MINHA QUERIDA OHANA

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NARRADOR

A cubana apareceu em passos ritmados, atrás do homem que publicamente era seu namorado, possível noivo. Seu olhar foi chocante ao ver Anitta mais perto, na entrada do cassino não havia encarado Anitta de frente, por mais que a morena de olhos verdes houvesse perdido inúmeros segundos observando-a de longe.

-Podemos ir? - questionou paciente ao tocar o moreno pelo braço, chamando sua atenção.

Ignorando completamente a presença de Anitta a sua frente, por mais que estivesse surpresa em vê-la tão perto. Chamou o homem, que prontamente a atendeu milimetricamente movendo a cabeça de forma positiva.

-Eu voltei e vou ficar, pode ir se acostumando. - a empresária disse em um tom convicto e profissional.

-Ninguém quer você aqui. - o homem soou com sua voz grossa e arrogante.

-Você está errado, Shawn. - ela se levantou e deu um passo à frente, caminhando em direção a ele. - Assim como antes. Você está com medo, porque sabe que não vai demorar muito até que eu reconquiste seu exército de fracassados, eu te fiz o Shawn abaixo de mim, inferior, e eu posso fazer de novo.

Anitta podia transparecer toda sua raiva em cada palavra gélida soada com convicção e ar de superioridade. Sabia ser marcante e impiedosa como sua mãe, não se sentia amedrontada ou ameaçada diante da figura masculina de ego inflado. Isso era magnífico.

-Fuck you! (Foda-se ) - a garota de olhos verdes como o da irmã e cabelos loiros, ergueu o dedo do meio sinalizando um sinal impróprio. E um sorriso orgulhoso surgiu em seus lábios ao mesmo tempo em que seus olhinhos brilhassem como esmeralda.

-Meu bem, para com isso! - a psicóloga segurou a mão da garota abaixando em seguida, tentando educa-la mesmo que aquilo fosse um dos seus motivos de orgulho. Marília tentou segurar o riso assim como a noiva ao seu lado.

ANITTA

Eu pude encarar Ohana por alguns segundos, enquanto olhava profundamente em seus olhos.

-Vou te esperar no quarto. - o homem disse paciente, antes de sair e deixá-la ainda sem jeito próxima de mim.

-Amor... vamos. Pode pedir que levem a comida no nosso andar. - a psicóloga colaborou levando Júlia em seu colo e tendo a mão da minha mãe entrelaçada a sua. Eram uma família linda.

-Podemos conversar? - sua voz soou falha, em um pedido esperançoso.

Talvez eu não estivesse tão pronta assim. Mas eu podia ouvi-la, não podia?  Ou será que eu me sentiria tão amargurada por não ouvir o que me convinha sair da sua boca?

-Aqui não, podemos outra hora, se ainda quiser. - ressaltei ao ver que estava começando a tornar o ambiente movimentado.

Assentiu com a cabeça em um movimento rápido e em seguida mencionei sair, mas sua mão delicada buscou a minha por impulso e seu olhar castanho como nunca me pediu que ficasse.

-Tem uma cafeteria próxima... - a interrompi.

-Somos figuras públicas. - a relembrei ainda séria, e um sorriso tímido surgiu em seus lábios.

-Só... - ela fechou os olhos, estava nervosa. - Por favor me deixa falar com você. -Em qualquer lugar.

(...)

Caminhamos até um quarto alugado recentemente por ela, a morena fechou a porta e em seguida meio desconfortável aproximou-se de mim. Eu permaneci de pé, ao lado da cama enquanto observava atentamente.

-Eu recebi o quadro. - ela sorriu fraco, dispersa. - Eu ainda lembro daquela cena. Ela se repete todo segundo. Você passou 8 horas me pintando sem dizer uma palavra, e quando terminou eu fui embora.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora