LÁ MARFIA -MALILA

NOSSO PASSADO CONTURBADO

MARAÍSA

O toque moderno e melancólico se igualava ao meu. Tinha tanto de mim nela, que chegava a ser assustador. Sentada em sua poltrona, eu movia-me na cadeira giratória como uma criança em seu ápice de adrenalina durante uma atividade intensa. Mas pude paralisar-me e ficar em atenção ao ouvir o bater da porta, sinalizando que a mais nova houvesse entrado.

-As vezes sinto falta da garota que você era. - comentei ainda virada de costas, mesmo sem vê-la a quase um ano.

-Muitos sentem, ela era fácil de matar. - ela rebateu com sua brutalidade constante, devido ao meu afastamento.

Ouvi seus passos firmes caminharem em direção a mim, e como sabedoria de um extinto de proteção ao me ver em tantas posições ameaçadoras... me permiti deixá-la mostrar seu lado sombrio sem reagir de forma áspera.

-Você me arruinou. - a garota de 17 anos disse com a voz embargada e foi impossível não virar-me para olha-la.

-Eu gostaria que visse que todos os meus atos foram pra...proteger vocês. - argumentei com toda verdade possível que havia em mim.

-Você me arruinou. - repetiu. - Me deixou sofrer...

-Eu evitei que você visse o monstro que eu sou pelo maior tempo que eu pude.

-Você mentiu pra mim! - ela praticamente gritou. - Pra esconder as suas transgressões por causa do seu medo! - o copo de Whisky sobre a mesa foi jogado ao chão.

-Anitta. -A repreendi.

-A vida toda eu busquei a aprovação que era negada pela mulher que eu achei que fosse minha mãe. - ela gritava. - Você me transformou numa fraca que a Lauana odiava!

Desviei o olhar, não aguentando encara-la tendo o rosto molhado devido às lágrimas dolorosas que escapavam do seus intensos olhos verdes.

-OLHA PRA MIM! - ela gritou outra vez, mas dessa vez, em imploração. - Você amaldiçoou o monstro que eu acabei me tornando! Mas você Mãe, você criou tudo que eu me tornei. - concluiu.

MARÍLIA

Busquei Maraísa na cama e ela já não estava, senti seu cheiro forte no ar e ao sair do quarto notei que havia saído.

-Onde ela foi? - questionei preocupada assim que cheguei a sala e notei minha mãe pensativa sentada no sofá.

-Disse que tinha que resolver algumas coisas e não quis te acordar. - minha mãe pareceu sincera e minha preocupação diminuiu gradativamente. - Senta aqui. - finalizou colocando a mão sobre o móvel acolchoado.

Aquilo não me era o bastante. Maraísa não era a mulher que saia por aí com um bom humor e ótimas intenções, ou era abriga ou problemas de família. O que me assustava.

-Ela te esconde as coisas não é? - questionou observadora ao me ver perdida nos meus próprios pensamentos.

-É... - confessei. - Ela ainda recita ter medo de que eu passe a odiá-la.

-Seria capaz ?

-Não... não se tem mais o que esperar de negativo nela. O que me assustaria já foi mostrado, o que vier agora é só um brinde. - comentei com um sorriso fraco, frustrado.

Minha mãe calou-se e nos olhamos por alguns segundos. Ela parecia buscar palavras pra me dizer o que queria, mas aquilo parecia sufoca-la aos poucos.

-Certo, eu ainda não confio nela. - minha mãe me surpreendeu. - Mas estou orgulhosa que tenha encontrado alguém que ame, por mais que o histórico dela de violação às leis sejam terríveis.

Eu sorri com sua confissão e instintivamente me joguei em seus braços, buscando um abraço confortante. Conversamos mais sobre tudo enquanto tomávamos café da manhã e um aumento de preocupação subiu quando ela me disse que Maraísa aparentava estar apressada.

MARAÍSA

-Sai do meu escritório.

Eu me mantive em silêncio, erguendo-me e encarando a nos olhos. Mantendo o olhar tenso que ambas sustentávamos.

-SAI. - ela pediu em um tom alto outra vez.

-Não. - Eu disse calma e paciente.

Anitta levou uma das mãos até meu ombro, querendo me guiar até a porta.

ANITTA

Senti minha mão doer com a força em que a mulher a minha frente pressionava, pondo força retirando-a de si e abaixando-a. Seu corpo se aproximou do meu e podendo ter aqueles olhos castanhos tão próximos a mim, senti seu ódio e frieza através do toque.

-Nunca mais... faça isso novamente. - Aquele sussurro sério foi o bastante.

Seu maxilar travou e sua postura severa me teve de corpo e alma, levando-me a linha como de costume. Por mais que estivéssemos distantes desde a morte de Lauana, Maraísa Pereira ainda era minha mãe e eu a devia respeito.

MARAÍSA

Seus olhos verdes pareciam se perder entre minha fúria. O respeito se tornava presente e o equilíbrio retornava as suas atitudes desajeitadas

-Sim, senhora. - a garota assentiu.

(...)

-Agora que sei o que aconteceu. Já que falou com seu timbre de voz regulado, eu possa realmente pensar e resolver isso. - soei paciente segurando sua de forma mais doce.

-Não quero que o mundo lá fora descubra... - seus olhos verdes marejaram outra vez, ainda de pé olhando para mim. - Somente eu e você, como sempre foi.

Sua posição frágil me fez baixar a guarda e retornar ao extinto protetor materno qual sempre era mostrado próximo as gêmeas, ou a filha mais velha.

Nosso passado uma história confusa e conturbada... qual Anitta odiava relembrar.

ANITTA

-Vem cá.. - minha mãe chamou de forma sútil, tocando meu braço de forma leve, levando-me para ela.

Por ser menor, e ela estar de salto, facilitou para que o abraço encaixasse de forma reconfortante para mim. Senti suas mãos repousarem em minhas costas e seus lábios macios tocarem minha testa como sempre fazia...

-Eu não te coloquei pra estudar na melhor escola do Kansas atoa ou somente para conseguir um emprego "mais ou menos". Eu também não te coloquei neste cargo só por ter te emancipado e por ser minha filha... te coloquei aqui, por acreditar no seu potencial. Te dei a oportunidade de ter o poder pra entrar naquela sala e todos silenciarem por saberem o seu nome, ter quantos secretários que queira pra buscarem seu café ou anotarem o que quiser... usar roupas de grife no trabalho como se fossem casuais. Ir a Paris ou a qualquer lugar do mundo por estar estressada ou triste. Não quero que tenha um bom emprego... quero que seja a empregadora qual fornece bons empregos.

-Mãe... - sussurrei ainda abraçada a ela, enquanto sentia suas unhas finas arranharem minha nuca de forma carinhosa.

-Eu amo você, e se for preciso o mundo saberá que faz parte do meu testamento.

-Estou com medo. - confessei em alto e bom tom e senti seus lábios beijarem minha bochecha de forma desajeitada pela posição qual estávamos. -Ohana é influenciável demais...

-Não precisa, estarei aqui o tempo todo, até que essa reunião termine. - ela falava de forma tranquila, como só ela sabia. - Levei três tiros por você e escondemos nosso laço familiar até hoje, impedindo até mesmo que meus irmãos soubessem... Não é um homem de caráter duvidável, lábia questionável e autenticidade mediana que vai me impedir de proteger você. Tire Shawn Mendes do nosso caminho, ou deixe que eu o faça.

Eu respirei fundo tentando entregar-me a calma que ela transmitia.

-Não deixe que ele tire o poder das suas mãos, e sim o faça submeter-se a você. Mas lembre-se de que não pode exigir que Ohana a ame reciprocamente, mas pode impedir que ela passe a amar alguém versátil e de caráter questionável.
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E do nada Maraísa tem outra filha... 👀
O que vocês acharam dessa nova filha da Maraísa? Comentem bastante. ☺️