"CUIDADO COM A BARRIGA DA MAMÃE"

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MARÍLIA

Maraísa me levou pra casa no dia posterior, sempre com cuidado e extrema atenção. Ela era de longe a melhor esposa do mundo, cada detalhe de ação sua, me surpreendia. No começo do nosso relacionamento, lá no início, confesso que carregava um receio de que aquilo não daria em nada, que eu acabaria voltando pro Brasil e seguindo minha vida. Porque convenhamos, Maraísa não era uma pessoa fácil de lidar, era uma criminosa gélida e calculista. Mas... estando ao seu lado, aumentando nossa família e vendo o que ela fazia por mim e pelas nossas filhas, era completamente contraditório ao meu pensamento retrógrado. Cada dia ela me dava mais motivos concretizastes de que ela era minha melhor escolha, a pessoa certa para seguir até meus últimos suspiros de vida.

-Meu amor, para de ser teimosa. - ela reclamou quando revirei os olhos em birra. Se fazendo de cínica em relação ao que verdadeiramente me irritava.

Sentei-me no sofá e ela sentou-se ao meu lado, repousei a cabeça em seu ombro e entrelacei minha mão a sua. Eu recusava-me a ir pra cama, estava exausta de ficar trancafiada em cubículos. Mas era necessário, e ela carregava a responsabilidade disso. Entretanto, o que me irritava agora era sua falta de noção quando a atendente do drive thru simplesmente flertou com ela na minha frente, e ela não fez absolutamente nada.

-Como você está? - Anitta questionou com um sorriso magnífico, inclinando-se para tocar meu abdômen.

-Ela está bem... já voltou a me xingar. - soou patética, levando-me a belisca-la. - Você para, isso dói!

-Você cala a boca! - reclamei e ela olhou-me séria, mesmo querendo argumentar manteve-se calada.

-Como sempre... "um Pinscher na coleira." - Henrique zombou da morena, que ainda encarava-me querendo discutir, mas mantinha-se silenciosa.

O homem de olhos azuis entregou-me uma garrafinha descartável de água, e eu sorri gentil sussurrando um agradecimento.

-O que foi? - questionei enquanto ainda era encarada pela morena ao meu lado. Eu bebia vagarosamente o líquido e ela observava-me.

Selei seus lábios com um selinho rápido, e foi o suficiente para vê-la sorrir de canto, sem mostrar os dentes. Entrelacei nossas mãos livres como outrora e repousei novamente a cabeça em seu ombro quando a entreguei minha água.

-Cansou de gritar? - perguntou baixinho após beber o líquido, enquanto brincava com as joias em meus dedos.

-Por Deus! Você também provoca... - rebati a fazendo sorrir. - Maraísa!

-Não me chama assim! - reclamou erguendo-se do sofá, com chateação, me deixando a encarar.

(...)

Depois que toda aquela implicância finalizou, ela entrou no banho comigo, mesmo que brigávamos as vezes, ainda assim era inevitável cessar o afeto. Maraísa lavou meus cabelos, e os secou depois que fomos pro closet. Vesti um dos seus conjuntos moletons, e calcei um tênis já que buscaremos as gêmeas na escola.

A morena pegou as chaves do Tesla, o carro que mais vinha usando ultimamente, e enfim nos guiou até a garagem subterrânea. Adentrei o veículo enquanto ainda a olhava, confesso que lá no fundo ainda sentia uma pontada de ciúmes e raiva por ela não ter feito nada. Eu não costumava ser assim, mas aqueles hormônios estavam me deixando louca.

-Para de me olhar assim. - disse paciente quando ligou o veículo e observou-me.

O portão eletrônico se erguia aos poucos, mostrando vagarosamente a saída. O sol lá fora já tinha intensidade menor, entretanto a ventania era mediana, causando uma leve sensação de frio. Sua mão repousou em minha coxa e um beijo foi deixado em minha boca, na tentativa de levar-me a mudar o humor.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora