada detalhe minimamente apaixonante dela foi deixado de forma exposta naquela foto. Minha clavícula nua era parcialmente mostrada, parte do rosto, e os finos e delicados colares em meu pescoço. Iluminadas pelas fracas luzes de velas ao nosso redor, ascendidas mais cedo, e de fato parte da decoração de tudo aquilo.

Eu observei aquela imagem por longos minutos, notoriamente apaixonada por cada parte de nós. Eu estava noiva da mulher que verdadeiramente amava, e eu não podia me sentir mais realizada do que já estava.

Marília não era uma daquelas garotas que passavam cerca de uma semana comigo ganhando fama, me satisfazendo por alguns dias e se tornando enjoativa ao meu ver. Ela não seria meu passatempo deixado em oculto após alguns meses, esquecida por todos e vista apenas como "A passatempo da renomada empresária...". Eu nunca gostei desse termo em relação as garotas, mas bem... ele não mentia.

Mas atualmente, ele era uma farsa. Era usado como uma forma humilhante e ignorante. Marília não era meu passatempo, era minha esperança de presente e futuro. Era minha realidade mais esperada e desejada dentre todos esses malditos anos inimaginavelmente chateáveis. Era o alguém qual eu amava de todas as benditas formas, meu vício mais intrigante, minha insônia persistente e minha paz como um calmante medicado sob receita.

Não falariam dela como achavam que podiam.

Eu tinha seu consentimento, ambas estávamos dispostas a fazer isso. E esse momento espontâneo por mim foi visto como cabível... ela não se chatearia se eu o fizesse, não era?

Feed de notícias ou stories?

Cliquei sobre a opção de feed de notícias e sequencialmente a foto foi postada em minhas redes sociais com por volta de 53 milhões de seguidores. Eu já podia imaginar a repercussão que aquilo seria, portanto coloquei o aparelho no silencioso. Eu não queria ter o meu tempo com aquela mulher tão especial interrompido por ligações das relações midiáticas, assessoria ou quem quer que fosse.

Eu só queria olhar minha noiva por alguns segundos.

(...)

A peguei de forma paciente em meus braços, como prometido. A erguendo sequencialmente, junto à mim.

-Amor... - ela sussurrou sonolenta em um chamado.

-Eu tô aqui. - ressaltei.

Nos guiei para dentro da cabana, a coloquei na cama e a cobri com o edredom preparado pra nós. Assim que terminei de colocá-la em uma posição confortável retornei ao primeiro andar, para trancar a entrada de forma segura.

MARÍLIA

Senti seu corpo encaixar-se ao meu por trás, me esquentando de forma destemida. Me abraçando pela cintura e apoiando o rosto próximo ao meu pescoço. Formando uma conchinha mais que perfeita.

-Eu te amo... - ela sussurrou e mesmo que eu estivesse meio sonolenta respondi reciprocamente.

NARRADOR:

Haviam recebido extremo apoio da família que notoriamente eram todos celebridades, e de inúmeros famosos. Sem contar dos fãs do casal e da empresária em particular, e o do público da ferramenta.

Mas um alguém em especial não havia se sentido bem aquela madrugada... (Henrique Castro)

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora