LÁ MARFIA -MALILA

EU NUNCA QUEBRO PROMESSAS

MARÍLIA

Ao chegarmos em casa, Maraísa pediu que eu entrasse e a deixasse cuidar daquilo. Soou patético, e em vão...

-Não mesmo. - a rebati calmamente.

-Amor, eu não quero que se envolva com nada disso. - ela tentou ser convincente.

-Tudo que se trata de você, me envolve de certa forma. - eu a interrompi. - Então não me peça que deixe de te ajudar apenas por querer me isentar disso.

-Meu amor.. - ela tentou outra vez, levando a mão até meu rosto em um toque delicado.

MARAÍSA

-Se eu não vou tocar nisso, você também não vai. - a loira me interrompeu. - Coloca de volta no carro! - a psicóloga disse séria, apontando em direção a porta do veículo que ainda permanecia aberta.

Em outra ocasião, a alguns anos atrás... Eu a desmaiaria e supriria minhas vontades. Entretanto, eu confiava nela, e sabia que estava certa. Fiz então o que mandou e em seguida a loira entrou dentro de casa, pedindo a Jimmy que desse um jeito nisso. Observei ela subir as escadas e sumir do meu campo de visão em seguida.

-Vai logo atrás dela... - minha irmã comentou paciente e baixo, enquanto tentava fazer Madi dormir em seu colo.

Subi as escadas e adentrei o quarto em seguida, observei a psicóloga por um tempo enquanto ela se mantinha sentada na cama com o rosto escondido entre as mãos. Ela parecia calma, porém nada confortável com o que havia acontecido momentos antes, na garagem.

-Ei... - chamei baixo, me aproximando aos poucos. - Está brava comigo?

-Sim. - respondeu rapidamente.

-Pouco? - questionei insegura e ela permaneceu sem olhar pra mim. - Muito? - tentei outra vez e assim recebi seu assentimento positivo em resposta.

-Desgruda, Maraísa. - a loira retirou minha mão de cima do seu corpo, quando ousei toca-la.

MARÍLIA

Eu estava sim, chateada com ela. Pelo fato de ter se colocado em todo esse risco e ainda ter achado que eu a culparia se algo desse errado. Por achar que eu deveria me isentar dos riscos e deixar tudo somente em suas mãos.

Recusando minha decisão, a morena sentou-se atrás de mim abraçando-me por trás. Apoiando seu rosto em meu ombro ao mesmo tempo em que seus braços envolviam minha cintura.

-O que te chateou? - ela questionou baixo.

-Você. - respondi séria. - e os seus achismos.

-Ok.. - ela pareceu compreensiva. - Podemos resolver isso agora, ou quer espaço?

Me peguei pensativa por alguns minutos e cheguei a conclusão de que não queria que ela me soltasse. Queria sua presença, seu afeto e sua compreensão.

-Não quero espaço. - respondi um pouco mais tranquila.

Senti seus beijos fracos se espalharem pelo meu pescoço e em seguida por meu rosto, mesmo que lateralmente, pela posição que nos encontrávamos.

-Desculpa, se te magoei ou se algo soou arrogante. Eu só queria proteger você e sempre farei isso, não importa o que esteja em pauta no momento. - ela se explicou. - Marília você sempre vai ser a minha prioridade, e se em algum momento eu tiver a oportunidade de manter você segura, eu farei.

-Mas acha que eu seria capaz de jogar a culpa de algo que fazíamos juntas, somente em você? - questionei a fazendo refletir por alguns minutos.

-Não. - respondeu convicta, sincera. - Eu tenho certeza que não. - senti sua respiração fraca próxima ao meu pescoço, enquanto ela se mantinha abraçada a mim, e seu rosto repousava sobre me ombro.

-Então por que supôs e sugeriu isso? - questionei.

-Porque era o que eu verdadeiramente queria que fizesse. Que se livrasse, se fosse possível, e me entregasse sozinha. - respondeu rapidamente.

-E é por isso que eu penso três vezes antes de fazer algo, almejando de todas as formas não magoar você. Porque eu sei o quanto se importa comigo. - a expliquei. - Eu não trairia você em hipótese alguma. Seja a finalidade um afeto por outro alguém, dinheiro, ou minha própria liberdade.

Ela sussurrou um pedido de desculpas outra vez e manteve-se deixando beijos lentos em meu pescoço.

-Nunca mais me pede pra fazer isso, ok? - pedi baixo, um pouco fraca.

-Nunca mais. - sussurrou ao meu ouvido. - Prometo.

MAIARA

-Onde está minha mãe? - questionou a garota de olhos verdes, ao descer lado a lado com a garota cubana que particularmente eu não confiava.

-Sendo feliz, Anitta. - a respondi enquanto ainda parecia uma idiota caminhando de um lado para o outro, tentando fazer minha filha dormir.

Luísa estava exausta, e era mais que obrigação minha dar um espaço pra ela. Eu não estava ajudando-a, estava fazendo meu também papel materno.

-Sei la, deve estar transando. - eu disse rapidamente quando ela continuou me olhando confusa.

-Que? - questionou a mãe da psicóloga ao adentrar o cômodo.

-Rezando, tia Ruth. - reformulei rapidamente, enquanto me mantinha encarando a pequena garotinha em meus braços.

-Mas a Maraísa.. - a interrompi antes que continuasse.

-Virou crente. - comentei. - Católica.

A mulher pareceu confusa.

-Não passe nos corredores do terceiro andar, Ruth. As melodias são ensurdecedoras. - o homem de olhos azuis complementou fazendo Anitta sorrir de canto.

-E desde quando elas cantam? - questionou a mulher com um sorrisinho falso, e então soubemos que ela finalmente entendeu.

-Ah.. elas cantam... cantam muito. - Henrique ressaltou nos fazendo sorrir.

MARÍLIA

Maraísa estava sobre mim, entre minhas pernas. Eu podia olhar atenciosamente pra ela enquanto seus dedos tocavam meu rosto com lentidão. Completamente nua, enquanto vez ou outra deixava beijos demorados em minha boca.

-Eu senti medo... - confessei em um quase sussurro.

Senti seus lábios tocarem os meus e alguns fios de cabelo caírem sobre seu rosto posteriormente. Os coloquei atrás da orelha e deixei um beijo rápido na ponta do seu nariz.

-Enquanto eu estiver aqui, ninguém pode te machucar. - a morena respondeu-me com convicção.

-Não quero que o motivo do meu machucado seja sua ausência. - a confidenciei meu medo. - Eu não quero que aconteça com você, o que aconteceu com seu pai.

Maraísa engoliu em seco, e eu vi seus olhos me olharem impacientes.

-Eu prometo que isso nunca irá acontecer. - aproximou-se sussurrando em meu ouvido. - E recorde-se... eu nunca quebro promessas.