LÁ MARFIA -MALILA

EMBRIAGADA

MARÍLIA

Já era noite em Londres. Anitta havia chegado durante a tarde assim como Henrique... Seu humor se tornou ácido e péssimo desde que encontrou a modelo e o empresário que tanto guardava remorso na entrada do cassino. Ohana era um dos seus maiores desejos, mas o motivo da dor que vinha acumulando.

Nos deparamos com a visão deplorável da morena de olhos verdes descendo as escadas com uma garrafa de whisky Bourbon em mãos, enquanto pronunciava algo estressada. Aparentemente havia visto alguma matéria recheada de questionamentos quanto a sua vida amorosa.

-Todo mundo está o tempo todo perguntando, quando você vai encontrar alguém? Você quer ter filhos? Nunca. Eu quero ser solteira, divertida, louca, rica... pra sempre. - Anitta disse irritada enquanto descia lentamente as escadas.

A expressão de Maraísa não era tão favorável. Aquilo era transparecido de forma severa, tanto eu quanto Henrique notamos sua chateação revelada a posição em que Anitta se colocava. Alcoolizada em um lugar que todos buscavam por um só vacilo, um mínimo deslize para acusar, julgar e destruir uma reputação inteira.

-Quem deu bebida pra ela? - questionou séria eu e Henrique apenas nos olhamos rapidamente.

Um dos seguranças no início do corretor movimentou-se indicando que caminharia até Anitta, para impedir que aquilo se tornasse um acidente ou uma discussão.

-Fique aonde está. - a morena soou séria.

A empresária se manteve de pé enquanto olhava Anitta ainda sobre a parte alta da escada, com a garrafa de whisky erguida enquanto o líquido adentrava sua boca e sequencialmente ela engolia.

-Estou aproveitando minha juventude. - Anitta deu um sorrisinho fraco após alguns segundos sendo observada.

-Aprenda a diferença entre aproveitar a juventude e destruir seu futuro. - Maraísa soou gélida.

A mais nova engoliu em seco, enquanto com a garrafa em mãos se mantinha observada pela mãe.

-Tem uma coletiva de imprensa nos aguardando. Daremos entrevistas e responderemos questionamentos em algumas horas e você se encontra em um estado deplorável e vergonhoso. - ela soou rígida.

Anitta tentou argumentar mas foi impedida, em seguida deixando um sorriso delicado e provocador escapar dos seus lábios.

-Está aqui a algumas horas e já transou com duas mulheres diferentes, xingou alguns jornalistas e se embriagou. - mencionou paciente, mas expressivamente com raiva.

A mafiosa falava enquanto caminhava em direção a garota quase no topo da escada. Eu podia ver a irritação em Maraísa demostrada em sua postura rígida, severa e educadora. Suas falas frias me passavam a personalidade da "CARLA" qual eu também tinha medo, mesmo que não expressasse.

-Dane-se. Quem se importa com isso? - a morena disse dispersa. - O que foi? Eu te irritei? Mamãe.

Maraísa acelerou os passos a imprensando contra a parede, tendo uma das mãos a pressionando pra trás enforcando-a pelo pescoço.

-Forget that girl. - (esqueça aquela garota.) - ela mencionou pausadamente, severa, em um tom ríspido.

NARRADOR:

Anitta fechou os olhos por alguns segundos e ao abri-los encarou os castanhos intensos e irritados com um pouco mais de seriedade, buscando não irritar ainda mais a figura materna que tentava mantê-la na linha.

-Ou o que? - questionou baixo tentando não soar provocadora, mas aquilo soou desrespeitoso ao ver de Maraísa.

-Não vai querer saber do que eu sou capaz. - ela soou paciente.

A morena de olhos verdes de forma desajeitada levou a garrafa a boca e ingeriu mais um gole enquanto olhava nos olhos da mãe.

-O mataria, não mataria? - Maraísa questionou baixo.

-Sem pensar duas vezes. - ela soou convicta, mesmo que bêbada. - As provocações feitas direcionadas à mim foram como um gatilho, me embriagar é uma fuga.Você também faz isso, mas mesmo assim não sou como você.

-Eu minto e mato, fiz serviços pra assassinos e mentirosos a troco de algo que eu desejava muito. Era sempre por um desejo. - mencionou. - Você finge não ser igual a eles... - apontou para Henrique e os seguranças. - Finge não ser parte das piores atrocidades que cometemos, apenas por não ter derramado uma gota de sangue. Mas eu sei do seu extinto de vingança, eu observei cada passo seu. Eu estive analisando cada dia da sua vida. E na verdade você é bem pior que eles... - apontou outra vez. - Você é igual a mim.

Anitta a olhou paciente, tendo em mente de que tudo aquilo era verdade.

-E isso nunca irá mudar. - ela soou séria.

Por alguns segundos Anitta se manteve pensativa, engoliu em seco e manteve o olhar fixo ao da mãe. Mas tudo aquilo passou quando seus olhos se fecharam por milésimos segundos e um sorriso fraco surgiu em seus lábios após engolir a verdade goela abaixo.

-Serious, mother? - (sério, mãe?) sorriu de canto. - Você deve estar orgulhosa.

Maraísa tentou se manter paciente e retirou a garrafa das mãos da filha. Organizando sua roupa em seguida e aproximando se bem pouco a fazendo dar-lhe atenção outra vez.

-Se você conseguir se manter calma em uma situação negativa, você vence. - a morena sorriu. - É assim que funciona seu ego.

-Espero que o seu esteja à altura, ao menos para que não estrague sua própria vida. - soou ríspida. - Ou vou quebrar o pescoço daquela modelo idiota e fazer com que assista.

Anitta retirou o sorriso do rosto imediatamente.

-Sai da minha frente. - mandou ríspida ao se afastar de certa forma.

A morena de olhos verdes apenas assentiu, se direcionando ao andar superior outra vez.

MARÍLIA

-Saiam. - Maraísa disse ainda irritada.

Henrique se levantou tomando um rumo e levando os seguranças consigo. Busquei o olhar da morena em busca de uma menção sua caso quisesse que eu saísse também. Mas apenas um sorriso fraco deixado por ela me fez entender que não.

-Desculpa. - ela disse em um sussurro, observando a vista através do janelão, enquanto se mantinha na escada.

-Passou um pouco dos limites... - mencionei ao me aproximar, subindo as escadas. - Sabe disso, não sabe.

Ela assentiu em silêncio, me olhando calma.

Subi um degrau acima do seu e a abracei por trás. Repousei o rosto em seu ombro após deixar um beijo rápido em seu pescoço, e envolvi sua cintura com meus braços.

-Posso responder algumas perguntas e em troca tomar o tempo em que ela assumiria. - sugeri. - Vamos deixá-la descansar, não deve ser fácil ver quem ama desfilando por aí com um outro alguém.

-Vão questionar sobre a ausência dela.

-Bem... não pra nós. - eu sorri antes de beijar sua bochecha. - Não sabem que ela está conosco, nem que existe laço familiar entre vocês.

-Quer mesmo fazer isso? - ela questionou baixo.

-Quero. - Respondi calma.

-Me promete que vai responder apenas aquilo que for perguntado com educação e for confortável? -Pediu.

-Por que se importa tanto com o que vou sentir em relação ao mundo lá fora? - questionei curiosa.

Eu tinha uma mão repousada sobre seu ombro, e logo pude sentir uma das suas se repousar sobre a minha. Puxando-a para deixar um beijo demorado.

-Porque eu sempre vou proteger você. - ela respondeu baixo. - Eu mataria por isso.