LÁ MARFIA -MALILA

COM SEUS OLHOS...

MARAÍSA

Depois que ambas as gêmeas dormiram, retiramos esse curto espaço de tempo sem ninguem em casa para aproveitarmos a piscina. Ainda era dia quando saímos, eu agora preparava o jantar, algo típico italiano. O tão falado risotto.

-Vai comigo amanhã? - questionei após desligar o fogo e repousar as mãos sobre o balcão.

-O que eu vou dizer pra mídia quando vazarem que acompanhei você? - ela disse baixo enquanto eu me mantinha em silêncio. - Que era só um sequestro, mas 6 meses depois... na noite anterior eu estava na sua cozinha com as pernas fracas de tanto dar pra você, sentada enquanto esperava você terminar de fazer nosso jantar? -Sugeriu.

-Pode ser, porém eu mudaria o "sua cozinha" para: "nossa cozinha". - conclui sorrindo de canto, antes de respirar fundo.

Pude ouvir seus passos lentos até mim, sentir suas mãos frias tocarem minha cintura despida e seu rosto apoiar sobre meu ombro.

-Quer mesmo que eu vá? - ela questionou baixo.

-Não quero te deixar desconfortável. - eu ressaltei. - Mas queria que pensasse sobre. Eu não me importo com a mídia, se você também não se importar. Minha única certeza é você Marília…- ela me virou de frente para si. - Se estiver convicta de que quer revelar isso pro mundo, quando estiver pronta... eu também estarei.

-Estou pronta. - ela sussurrou me olhando nos olhos. - Quero ficar com você e não tenho dúvidas quanto a isso.

Uma de suas mãos ergueu-se tocando meu rosto de forma sútil, pude fechar os olhos enquanto sentia a sensação de "estar em casa" de certa forma. Levei minha mão até a sua ainda repousada em meu rosto, entrelaçando-as em um sinal de afeto.

NARRADOR:

As gêmeas desceram, Maiara chegou com Luísa, porém logo subiram após avisarem que já haviam andado em algum lugar de Saint Paul. Comemos em silêncio por um tempo com as meninas. As garotas reclamaram sobre o animal estar olhando pra floresta outra vez e confesso que aquilo também já estava me incomodando.

-thig! (Vem) - a morena costumava usar a língua escocesa para chamar o animal. Tyson era adotado e sua vivência na Escócia influenciou na forma como era instruído.

-Deveríamos pedir que olhassem lá fora... - sugeri e Lara concordou enquanto brincava com a comida no prato.

-São paparazzis, costumavam fazer o mesmo a alguns meses atrás e afastá-los daqui foi um imenso trabalho. - ela disse paciente, convicta. - Tem uma trilha na floresta, facilita o acesso a nossa casa.

-Me sinto observada o dia inteiro, pode fazer alguma coisa? - Júlia questionou paciente.

-Vou fazer, prometo. - ela disse sem encarar as filhas.

MARÍLIA

Digamos que eu não gostasse das formas de lidar da Maraísa com situações simples. Ela era sempre muito calculista e um tanto quanto agressiva.

-Eu cuido disso. - ressaltei séria, retirando o prato da mesa ao terminar de comer.

-Eu só ia deixar Tyson correr um pouco. - ela disse paciente, enquanto acariciava o animal sentado ao seu lado. - Ele ia se divertir.

-Suas diversões não são nada adaptáveis para animais. - comentei enquanto caminhava até o balcão.

Esperei Maraísa acionar as travas de segurança, ligar os alarmes, e apagar as luzes do hall para subirmos pro quarto. Ela tinha a expressão séria, paciente e a pele um tanto vermelha devido o sol intenso que tomamos durante a tarde.