ELE CHUTOU...

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NARRADOR:

-Amor... - chamou baixinho, enquanto ela ainda acariciava seus cabelos e a mantinha abraçada.

-O que? - questionou paciente.

-Não sai, por favor... - pediu sonolenta devido às medicações. - Fica aqui, tá bom?

-Não vou sair. - respondeu baixinho.

Seus toques gentis eram feitos com cautela, premeditados.

-Você promete? - questionou em súplica, antes de cair no sono outro vez. E tudo que pode ouvir, -mesmo que soasse em balbúrdia nos seus pensamentos foi: "Eu prometo".

(...)

Kathy e Maraísa estavam sentadas lado a lado no meio da madrugada. A empresária ingeria uma bebida quente e era analisada pacientemente pela obstetra qual havia medicado pessoalmente Marília a alguns minutos atrás.

-Ela é muito importante pra você... - disse baixinho, ao acomodar-se melhor, encostando-se no encontro do sofá. -por que?

- É... ela é. - disse convicta, ao afastar o copo de café dos lábios, o pondo sobre o móvel ao lado. - Acontece que... Marília, se deu a oportunidade de me conhecer melhor. E diferente de muitos, ela decidiu ficar... mesmo com todos meus defeitos.

Maraísa respirou fundo quando notou a médica ao lado, focada e atenciosa enquanto ouvia tudo aquilo.

-A minha esposa... é a minha maior aliada. - disse convicta, em um tom orgulhoso pela relação. - Ela foi a única, que pode me dar a chance de merecer amor. Ainda que eu fosse uma péssima pessoa, de caráter rígido e ações duvidáveis, confiou em mim.

Respirou fundo, e relaxou no estofado. Ao lado da médica, que exalava cansaço, mas ainda assim, a ouvia com toda dedicação e curiosidade.

-E quando eu a vi em perigo... meu mundo literalmente desabou. - disse sincera. - Eu me senti transtornada.

Seu interior ainda ansioso afirmava todas as palavras ditas, ainda sentia medo.

MARAÍSA

Depois que Kathy retomou seu trabalho devido o plantão, Marília chamou-me como da última vez. Ainda rouca e com a voz arrastada, então caminhei até a maca outra vez. Deitei-me ao seu lado como outrora, pedido novamente por ela. A envolvi em meus braços, confortando-lhe da melhor maneira possível enquanto tentava levá-la ao sono outra vez.

-Você disse que não ia sair... - resmungou arrastado.

-Precisavam medicar você. - expliquei. 

Ela cobriu-me com seu edredom, qual Ohana havia trago de casa, e agarrou-se a mim. Como se pudesse impedir-me de afastar-me dali.

NARRADOR

Na manhã seguinte, Maraísa ajudou Marília a tomar banho após retirarem a bolsa de sangue já vazia e a cânula. Foi mais fácil assim, e por isso aproveitaram o curto tempo antes que Liz fosse chamada novamente para refazer as medicações necessárias e a aplicação de mais uma bolsa de sangue.

Maraísa a ajudou se vestir. Algo confortável e largo, um dos seus moletons adorados por Marília. A coloração branca da peça, fortalecia seus traços agora mais avermelhados devido a melhora crucial que as transfusões sanguíneas a vinham fazendo.

Marília sentou-se entre as pernas de Maraísa, na poltrona móvel do quarto. Qual tinha a parte de encosto um pouco derrubada. O corpo feminino da gestante confortou-se no corpo da esposa, enquanto Maraísa segurava-a a abraçando pela cintura.

-Quer comer ou beber alguma coisa? Eu peço pra comprarem. - sussurrou ao seu ouvido enquanto Liz realizava uma limpeza superficial.

-Ainda não, vida. - respondeu baixinho. Enquanto sentia os beijos fracos deixados em sua bochecha, de forma carinhosa.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora