MARAÍSA
Horas e horas cansativas, era o que revelava o período gestativo de Marília. O enjoou vinha diminuindo gradativamente, entretanto estava ficando sensível. Tudo a levava a um choro repentino, má interpretação e completa falta de afeto. Mas eu sempre buscava adaptar-me melhor, para lidar com ela e ser a esposa que precisava naquele momento.
A loira tinha o rosto escondido no meu pescoço enquanto me abraçava, sua mão repousava sobre minha cintura enquanto nossas pernas aparentavam entrelaçadas. Eu acariciava sua nuca vagarosamente, arrastando os cabelos e deixando beijos demorados em sua testa. A luz do sol emanava no último andar, qual era aberto. Podíamos sentir a temperatura dele aquecer-nos, mesmo que ele acabasse de aparecer. Era por volta das 6:15 da manhã, e ele costumava nascer ás 5:55. E enquanto mantínhamos-nos ali, eu me perdia em seus olhos...
Aqueles olhos castanhos, lindos como momentos diurnos ensolarados. Que me observavam agora com doçura e inocência. Olhos esses que desviavam-se dos meus sempre quando os fixava, com exacerbada intensidade afetuosa. Ela ainda se intimidava comigo... mas não por medo.
O toque lento deixado em minha face com a palma da mão parcialmente gélida, e macia, trouxe-me de volta a realidade, depois de perder-me em seus traços viciantes.
-Eu estou com medo. - sussurrou baixinho, enquanto encarava-me. - Medo de que enjoe de mim...
"Sempre me disseram que o amor era um sentimento mortal... Só nunca pensei que morreria por causa dele". - recitei a frase do seu filme preferido. Qual assistíamos juntas a algumas semanas.
Adentrei um pouco mais seus cabelos loiros, arranhando lentamente sua nuca. E pude sentir sua respiração controlada aparentar-me insegura.
-Eu não minto quando digo que morreria por você. - sussurrei em seu ouvido. - Eu te amo... e não, em hipótese alguma eu sugeriria nem mesmo que fosse em pensamento, enjoar de você.
Beijei sua testa deixando a mostra todo afeto existente em mim. Marília estava insegura, e os hormônios alterados, provocando a mudança drástica de humor favorecia gradativamente sua ideia errônea.
-Esquece essa bobeira, ok? - pedi baixinho e ela sussurrou positiva.
A intensidade solar começava aumentar, e então chamei ela para entrarmos. Tomamos banho juntas antes do café da manhã e então comemos ao ar livre, próximo ao lago. Pedi no dia anterior para que organizassem isso, já que ficar trancada em casa era um pesadelo pra ela.
-Amor... - chamou calma enquanto eu tirava vagarosamente as bordas do pão, porque ela tinha uma mania de não comê-las. - E os problemas com o Shawn?
Sua mão em minha perna mantinha um carinho vagaroso, enquanto eu permanecia atenciosa em colocar seu café da manhã.
-Resolvi. - respondi singela, sem muita explicação. - Ele não vai mais nos incomodar, tão pouco proferir ameaças a você.
Observei Marília levar o copo com líquido amarelo e sabor suave até a boca, engolindo um gole pequeno.Maracujá era seu sabor predileto, além do mais era um dos poucos que não causava ânsia de vômito. Ela parecia melhor, fisicamente. Suas olheiras já não eram notórias, estava conseguindo dormir melhor nas últimas noites. Sua pele também estava mais corada, e bem, sua alimentação vinha se regulando aos poucos.
Permanecemos aquele tempo mediano em silêncio, enquanto comíamos pacientemente. Depois de um tempo, Edu retornou até mim. Eu havia pedido a ele que preparasse o jato, partiríaamos pra a ilha em algumas horas. E essas horas já haviam passado. Eu daria a Marília alguns dias de sossego, longe dos dias agitados na mansão, somente nós duas em nossa ilha.
MARÍLIA
Recordei-me dos nossos primeiros momentos, de quando estivemos na ilha pela primeira vez. Quando eu ainda questionava seu caráter, duvidava das suas falas e assustava-me a cada passo premeditado dado por ela.
Agora então, sua mão repousava sobre minha cintura de forma carinhosa. Enquanto seu corpo encaixava-me por trás. Seu rosto delicado apoiava-se em meu ombro enquanto sentíamos a brisa arrepiar nossas peles quentes. A lancha navegava em velocidade mediana, quando já podíamos ver a ilha e a enorme casa. Sua respiração controlada, deixava-me calma, e as vezes ela deixava beijos afetuosos em meu rosto.
Deitei-me de certa forma, ao inclinar a cabeça e descansa-la em seu peito. Respeitei fundo e o ar indolor da natureza foi como meu primordial paraíso.
-Está cansada? - questionou carinhosa e eu neguei paciente, logo senti seus lábios tocarem minha bochecha outra vez, em um beijo rápido.
Maraísa podia dar-me o mundo, e eu sabia disso. Tínhamos controle de tudo, na palma das nossas mãos. No tom de voz utilizado, e nas palavras ditas. Todos seguiam nossas ordens, e tanto quanto ela eu tinha autonomia para ordenar. E dentre todo esse poder tido por ela, o que mais me encantava era sua devoção à mim.
Não importava quem era, Carla ou Maraísa, aquele corpo escultural e alma invejável era minha. Tudo nela pertencia à mim, assim como tudo em mim pertencia a ela.
Senti sua mão tocar meu abdômen, fazendo um carinho sútil enquanto eu mantinha-me presa em seu abraço seguro. Aquilo foi tudo que imaginei viver, nem mesmo que fosse em outra vida. E por um milagre divino, ou escrito no destino, aquele momento se concretizava em nossa história. Eu estava nos braços do meu verdadeiro primeiro amor, enquanto carregava nossa criança.
Edu ajudou-nos descer na lancha e sequencialmente com o resto dos homens levaram o necessário em poucas malas para dentro da grande casa. Maraísa permaneceu abraçada a mim, com a mão em minha barriga. Enquanto aguardávamos que eles saíssem e retornassem a cidade. Ficaríamos sozinhas, mas eles estariam próximos o suficiente se precisássemos de algo.
-Quer fazer o que agora? - questionou atenciosa, e então virei-me de frente para ela.
-Só... ficar com você. - disse em confissão, em um tom baixo e convicto.
Seus lábios selaram os meus em um beijo terno, calmo e afetuoso. Eu podia sentir-me viajar pela galáxia com um mínimo toque seu, mesmo estando com os pés em solo. Maraísa levava-me a lugares desconhecidos, com uma segurança inquestionável. Seu amor, e laço de afeto sempre estaria comigo. Não importava onde quer que estivéssemos.
Eu estava com extrema saudade do seu corpo nu, e estávamos liberadas pra termos relações sexuais. Com cuidado, de fato. Queria internamente levar isso a diante, mas estava fraca demais pra ter forças. Minha imunidade vinha sendo cuidada, meu emocional era mudável e meus hormônios estavam em extrema alternação. A maternidade não era fácil como costumavam romantizar.
-Eu te amo. - disse baixinho, olhando em meus olhos, quando afastou-se para respirar-mos.
Por Deus, eu a queria tanto. Mas não conseguia agora, talvez em outro momento. E era grata por saber que ela entendia isso, e mais que ninguém, respeitava.
-Não esqueça nunca disso. - sussurrou em convicção, com um sorriso espetacular que retirou-me dos pensamentos.
-Eu nunca vou esquecer. - respondi baixinho, antes de sussurrar que também amava.
Ela mantinha o sorriso, e eu podia ver o quão lindo e afetuoso ele era. Eu queria mesmo que nossa criança tivesse cada mínimo detalhe seu, para que nunca, em hipótese alguma, deixasse aqueles belos traços se apagarem.
Sabe aquela sensação de "borboletas no estômago"? Bem, Maraísa as criava em mim. E diferentemente de outros amores, ela não as matava em sequencia.
Sentou-se no sofá quando caminhamos até ele, e eu mantive-me de pé por alguns minutos. Suas mãos firmes seguravam minha cintura, enquanto seus lábios carnudos beijavam meu abdômen de maneira afetuosa. Ela sorriu outra vez, e puxou-me para sentar em seu colo. Com uma perna de cada lado, sentei-me.
Beijei-a outra vez, antes de repousar minha mão em seu ombro e deitar meu rosto entre a curva do seu pescoço, escondendo-me ali enquanto ela abraçava-me.
-Eu nunca imaginei que um sequestro traria-me a felicidade eterna. - mencionou. - Eu me casaria com você milhares de vezes, por repetidos milênios.
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LÁ MARFIA -MALILA
FanficLa Marfia é uma história fictícia onde uma loira acaba ficando sobre o poder da maior mafiosa da América latina. #Marilia #Maraisa #LGBT #Lesbica #Mafia #Amor