FASE

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MARÍLIA

Era por volta das 4h da manhã quando chegamos em casa outra vez. Edu levou as malas para nosso quarto enquanto Maraísa permaneceu ao meu lado, sentada no estofado da enorme sala, com o celular em mãos e um olhar atencioso como nunca.

-Amor, aconteceu alguma coisa? - questionei-a sentando mais perto, e repousando a mão em sua coxa.

Maraísa apenas teclou sobre a tela, para que eu ouvisse o áudio recebido. O número era desconhecido, entretanto a voz era bem relembrada por nós.

-Eu sei da verdade. - aquilo soou frio. - Eu quero que as últimas palavras que escute sejam as minhas. Seja minha promessa solene. Eu vou achar sua filha, e quando eu achar, eu vou erradicar sua linhagem maligna dessa terra. Juntamente com aquela modelo idiota.

-Meu bem... - chamei assim que ela almejou levantar-se do sofá, com uma expressão nada favorável.

-Eu vou resolver isso e você fica aqui. - interviu-me rapidamente.

-Você não vai pra lugar nenhum. - a segurei pelo punho enquanto recebia seu olhar furioso, não comigo, mas com a situação. - Da última vez que fez isso, quase perdemos você. Você não passa daquela porta. - apontei.

-Eu não vou deixar que ele toque na Anitta. - argumentou com mais tranquilidade.

-Mande o Edu, ou qualquer outra pessoa. - puxei-a levemente para que ficasse mais próxima. - Mas eu não vou deixar que saia daqui.

A mulher irredutível a minha frente, sentou-se novamente no sofá. Enquanto segurava minha mão e eu permanecia de pé. Seus olhos buscaram me ainda raivosos, questionadores...

-Edu é seu segurança principal, o colocaria neste risco?

-Eu não tenho forças pra ficar na sala de espera de um hospital, enquanto aguardo pela resposta de entre vida e morte da minha esposa. - a disse rapidamente. - Se for pra escolher entre você e qualquer outra pessoa, eu escolho você. Eu sempre irei escolher você.

O silêncio foi predominante por alguns segundos, antes que percebêssemos a presença frustrada de Ohana um pouco distante.

-Eu não quero trazer problemas, principalmente pra Anitta. - Ohana revelou com os olhos marejados pelas ameaças feitas pelo seu ex namorado ao descobrir a relação atual. - Posso ir embora se quiserem.

-Você vive... e morre, segundo a minha vontade. - revelei em tom rígido. - Eu disse que a protegeria, não disse? - questionei e a garota assentiu ainda assustada. - Então deixe-me cumprir a promessa.

Antes que Maraísa tomasse decisões que a colocassem em perigo, chamei Edu que acompanhado de Henrique, veio até mim. O mandei em busca de Shawn, para que fizesse uma proposta irrecusável, não importa como fosse. Quem sabe a sim o manteríamos em controle, afinal matá-lo seria loucura. Ele era bem renomado.

-Se não conseguirem persuadi-lo... - respirei fundo ainda segurando a mão de Maraísa. - Busquem motivos para ameaça-lo.

Edu pediu para sair e então eu o consenti, tanto ele como Henrique saíram em direção a porta de entrada da casa. Dariam um jeito no problema, e não precisávamos preocupar-nos tanto assim.

Vamos pra cama? - chamei em um tom carinhoso.

Sua mão segurava a minha, e então as entrelacei. Ainda com uma expressão chateada, Maraísa ergueu-se outra vez, escutando a mim. Deixei um beijo rápido em seus lábios arrancando um sorrisinho ladino, e então a guiei pelas escadas até nossa suite.

Shawn havia descoberto recentemente sobre o relacionamento de Anitta e Ohana, e vinha fazendo ameaças que até então não tínhamos dado atenção. Elas estavam mais que firmes e planejavam com a assessoria da Colcci, e agora então da Adidas o dia para assumirem isso em redes sociais. Não dava pra viver um relacionamento às escondidas por muito tempo, uma hora ou outra, isso seria revelado.

(...)

Na manhã, momentos antes de entrarmos no carro e irmos pro hospital onde daríamos início aos exames pré gestacional, telefonei para Henrique e recebi notícias de que eles estavam chegando em solo americano.

-Amor, vamos... - Maraísa chamou meio sonolenta me arrancando um sorriso afetuoso.

Por ter dormido melhor que ela, evidentemente. Adentrei o carro e tomei controle do volante, enquanto Maraísa ao meu lado, tinha a mão em minha coxa. Vestia uma camisa com botões Balenciaga, dona de um estilo sútil pelas listras azuis e preta.

O Dr. Eduardo explicou-nos que antes do casal iniciar o tratamento, deve assinar os termos de consentimento com todas as informações sobre os procedimentos que envolvem a FIV. O termo de consentimento é um documento extenso, por esse motivo é aconselhável que o casal leia atentamente e em casos de dúvidas solicitar ao médico os devidos esclarecimentos, até a inteira compreensão, antes de assiná-lo.

Já tínhamos conhecimento destes termos e orientação quanto as nossas dúvidas. E então assinamos.

No consultório, com o apoio e ao lado de Maraísa, fiz exames complexos e primordiais para o começo dessa fase que passaríamos juntas. Fiz dosagens hormonais para avaliar a reserva ovariana e a possível resposta aos medicamentos para infertilidade. Exames de sorologias, e histerossalpingografia para avaliar a cavidade uterina.

Maraísa segurava minha mão enquanto eu realizava o ultra-som de por via vaginal. Neste exame é possível verificar a linha do endométrio, pele que recobre o útero internamente, e os ovários. Em busca de cistos, pólipos endometriais. Foi colhida uma amostra de sangue para avaliação do FSH, LH e estradiol, para avaliar a reserva a ovariana. O nível desses hormônios pode dar uma idéia sobre a resposta esperada a estimulação ovariana medicamentosa. Por exemplo, níveis elevados de FSH podem indicar uma resposta pobre a estimulação ovariana, baixas taxas de gravidez e altas taxas de abortamento, independentes da idade, quando comparadas com mulheres com resultados normais.

(...)

Maraísa foi gentil e paciente, como sempre era comigo. Após finalizarmos todos os exames, levou-me pra jantar em um restaurante americano. Não bebemos nada com teor alcoólico, eu por estar prestes a começar uma fase de gestação, e Maraísa por participar dela de maneira biológica. Comemos um prato típico, e bem nutritivo.

-Quer descansar? - questionou carinhosa assim que terminamos a refeição e fizemos o pagamento. Senti seus lábios tocaram os meus em um selinho rápido.

Assenti um pouco cansada e então nos direcionamos ao carro. Maraísa desta vez passou a dirigir e nos levou pra casa com a maior atenção do mundo. Ao chegarmos, tomamos um banho juntas e vesti uma roupa sua, onde deitei em seus braços e ela me ajudou a chegar ao sono. Com carinhos lentos e beijos demorados em meu rosto.

-Eu te amo.  - sussurrou baixinho em meu ouvido, onde sonolenta respondi recíproca.

LÁ MARFIA -MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora