NADA CONTENTE

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NARRADOR:

O sol já se fazia presente a algumas horas quando Marília acordou. Maraísa estava abraçada a ela como no fim da noite que tiveram após saírem do banho e deitarem-se. A loira se desvencilhou da noiva aos poucos até conseguir sair da cama... tomou um banho demorado e em seguida após se arrumar e notar que Maraísa ainda dormia, saiu do quarto certificando-se que a empresária estava bem coberta.

Em algumas horas, as duas se encontrariam com uma estilista francesa, qual já havia montado o look e ambas para o evento na próxima noite, onde hoje apenas provariam e se certificariam de que tudo estava como planejado.

Como isso aconteceria na parte da tarde, Marília não se deu o trabalho de acordar a morena com carinho como sempre fazia, evitando que ela tivesse um péssimo humor durante o dia. De fato, Maraísa odiava ser acordada, mas isso era de certa maneira amenizado quando era Marília quem fazia o ato. A psicóloga a deixou em paz pelo resto da manhã, que descansasse.

Ao descer as escadas, passar pelo corredor e chegar a primeira sala, Marília encontrou Anitta deitada no sofá enquanto Maiara que aparentemente havia chegado durante a madrugada, acariciava seus cabelos.

-Vocês são tão... - ela foi interrompida ao tentar mencionar.

-Não seja mais uma a dizer que somos instáveis. - a ruiva relatou entediada.

-Vocês são instáveis e impulsivas. - Disse Luísa.

-É... eu não ia dizer isso, mas faz sentido. - a psicóloga disse meio confusa. - Bem eu não dou a mínima, só não gritem como costumam fazer. A Maraísa está dormindo.

-Você é insuportável quando se trata dela. - revirou os olhos e deu um sorrisinho de canto.

Marília apenas sorriu fraco e se manteve paciente no que fazia ao celular. Sentou-se na poltrona da sala e enquanto contatava a equipe no prédio, recebia informações de como as coisas seriam conduzidas.

-Aposto quanto quiserem que ela levanta... - a morena de olhos verdes pareceu pensativa. - Em menos de 30 minutos.

-Não quero perder dinheiro apostando ao contrário. - a loira disse certa.

-Eu ainda estou aqui... - Marília ressaltou enquanto digitava no celular.

-Quando você estrala os dedos, ela corre? - Maiara questionou chamando a atenção da psicóloga que logo colocou o aparelho de lado e focou na pergunta. - É que ela parece aqueles cachorrinhos Pinscher... apegada com a dona, e o diabo com o resto dos seres humanos.

-Você é péssima. -Marilia respondeu paciente ao se levantar.

Maiara sorriu de canto juntamente de Anitta, adoravam provocar Marília. Não importava o momento ou a situação. Aquilo não soava como falta de respeito ou afeto, era apenas um meio de interação que tinham desde que se conheceram e não viam problema naquilo.

MARÍLIA

Eu estava sozinha na cozinha, enquanto colocava suco em um copo. Ao colocar a jarra sobre a superfície outra vez, me vi olhar através da janela e observar o quanto tudo parecia mais lindo em Londres. O sol não estava tão forte, carregava junto aquela fraca neblina de inverno.

Levei o copo com o líquido amarelo até a boca, e em seguida senti o gosto não tão adocicado com sabor de laranja.

(...)

Confesso que não foram exatamente 30 minutos, um pouco mais. Para que eu sentisse as mãos delicadas que eu reconhecia tão bem me envolverem por trás e aquele corpo magnífico se encaixar ao meu.

-Bom dia. - ela sussurrou ao meu ouvido, antes de deixar um beijo em meu pescoço.

Eu podia sentir aquele perfume marcante e forte exalar. Ao olhá-la de relance notei como estava muito linda. Os cabelos longos soltos e ondulados. Uma maquiagem fraca e uma roupa de grife, como sempre costumava usar.

-Escondeu bem a marca no seu pescoço. - ela sussurrou.

Antes que eu pudesse responder a voz irritante de Maiara soou outra vez, no cômodo em que agora estavamos.

-O diabo realmente veste Prada. - pude ver a ruiva sorrir de canto.

-O diabo odeia ser contrariado pela manhã. - a morena desvencilhou-se de mim lentamente. - Deveria saber disso, irmãzinha.

Maraísa sussurrou ao meu ouvido que pegaria suas coisas pois sairíamos logo. Ela disse ter outras pendências pra resolver depois do objetivo principal.

(...)

Chegamos a um prédio de área cercada, no centro de Londres. Era uma área pouco movimentada, completamente pertencente ao estilista que nós atenderia aquela manhã. Aguardamos um tempo na recepção e sequencialmente após longos minutos fomos guiadas até o andar principal.

Foi relevantemente demorado, provamos as roupas e acertamos as medidas que precisavam ser ajustadas para que estivesse tudo em perfeito estado, como exigido por Maraísa. Era um trabalho magnífico feito por aquela mulher, realmente suas obras eram impecáveis e o mundo reconhecia isso.

Eu desci primeiro com Bruno, enquanto Maraisa ficou conversando em francês com a mulher, o que se quer eu não entendi uma só palavra.

MARAÍSA

Depois de um tempo desci com a assistente da estilista, uma também francesa que expressava sua honra em estar na minha presença. Esses momentos eram sempre entediantes, mas ela era legal, eu não me sentia incomodada.

-Entrarei em contato quando tudo estiver pronto. - ela disse assim que chegamos a parte aberta do prédio, ao caminharmos lado a lado em passos lentos e ritmados.

Seu sotaque ainda era presente, mesmo que morasse em Londres a alguns anos. Eu conhecia o trabalho incrível da empresa qual ela era funcionária, e bem... consequentemente ela também.

Observei em frente e vi Marília conversar com um homem, Bruno não estava próxima a ela. Somente o homem de olhos marcantes e azuis como o oceano, cabelos pretos e corpo aparentemente não tão atlético, mas bem desenhado. Pele clara e estilo de vestimenta social.

-Da pra ver o anel que eu coloquei na mão dela? - questionei dispersa enquanto ainda encarava a cena. - Ou precisaria de uma pedra de diamante maior.

-Acho que aquela é o suficiente, impossível não ver. - a ruiva ressaltou em bom tom.

NARRADOR:

A morena se aproximou deixou a assistente pra trás, estendendo a mão para cumprimentar o homem.

-Me chamo, Sebastian - o homem comentou calmo e deixou um sorriso fraco escapar.

-Maraisa Pereira. - ela segurou sua mão firmemente, notando a tatuagem sobre ela.

-Estávamos falando sobre o cachorro... - a noiva comentou, e o homem ressaltou que o animal havia gostado dela.

-Eu também tenho um cachorro. - Maraísa comentou com expressão de poucos amigos e voz paciente, porém Marília conheceu o tom de frieza.

-Sim, o Tyson. - mencionou. - Podemos vê-lo, está com a Simaria não está?

-Não é uma boa ideia. - a morena disse paciente com o olhar disperso. - Você deve estar cheirando a outro cachorro, ele não vai gostar.

Maraísa se afastou com um sorriso forçado no rosto, era notório seu ciúmes bobo. Marília pode notar sua postura diante da situação e tentando reverter se despediu do homem e seguiu a noiva.

MARÍLIA

-O que foi? - eu disse a segurando pelo punho.

-"O que foi?" - ela repetiu com a voz infantil e debochada.

Seu maxilar ficou marcante e me encarando por alguns segundos, me deu liberdade para notar sua expressão nada contente e confortável no exato momento.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora