BRASIL

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1 dia depois...

MARÍLIA

Já era quase manhã quando chegamos ao Brasil. Adentramos um táxi e logo nós encaminhamos de ir até o apartamento dos meus pais. Eu combinei com minha mãe para que ela nos esperasse em casa, para que tudo fosse mais confortável.

O relógio marcava 4:45 da manhã e enquanto eu abria a porta com as chaves que ainda tinha, Maraísa esperava atrás de mim vestida em um casaco GUCCI e dona de uma expressão cansada. Segurei sua mão e adentramos o apartamento em silêncio, colocamos as malas ao lado e fechamos a porta. Minha mãe ouviu o barulho e logo pude avista-la vir até mim, seus braços me prenderam a ela com um abraço cheio de saudade.

-Essa é a Maraísa. - intercalei o olhar entre as duas. - E essa é minha mãe...

Ambas se olharam seriamente e eu mal podia entender.

-Conheço você. - minha mãe disse séria. -Acariciou o nino na praia e me questionou sobre um ponto turístico do rio a exatamente 7 meses atrás.

-Aposto como foi coincidência. - observei a mentira estampada no rosto de Maraísa, o que por outro lado foi convincente para minha mãe. - É um prazer conhecê-la. - As duas se abraçaram confortavelmente.

-A senhora pode ser mais... simpática? - perguntei baixinho ao seu ouvido ao abraçá-la outra vez e ela sussurrou um "desculpa".

-Bem, está tarde, o que acham de descansar e a gente conversar amanhã? " - minha mãe questionou gentil e eu assenti. - Seu pai chega amanhã de viagem. - ela em encarou sincera e alternou o olhar para Maraísa. -e ele está ansioso para conhecê-la.

-Vem, amor... - chamei, a puxando pela mão.

Maraísa estava um pouco tímida mas aparentava está preocupada, o que me surpreendia. Ela retirou as pecas mais desconfortáveis e se juntou a mim na cama, a trouxe para meu corpo deitando sua cabeça em meu peito. Distribui beijos pela sua cabeça e acariciei seu rosto com a mãe livre até vê-la dormir.

RUTH

Maraísa não me era estranha e bons pressentimentos não me vinham dela. Ainda na quase manhã, perdi o sono e me mantive no sofá enquanto bebia uma xícara de café. Ouvi o barulho de uma porta se abrindo e logo avistei Marília caminhar até o sofá e sentar-se ao meu lado.

-Mentiu pra mim, não foi? - questionei. - Eu a reconheci agora por ela está sem óculos e toda aquelas roupas pretas a tornando mais discreta. Mas aquele rosto marcante não me seria facilmente esquecido.

-Eu não sabia que ela havia visitado vocês antes...

-Ela é uma das maiores empresárias do mundo. Ela me esbarrou na praia propositalmente ou foi só uma coincidência? - questionei confusa. - Os argumentos contados por você durante esse 7 meses não batem com suas expressões faciais mentirosas como a que me encara agora.

-Eu posso explicar.

-Eu Espero que sim. -soei severa.

Marília era livre mas me devia satisfações. Sua segurança era minha responsabilidade, e por mais que ela fosse maior de idade e dona das próprias ações, ainda era minha filha e eu a queria bem.

-Como a conheceu? - questionei e ela ousou tentar mentir, a interrompi. - Quero a verdade, não vou impedir você de nada. É dona das próprias escolhas.

-Fui sequestrada em Bogotá a quase 8 meses. - ela disse em um sussurro e pude notar a sinceridade em seu olhar.

-E não pensou em me dizer? Marília você é minha filha!

-Eu sei, eu entendo... mas não queria te preocupar, eu estava bem.

-Como alguém pode estar bem em um sequestro ou depois dele?  Pelo amor de Deus isso é loucura.

-Não é loucura! - ela rebateu de forma insistente. - Ela cuidou de mim, evitou que me machucassem e me respeitou de exatamente todas as formas.

-Ela te sequestrou pra cuidar de você? Por favor! - aquilo era incrédulo.

-Não, ela não. O irmão, mas ele fez por ter motivos.

-Marilia? Você está defendendo um criminoso que poderia ter te machucado dizendo que ele tinha motivos. Por que não os denunciou?!

-Mamãe, apenas escuta, me deixa falar... ela é uma boa pessoa, e os irmãos também.

Respirei fundo e Marília segurou minha mão, aquilo era demais para qualquer mãe em sã consciência...

-Ela me tirou de lá, me levou pra casa dela e me deu um quarto. Construímos uma relação... ela me ensinou tantas coisas, me protegeu e cuidou de mim durante o período necessário.

-E por que não veio embora após isso?

-Porque eu me apaixonei por ela! - ela disse convicta, insistente pela pauta falada. - Mamãe, eu nunca havia sentido nada assim e ela me fez sentir, eu não conseguia olhar naqueles olhinhos castanhos e dizer que iria embora. Eu não podia se quer me imaginar ir embora depois de tudo...

-Marilia... - Eu disse frustada.

-Ela me respeitou de uma maneira indescritível. Ela não invadiu meus limites e ela me ensinou a confiar... ela se importou comigo e pela primeira vez na vida eu me senti amada reciprocamente por outro alguém que não fosse você e o papai. Ela conseguiu juntar todos os pedacinhos quebrados dentro de mim, ela conseguiu mudar o meu mundo preto e branco dando cor a ele outra vez... ela me amou, me defendeu do Henrique, cuidou e continua cuidando de mim todos os dias.

-Você parece uma idiota... - eu sorri.

-E como eu não poderia parecer? Mamãe eu me torno idiota todas as vezes que ela sorri olhando pra mim, eu gosto de ser idiota todas as vezes que ela fala meu nome com tamanho carinho. Eu amo aquele jeito empoderado, irônico e autoritário de forma específica.

-Você voltou a ser adolescente? -Questionei

-É que não existe nada mais lindo nesse mundo do que aquela mulher. - Marília apontou para o quarto referindo-se a morena que agora dormia em sua cama.

-Você a ama mesmo, não é? - questionei baixo.

-Mais do que pode imaginar, mais do que eu posso determinar em medida. Eu amo e assim como a amo, eu amo você. Mas esperava que pudesse nos aceitar, aceitá-la, entender que acima de todos os erros é ela a mulher com quem eu quero tentar ter algo de verdade.

-Eu tenho uma criminosa em casa? - questionei baixo após alguns segundos a encarando.

Marília respirou fundo, soltando minha mão.

-Sim. - minha filha afirmou frustrada. - Não me faça escolher entre seus medos temerosos pela minha segurança, e ela...

-Escolheria ela? -A Questionei.

-Sim, eu escolheria ela. - Marília soou convicta em um tom baixo, em seguida levantando-se e fugindo do meu campo de visão.

NARRADOR:

Marília se sentia mais segura com a mafiosa, do que com os próprios pais...

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora