TE APOIAREI QUANDO AS COISAS DEREM ERRADO

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NARRADOR:

Haviam chegado durante a madrugada e por isso optaram esperar amanhecer e por fim aparecer na casa da família Prado. Marília desceu do carro e reservou dois quartos, um para Almira e Arielle, outro para ela e Maraísa. Depois de pagos, as mulheres entraram e de forma fácil e desvista, Maraísa fez o mesmo.

A viagem havia sido longa e cansativa. E talvez o mal humor de Marília tivesse sido incentivado devido a isso e ao leve resfriado que agora tinha.

(...)

MADRID-ESPANHA

7:35 da manhã...

A mafiosa entrou no carro acompanhada da loira, ainda em silêncio, como vinha desde a noite passada. A loira apoiou o rosto no ombro de Maraísa, que deixou um beijo rápido em sua cabeça. Estava paciente e cuidadosa até demais, o que até mesmo surpreendia Almira.

Suas mãos livres, lado a lado se entrelaçaram.

(...)

Ambas caminharam em direção a enorme casa contemporânea. Bem detalhada e discreta, mesmo que luxuosa.

Maraísa tocou a campainha e esperou em silêncio, enquanto tinha o olhar atencioso e curioso da loira ao seu lado. Uma senhora atendeu a porta e seus olhos marejaram instantaneamente. Se abraçaram rapidamente ao mesmo tempo em que Marta sussurrava algo em espanhol.

-perdón" - a loira pediu em espanhol e Marta assentiu em silêncio, com um sorriso indescritível.

-Entrem, está frio aí fora. - a mulher disse em português e Marília agradeceu por isso.

Estava mesmo frio, e ainda chovia forte. A mais velha cumprimentou a psicóloga que gentilmente e educadamente foi tratada. Marília sentiu que incomodaria por estar na casa da senhora, e agora com a ex esposa de sua filha. A situação por inteira foi bem contraditória ao que a loira imaginava, foi bem recebida e se sentiu em casa como pedido por Marta.

-Onde estão as crianças? - Maraísa questionou ao mesmo tempo em que tirava o sobretudo branco.

-Saíram com a Simaria. - a senhora disse paciente, sentando-se no enorme sofá que compunha a sala.

Era tudo bem moderno e decorado, parecia algo pensado já que tudo ali se interligava pela cor ou pelos pequenos detalhes .

MARÍLIA

A senhora e Almira pareciam se dar bem, já que conversavam em tremenda harmonia. Maraísa sentada ao meu lado, me puxou para ela, abraçando-me de lado.

-Ainda está com dor de cabeça? - ela questionou baixo e eu neguei.

A loira respirou fundo e chamou Marta, avisando que iria até o escritório onde como dito pela senhora, Henrique estava.

MARAÍSA

Caminhei em passos lentos e quando abri a porta vagarosamente, sem fazer barulho, avistei Henrique.

Ele estava pensativo, debruçado sobre a mesa apoiando-se pelas mãos estendidas a ela. Eu não podia ver seu rosto, mas podia imaginar o quanto mal ele podia estar.

Me aproximei aos poucos e notei que ele estava parcialmente molhado, ouvi sua respiração descompensada e aquilo doeu.

-Henrique... - o chamei falho e ele rapidamente olhou.

Seus maxilar travou e os azuis dos seus olhos se tornaram um pouco mais escuros, intensos. Um sorriso sofrido surgiu em seus lábios e ele foi reprimido por opção própria. Henrique moveu-se apenas para sentar-se, e nada mais.

Ele desviou o olhar e eu pude perceber que o havia quebrado. E provavelmente não houvesse conserto.

-Como foi capaz? - ele questionou rouco, falho

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-Como foi capaz? - ele questionou rouco, falho.

-Precisei.

-Precisou... - ele sorriu de canto, forçado. - Não pensou em como me deixaria, em como suas filhas ficariam e em como atrapalharia a gravidez da Luísa. - ele gritou, levantando-se e batendo as mãos na mesa.

-Eu não podia dizer, Henrique. - tentei explicar.

Eu devia respeito ao Henrique, já que foi ele quem me "criou". Desde minha adolescência até minha vida adulta, Henrique cuidou de mim e me ensinou tudo que agora sabia. Eu não o desrespeitaria ou ergueria a voz a ele.

- Júlia não dorme a dias, Lara não come direito. Elas são só crianças! - ele disse sério. - Depois de semanas, somente hoje, Simaria conseguiu incentiva-las a passear. Eu não precisei contar, elas descobriram quando tentaram ligar pra você e número não existia, quando pensaram por dias que voltaria e nada se quer apareceu.

-Henrique...

-Cala a boca, Maraísa! - ele gritou.

O moreno de olhos azuis respirou fundo e desviou o olhar de mim.

-Podemos conversar outra hora? - questionei baixo e ele assentiu.

-Estou feliz que tenha voltado, mas preciso ficar sozinho agora. - ele olhou pra mim outra vez. - Espero que entenda.

Eu sai daquele cômodo o deixando sozinho. Eu entendia sua revolta assim como entendia a revolta de Marília quando me viu, entenderia também a raiva de Maiara, o aborrecimento de Luísa e a indiferença que Marco demonstraria nos próximos meses. Eu sabia como todos eles agiriam, e eles tinham motivos para isso.

Sentei na poltrona da 2º sala, e levei as mãos ao rosto, ao mesmo tempo em que fechava os olhos e respirava fundo.

Talvez eu houvesse destruído o psicológico das minhas filhas e arruinado a vida dos meus irmãos. Talvez eu tivesse perdido Henrique ou o feito me odiar.

MARÍLIA

Depois de procurá-la, a avistei em um cômodo do segundo andar. Ela tinha o olhar gélido, e uma expressão frustada.

A loira me olhou de relance e pude perceber que ela continuaria em silêncio. Engoliu em seco e seu maxilar se tornou mais aparente, ela tinha as próprias mãos entrelaçadas enquanto brincava com as joias em seus dedos. Maraísa era fria ao ponto de não me deixar saber se estava feliz, triste, ou retendo qualquer outro tipo de sentimento.

-Amor. - a chamei em um sussurro após me aproximar e segurar em suas mãos, abaixando-me. - Está tudo bem? - toquei seu rosto ao ver seus olhos castanhos escurecerem.

Ela negou em um movimento milimétrico.

-Promete que não vai embora? - ela questionou baixo e embargado. E foi ali que entendi, ela não estava bem.

-Você nunca ficará sozinha, ficarei com você. - acariciei seu rosto. - Te apoiarei quando as coisas derem errado. Amor, eu continuarei aqui.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora