REINO UNIDO ?

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MARAÍSA

-Vida... - chamou sonolenta, e após colocar Léo no berço móvel ao lado, aproximei-me acariciando seu rosto. - Deita aqui comigo.

Deitei-me ao seu lado, encaixando-a por trás enquanto tínhamos visão do Léo deitado. Abracei sua cintura, enquanto tinha sua cabeça encaixada na curva do meu pescoço, inebriando-me com o cheiro sútil do shampoo de caramelo.

NARRADOR

-Ele.. - foi interrompida pelo falar baixo de Maraísa.

-Está tudo bem. - sorriu mesmo que Marília não pudesse ver. - Kathy disponibilizou leite materno do hospital na última hora. Não precisamos fazer nada agora, apenas deixá-lo quietinho.

-Obrigada. - sussurrou baixinho, enquanto Maraísa fazia cafuné. - Sempre sabe o que eu vou falar...

-Eu conheço você melhor do que imagina.

Já se passava da meia noite, em algumas horas Marília receberia alta. Apenas precisava finalizar o soro e assinar algumas papeladas. O que Maraísa faria por ela, por ser casada e responsável por ela em condições não apropriadas.

-Reino Unido... - sussurrou.

-Quer ir pro Reino Unido? - questionou baixinho, deixando um beijo na bochecha da esposa.

-É. - respondeu paciente. - Eu...Você e os nossos filhos. - sussurrou.

-Por que escolheu o Reino Unido? - questionou.

Marília não queria dormir, e Maraísa notava bem isso. Conhecia suas mínimas expressões, e sempre que podia solucionar um de seus problemas. Fazia.

-Quero mais dias... como os que tivemos. - respondeu baixinho. - Dessa vez com a Anitta e o Léo.

(...)

Não demorou muito após a liberação da loira, para que Maraísa mandasse organizarem a casa no Reino Unido. Só poderiam ir após alguns dias, devido à mudança de pressão que poderia ocasionar algum mal ao bebê durante o voo. Portanto, optaram rapidamente em dar a ele uma semana, como recomendado. Além do mais, seria o suficiente para que a mansão fosse organizada, e para que Anitta desse um basta em seus trabalhos ainda pendentes.

A enorme suíte master no último andar da mansão, aquele mesmo qual era aberto, aparentava agora organizado. Um cheiro leve de lavanda, e roupas de camas novas. Cortinas trocadas, na mesma tonalidade.

Maraísa tomou um banho demorado, enquanto Marília ficou no quarto com o filho e a filha mais velha. Secou os cabelos lisos, e os prendeu em um coque rápido. Vestiu uma lingerie de seda, e sobre ela um robe em tonalidade branca.

-Tira um tempinho pra você. - Maraísa sussurrou ao sentar-se na cama, avistando que a esposa já estava sozinha com a criança. - Eu fico com ele.

Marília sorriu gentil, em um gratificante olhar de agradecimento.

(...)

Vestida naquele robe branco, Maraísa caminhou já sozinha para a área externa do andar. Tudo que podia ver era o céu já parcialmente claro, devido a chegada do sol... já era quase manhã. As árvores balançavam suas folhas vagarosamente, devido à neblina e a ventania fraca.

Seus olhos fitaram o garotinho em seus braços, enrolado a uma manta vermelha. Vestido em roupas no mesmo tom. Ele abriu os olhinhos e enquanto parecia estar nos braços do paraíso, permanecia a encarar a mãe.

O sorriso de Maraísa foi tão emocionante, e nostálgico como quando teve as gêmeas nos braços pela primeira vez. Como quando Anitta a abraçou, por vê-la viva após tantos tiros.

-Você é especial. - sussurrou com um sorrisinho orgulhoso. - A sua mãe me deu a razão da vida... sabia? - questionou enquanto tateava o rosto delicado e masculino. - E ela me deu você.

O garotinho era tão pequeno, mas parecia entender tudo, enquanto olhava-a aparentemente atencioso. Seus olhinhos castanhos brilhavam como os da figura materna, e ela sorria... sorria como se fosse o sol em seu mundo tão novo e pequeno.

-Eu queria que o vovô conhecesse você.. e conhecesse ela. - falava sozinha, mas ele parecia ouvi-la. Escutar todas suas mágoas. - A vovó também gostaria de ver você... mas ultimamente ela não tem sido boa pra nós. Bem, a muito tempo pra falar a verdade.

Sentia a necessidade de ter os pais ali, mas Almira já não era como costumava ser. E seu pai era impossível.

-A vovó eu não sei... mas o vovó está olhando pra gente. - ela disse antes de olhar para o horizonte e avistar uma constelação bem conhecida por ela. - Ele disse que tentaria encontrar aquela constelação, e que quando eu sentisse saudades do seu abraço... deveria olhar para ela.

"Ele estaria lá".

-Acho que a minha voz está entediando você, não é? - ela questionou sorrindo com os olhos marejados, quando o garotinho fechou os olhos sonolentos e bocejou.

-Não. - Marília contradisse sua fala. - A sua voz acalma ele.

As mãos femininas e delicadas que tanto amava, a cercaram pela cintura. Abraçando-a por trás. Logo pode sentir o rosto feminino e delicado apoiar-se em seu ombro, enquanto ainda olhava para o bebê e era vista pela bendita constelação.

-Acalma-o tanto... - sussurrou baixinho em seu ouvido, enquanto podia abraçá-la confortante. - Que ele se sente seguro, pra fechar os olhos.

Sentiu os lábios macios selarem seu pescoço em um afeto magnífico de amor.

-Assim como eu. Ele se sente seguro em seus braços. - mencionou fechando os olhos, e inalando o perfume que exalava do corpo bronzeado.

Marília pode deslizar a ponta do nariz por toda extensão descoberta pelo robe. Inebriando-se com o cheiro qual apaixonava-a, sentindo a pele qual a prendia de maneira sórdida.

-Amamos você como nunca foi capaz de imaginar ser amada. - sussurrou.

O sorriso no rosto de Maraísa era involuntário, tanto quando as lágrimas que já escorriam por ele sem controle algum. Em um choro silencioso.

-Você é o meu mundo. - sussurrou com a voz arrastada e doce, pressionando a cintura qual envolvia em um abraço. - Você é simplesmente tudo pra mim. Você, as meninas e o Léo.

O beijo selado uma outra vez, levou Maraísa a fechar os olhos e inclinar a cabeça. Se abrisse os olhos, daria de cara com o céu fracamente iluminado, qual dava espaço ao dia. Entretanto, preferia manter-se escondida no escuro, enquanto sentia apenas os toques femininos que levavam-a ao paraíso sem precisarem sair do lugar.

-O silêncio sempre foi o seu grito mais alto. - Marília sussurrou. - E escutar você sempre foi minha salvação. Apenas diga.

Descansou a cabeça no ombro feminino, dando-se a oportunidade de permanecer ali enquanto fechava os olhos. Ter Maraísa e o filho em seus braços, foi o que almejou tanto nesses últimos meses.

-Lembra da frase que me disse? "A Luz pode ser encontrada até mesmo no mais escuro inferno" - Marília sussurrou em seu ouvido, esquentando-a com seu corpo.

-Você foi a luz no meu inferno pessoal. - soou convicta, com a voz arrastada e rouca pelo choro silencioso.

-Bem... posso dizer o mesmo, meu amor.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora