TALASSOFOBIA

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MARAÍSA

Marília estava ocupada. Eu havia sugerido que ela entrasse em contato com o resto da família ou amigos se assim quisesse, ela por fim aceitou.

Eu estava sentada na varanda externa enquanto observava a bela vista do mar com ondas intensas que vinham até a areia e se desfazia em seguida. O sol já começava a esquentar, eu podia sentir.

-O que faz aqui sozinha? - Maiara sentou me abraçando de lado.

MAIARA

-Pensando. - ela disse antes de deixar um beijo na minha testa e envolve-me em seus braços.

-Sobre o que? - questionei paciente e ela respirou fundo.

-Percebi que estou num limbo... entre a pessoa que nasci pra ser e quem realmente me tornei.

-Gosto de quem você se tornou. - eu disse sincera e ela me encarou.

-Na semana passada matei 13 homens.  - eu a olhei surpresa, perplexa. - Um por um...

Entre abri os lábios enquanto tentava formar uma frase, mas era impossível.

-Ok... esquece o que eu disse. - engoli em seco. - Você precisa de terapia, isso não é normal. - ela sorriu de canto. - O que eles fizeram?

-Um deles me olhou sério e disse: Um dia você encontrará um homem poderoso que te colocará na linha. ela dizia com convicção e suavidade. - Eu apenas sussurrei a ele: meu bem, eu sou a mulher poderosa e...sou eu quem me coloco na linha. - ela suspirou pesado. - O fim você pode imaginar como quiser.

-Você realmente odeia homens...

Ela negou com a cabeça.

-Não odeio homens... eles são legais. - ela disse com um sorriso convincente. - Mas eles precisam entender que estão abaixo de mim. E não devo resposta aos seus achismos ou questões internas quanto a mim.

-E isso te faz pensar que? - questionei após alguns minutos em silêncio.

-Que eu poderia ser alguém diferente. - ela me olhou tranquila. - Sem mortes, sem manipulações ou chantagens. Sem me preocupar com a polícia a todo segundo.

-É... poderíamos. Mas o que nos resta é subornar a polícia e durante certos meses ser alguém socialmente aceitável na mídia em questão das empresas legais, por fim nos outros meses, sermos apenas criminosas com identidades ocultas.

A vida de Maraísa era como um filme, comparada a joia rara no meio das pessoas, sua visibilidade era enorme em alguns países. Principalmente na Inglaterra... Andar por Londres era como ter o mundo nas mãos, aonde quer que ela fosse sempre havia uma área VIP, nunca pagava as bebidas e sempre tinha homens a segui-la para fazer proteção.

Maraísa tinha tudo. Mas ao mesmo tempo nada...

Quando estava em casa era apenas um alguém vazio, cheio de questionamentos. Uma mafiosa com crimes impecáveis e hábitos insaciáveis.

MARAÍSA

Enquanto eu observava a vista com Maiara, pude notar que Marília chegava a areia com uma das gêmeas, no caso Lara.

-Você parece uma adolescente idiota. - comentou após alguns minutos e pude notar que eu já olhava demais.

Um sorriso involuntário escapou.

Marília era linda... fodidamente linda. Seu corpo extremamente torneado, esculpido e bronzeado era divino.

-Talvez... - Concordei com ela.

O mordomo serviu a mim e Maiara uma dose de whisky e por alguns minutos me perdi analisando a loira brincar na água com uma das gêmeas.

Pude ouvir a voz rouca e severa de Júlia soar próximo a mim.

-Olha só... - ela debochou alternando olhar em mim, Maiara e as duas garotas na água.

Revirei os olhos e ela subiu no meu colo procurando uma posição confortável.

-Não quer ir pra água? - questionei e ela negou com a cabeça.

Júlia tinha talassofobia. Só entrava na água quando estava comigo e nunca podíamos ir longe ou profundo demais. Nem mesmo Maiara ou Luísa eram pessoas que ela confiava tal segurança contra este pavor. Bem, esse passeio era bem mais favorável a Lara do que a ela.

-Vou ver se a Luísa precisa de algo. - minha irmã comentou após algum tempo, saindo em seguida.

Julia que brincava com as joias em minha mão, e hora ou outra dedilhava minha tatuagem um pouco abaixo da costela, a contornando com seus delicados dedos.

- Você gosta dela? - ela se referiu assim que observou Marília.

-Sim... -Confessei.

-Ela faz você sorrir sem esforço. - Júlia comentou com um tom doce, rouco. - Também gosto dela.

Acariciei seus cabelos e deixei um beijo demorado em sua cabeça.

-Ela faz bem pra nós.

(...)

Julia havia corrido pra dentro quando Maiara mencionou algo atrativo na visão da pequena. Aproveitei o tempo, e por estar de biquíni apenas retirei a roupa superior e fui pra água. Notei que o olhar de Marília era intenso sobre mim, tanto ela como a pequena em seus braços me encaravam com tranquilidade.

- Mamãe... -Lara chamou paciente.

-Oi meu bem.. - respondi atenciosa e ela deixou Marília, vindo para o meu colo.

Suas mãos circularam meu pescoço e suas pernas se envolveram em minha cintura. Beijei seu rosto e ela deitou a cabeça em meu ombro. Marília sorriu de canto com a atitude e a puxei um pouco mais pra perto com a mão livre. Sua mão segurou minha cintura de uma forma desajeitada por conta de Lara, e minha mão livre se apoiou em seu ombro a mantendo perto.

MARÍLIA

Senti seus lábios tocarem minha pele em um beijo demorado sobre minha bochecha.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora