O NOSSO FIM...

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NARRADOR

"QUEM SERIA CAPAZ DE AMAR UM MONSTRO?"

Muitos questionaram o amor de Marília no início. A fortuna avaliada no nome dos Pereiras chegava a contabilizar bilhões, e ela era tão nova pra guardar um amor tão grande assim, tendo coragem o suficiente para expô-lo ao mundo. Por outro lado, Carla era uma figura tão perigosa, como poderia dizer com todas as palavras que a amava? Se revelar esse sentimento poderia causá-la a própria morte?

Nada disso foi empecilho para sua voz profana diante do mundo em confissão. Seu amor era maior.

-Tudo que você tem que fazer é admitir.

-Você é louca! - Almira soou em impaciência.

-Sim, Sim! - gritava em desprezo, avançando os passos vagarosamente, levando a própria mãe a recuar. - Eu sou um monstro imoral, sem coração. E é por isso que você trouxe Arthur do fundo do poço pra me matar! Admite!

-Isso não é verdade! - elevou o tom, ainda recuando em passos lentos.

-Você sabe o que fez! Admite! - soou raivosa, em grosseria.

-Não admito! - Almira respondeu.

-VOCÊ ME QUERIA MORTA! - gritou em profanidade, levando Almira a se arrepiar por completo. Admita.

-Talvez... - sua voz soou baixa em confissão.

Quem poderia amar um monstro?

Quem poderia amar alguém que em sequência, continuamente se colocava em um pedestal de proteção. Quem poderia amar alguém com aquela insegurança terrível, com aquela violência exuberante?!

-Eu só sei lidar com a dor retribuindo ela! O mundo não gira sozinho, eu o giro com minhas próprias mãos. - dizia enquanto tinha as mãos ensanguentadas, segurando a faca qual perfurava o peito masculino do homem em seus braços. - Eu sou o próprio Karma.

-Vocês já conheceram mulheres maus antes. - Henrique mencionava tendo os braços cruzados e os olhos azuis intensos atentos. - Mas a que vão conhecer hoje, é o Diabo."

-Se ousar questionar sobre mim outra vez, corto sua língua, coloco-a lá fora e assisto os urubus comerem. - ela sussurrou ao ouvido da menor, enquanto olhava o irmão nos olhos.

Mas havia alguém, havia alguém disposto a amar aquele coração raivoso e podre. Havia alguém disposto a tornar seu mundo preto e branco em uma linda pintura de Picasso. Em uma bela paisagem vivida. Alguém com uma pureza tão notória a persuadiria de uma forma tão pertinente que seria capaz de fazê-la render-se. E essa pessoa sempre foi a loira que vivia no centro de Bogotá após uma desilusão amorosa qual dilacerou seu coração.

Aquele pequeno corpo escultural levava a mafiosa a loucura, a perdição mais pecaminosa e abominável. Ao desejo profundo, libertando em seu interior a devoção mais admirável, o tesão mais insano. Aqueles olhos castanhos a sequestrava do mundo, a tiravam da realidade e a levavam a um mundo só delas. Um lugar belo, tranquilo e seguro que a necessidade de Maraísa sempre buscou. Aquele coração genuíno e amoroso, mesmo quebrantado, chamava pelo seu afeto, gritava em escândalo pelo seu amor.

-VOCÊ DEIXA UMA TRILHA DE CORPOS EM TODO LUGAR QUE VOCÊ PISA! - Maiara gritou em euforia.

-Não faça do meu corpo... mais um da sua trilha. Marília comentou.

Marília era uma santa com lábios de pecadora. Era um anjo com um beijo diabólico. Pessoas eram como velas, que queimam a si mesmo para iluminarem outras pessoas. A loira estava mais que disposta a incendiar-se para dar a Maraísa a luz que precisava.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora