LAGO

222 28 1
                                    

EDU

A loira me deixou a sós com sua esposa no enorme cômodo, após deixar um beijo no canto da boca dela, e então subir primeiro. Maraísa me chamou e me posicionei diante dela.

-Precisa de mim? - questionei atencioso como sempre.

Ela pareceu notar minha expressão cansada, e então foi breve.

-Está dispensado, pelo resto do dia e consequentemente a noite. - relatou e eu assenti inexpressivo, como sempre. - Mas antes de ir, pode me fazer um favor, Edu?

-Sim, senhora. - a respondi educado, como era meu dever.

-Peça algo pra minha esposa, efetue o pagamento digitalmente. - ela pediu paciente, mencionou um restaurante japonês e em seguida me liberou.

MARAÍSA

Os pais de Marília também estavam cansados, devido ao parto de Luísa na madrugada e a saída de Marília. Ambos se mantiveram na suíte, assim como minha irmã e sua esposa. Marco em breve chegaria e as crianças teriam aula de francês, então eu não tinha preocupações durante o dia. E por fim, Anitta já era grande o suficiente para lidar com suas relações afetivas.

Após analisar Edu sair pela porta de vidro, subi as escadas pacientemente em direção ao quarto. Os corredores do andar estavam parcialmente escuros, e a climatização parcialmente fria. Adentrei o quarto e escutei o barulho do chuveiro, Marília estava no banho.

Fechei as cortinas e me sentei na cama, enquanto aguardava a loira sair do banheiro. Depois de um tempo, isso aconteceu... pude notar sua expressão cansada, os cabelos presos em um coque frouxo e os lábios rosados como sempre. Enrolada em uma toalha, deixando seus traços únicos ainda mais notórios.

-Marco levou as crianças, não precisa se preocupar. - a avisei, assim que ela caminhou em direção ao closet.

-Amor? - ela questionou baixo, em um questionamento do porquê ter decidido isso.

-Você está exausta, e aquilo tudo demoraria. - a expliquei e ela revirou os olhos. - Da pra parar de exigir demais de si mesma?

Ela sorriu de canto, e em seguida caminhou em direção ao closet. Não demorou muito para que retornasse, vestida em uma blusa larga minha, na tonalidade vermelha. Por fim busquei a comida no andar principal assim que me notificaram que havia chego, e então aguardei Marília comer com paciência enquanto analisava cada detalhe apaixonante seu.

MARÍLIA

Ao contrário de mim, Maraísa pegou no sono rapidamente. Eu a tinha deitada praticamente sobre mim, era sempre assim...

Sua cabeça deitada em meu peito ao mesmo tempo em que eu fazia carinho em sua nuca, afastando vagarosamente os cabelos. Evidentemente foi fácil levá-la ao sono assim. Entretanto, me perdi inúmeros minutos enquanto sentia sua fraca respiração emanar em meu pescoço... eu sabia o quanto ela se sentia segura comigo, e o quanto nossa relação tinha evoluído. Ao contrário do passado, agora ela se sentia mais liberal em relação à mim, conseguia perder aquele calculismo notório e baixar a guarda sem mesmo perceber.

Maraísa confiou em mim, e eu cumpri com a promessa feita a mim mesma, de nunca, em hipótese alguma magoa-la.

Eu conhecia seu passado traumático em relações afetivas, conhecia seu emocional quebrado e suas crises de ansiedade. Presenciar uma delas no início de tudo, foi a porta aberta para dar-me liberdade de ajudá-la e entendê-la melhor. Mesmo que não fosse de forma profissional.

Indiretamente, cada ponto pra mim em específico, era de suma e extrema importância. Eu tratava todas as suas ações sejam elas impulsivas ou calculadas de maneira paciente, deixando assim, evidente a ela que tinha liberdade de agir comigo sem pressão. Dando entender a ela, de que não precisava perder sua essência para que eu estivesse ao seu lado. Entretanto, aos poucos eu tentava incentiva-la perder toda essa violência, o que era um tanto quanto problemático e complicado devido a sua vida inteira ser baseada nisso.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora