"BICHINHO FEIO E BURRO"

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MARÍLIA

O relógio já marcava cerca das 13:00 e estávamos quase todos na cozinha enquanto Maraisa interagia com o resto da família. Ela estava apoiada ao balcão enquanto eu estava apoiada em seu corpo, de certa forma abraçada a ela.

-Por que colocou as meninas de castigo? - Maiara questionou confusa ao pedir para levá-las a um passeio e Maraísa não permitir.

-Brigaram outra vez. - ela explicou.

-Estávamos no carro, indo pra escola... - Henrique apareceu, se direcionando até a geladeira. - E elas simplesmente começaram a discutir por absolutamente nada. Já passou da hora de você intervir.

-E eu vou fazer o que? - ela questionou óbvia. - Gritar com elas? Porque já conversei horrores, não tenho nem voz pra isso.

-Quem sabe parar de dar exemplo. - ele alternou o olhar entre Maraísa e Maiara. - Brigando pela casa como gato e cachorro.

Maiara revirou os olhos e Maraísa sorriu de canto. Mas era verdade, o exemplo estava se tornando atitudes, e as atitudes se tornando hábito. Quanto mais longe isso fosse, mas comum se tornaria, e isso seria visível muito mais vezes.

-Concordo com o Henrique. - mencionei e Maraísa me olhou rapidamente. - Que foi? Vocês parecem gato e cachorro mesmo, é o dia inteiro gritando pra lá e pra cá.

-Está se tornando rotineiro e elas estão aprendendo junto. - Luísa comentou. - Vocês já são mães e parecem duas crianças no auge da pré escola.

-Já sei, Mara. - a ruiva falou pela primeira vez. - A gente marca horário.

-Mas você não pode se atrasar, caso contrário não dá tempo de colocarmos tudo em pauta. - Maraísa respondeu de forma paciente.

-Desisto, não tem jeito. - a Luísa rebateu, pegando a bolsa sobre o balcão e eu sorri.

Acompanhamos Luísa e Maiara até a ultrassonografia morfológica, onde finalmente descobririam o sexo do bebê e teriam atualização sobre a gestação. Luisa já estava com mais de 20 semanas, e isso já era mais que necessário para saber e avaliar o tamanho do bebê, monitorar os batimentos cardíacos e identificar possíveis malformações.

MARAÍSA

Estávamos na sala de espera de um dos melhores hospitais de Saint Paul em Minnesota, cidade em qual vivíamos atualmente. O tempo de espera não seria devidamente longo, porém os exames incluídos para o dia, sim. Marília tinha a cabeça deitada em meu ombro enquanto mexia no celular, Luísa se mantinha em silêncio e Maiara apenas aparentava estar calma. Mas eu sabia que não estava, ter o papel materno era um dos seus maiores desejos e... eu sabia que por dentro ela estava mais que apavorada e insegura de não realizá-lo da forma correta.

-Está tudo bem, ok? - sussurrei ao seu ouvido de maneira discreta.

Ela assentiu em silêncio e sorriu de canto.

(...)

O celular de Marília começou a tocar insistentemente. Ela levantou-se e me puxando pela mão, nos levou pra fora da sala de recepção, onde era proibido fazer telefonemas. Ficamos no corredor por alguns minutos até que a chamada encerrasse, ela tinha uma expressão bem confusa e completamente surpresa.

Ao finalizar a ligação, a loira me olhou de forma duvidosa.

-O que foi? -Questionei confusa.

-É... a escola das gêmeas, Lara pediu que ligassem pra mim. - ela disse surpresa.

-Vai precisar ir lá, não é? - questionei e ela assentiu um pouco tímida. - Ela confia em você, caso se sinta confortável em ir, tudo bem.

-Tudo bem mesmo se eu for? - ela questionou duvidosa.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora