PERDEMOS O CONTROLE

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10 horas depois...

BOGOTÁ-COLÔMBIA

NARRADOR:

O frio noturno no parque em Goiânia cooperava com a saudade de um corpo que agora fugia como louco pela Colômbia. O sangue que percorria o corpo da loira de alguma forma impulsionava a vontade de viver na mafiosa.

A sede de vida, a sede de afeto corroíam a alma da morena que ansiava pelo corpo feminino amado e pelo afeto das filhas, pelo cuidado da família.

Maraísa caminhava agora pelos corredores do bunker enquanto homens a seguiam.

Os cômodos pegavam fogo, apagando as evidências de existência da bela morena. Seus laços familiares eram cortados, números telefônicos apagados e celulares destruídos...

O testamento agora se tornava mais que oficial, as herdeiras Pereira subiam ao pódio.

Uma de suas mães descansava no alto de uma colina, como desejou. Pediu uma vez a Maraisa que se morresse primeiro, desse a ela a chance de ver o nascer e o por do sol todos os dias... já agora, a outra mãe apenas desejava e almejava vê-las outra vez.

Maraísa só não podia ouvir Lauana sussurrar que a morena estava prestes a voltar para casa pois anjos como a ex esposa não podiam voar até o inferno com ela.

(...)

Marília analisava a mesma lua desejando que estivesse tudo bem onde quer que fosse que sua agora "família" estivesse.

Almoçava com sua família materna na área externa de casa e enquanto eles conversavam ela se perdia nos pensamentos de um futuro de volta dito breve por Maraísa, mas que no fundo ele parecia tão irreal.

Tocou sobre o bracelete de ouro com rastreador em seu braço e respirou fundo.

"Nunca retire isso, é minha forma de estar com você."

Sorriu de canto e sentiu um aperto no peito.

HENRIQUE

-Eu não quero perder o controle. - ela disse falho.

Meu peito ardia como chamas no inferno. E seus olhos castanhos marejados me faziam gritar pedindo que parasse.

-Olha pra mim! - eu disse severo e ela me olhou chorosa. - Não vou deixar que destruam nossa família, está ouvindo?

Uma lágrima deslizou por seu rosto delicado e eu a limpei com a delicadeza que merecia.

-Não vou deixar que acabem com tudo! Vamos suborna-los.

-Não vão aceitar, Henrique. - ela disse falho e por mais que aquilo fosse verdade eu me negava a acreditar.

Recusei escuta-la dizer que estava tudo bem e que coisas assim aconteciam.

-Pode cuidar delas como cuidou de mim? - ela pediu paciente e eu com os olhos marejados recusei.

-Voce cuidará delas.

Ela sorriu de canto me abraçando forte e eu me senti uma figura paterna perdendo seu tempo, perdendo sua criação.

-Leve elas ao parque no fim de semana e assista filmes bobos aos domingos... diga sempre a Lara que ela é linda e importante, ela já tem problemas com a autoestima. Ensine a Júlia que demonstrar amor nem sempre seja tão ruim... diga a elas que são livres para amar quem quiserem assim como eu fui. Que são livres para tudo desde que estejam felizes e respeitem Maiara, Luísa e você.

-Cala a boca, Mara... - eu disse baixinho.

"Shh..." foi sussurrado por ela.

-Elas me disseram que queriam um cachorro, e bem...agora o trabalho é seu de dar um a elas. A... e não esquece de avisar ao Marco que fiquei orgulhosa por ele.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora