LÁ MARFIA -MALILA

ENTALADO

MARAÍSA

Adentrei a casa com Marília ainda ao meu lado e Maiara me olhou irritada.

-Manda as duas embora. - foram suas palavras antes de ficar em completo silêncio e ignorar tudo que eu falava.

(...)

Será bastante lucrativo. - expliquei sentando ao seu lado.

-Não precisamos. - ela respirou fundo colocando a xícara de café na mesa de centro. - Temos dinheiro pra comprar Minnesota inteira se quisermos. Você não vai participar disso.

Revirei os olhos e ela me encarou seria.

-Estamos bem depois de anos, Mara. - ela segurou minha mão. - Não pode estragar tudo agora.

-Maiara...

-Olha ali. - ela apontou para Júlia e Lara que se mantinham deitadas no tapete da sala de jogos enquanto dividiam um tablet assistindo algo. - Pode perdê-las se continuar com essa ganância. -Ela disse paciente.

Observei as duas pequenas por alguns minutos e um frio na barriga me atingiu só de imaginar.

-Agora olha pra ela.. - ela moveu a cabeça apontando indiretamente para Marília. - Eu vejo a forma que cuida dela, o jeito que a trata e como aparenta ser calma e menos egocêntrica quando tem ela por perto.

-Por que está fazendo isso? - questionei em um fio de voz.

-Porque independentemente do que digamos uma a outra, ainda quero você viva. - ela disse paciente. - Manda a mamãe embora.

suspirei pesado, indecisa.

-Você precisa dela. - ela olhou para Marília e voltou a olhar pra mim. - Ela te faz bem. Não a deixe ir, não estrague tudo agora...

Eu encarei Marília por alguns segundos e Maiara tocou meu rosto.

-Não quero que termine em uma cadeira elétrica após esperar anos no corredor da morte. Você não merece isso... - ela disse com os olhos marejados. - Não merecemos essa tribulação outra vez.

A observei quase convencida.

-Por favor...

Lara veio em nossa direção com um sorriso magnífico, parecia trazer a conclusão precisa que eu ocultava.

Fechei os olhos ao sentir a pequena me abraçar e sussurrar que estava com sono.

-Pode ser.

Maiara assentiu pegando o telefone e discando um dos números internos e privados que diretamente era conectado ao pequeno "ponto" no ouvido de Henrique. Ela pediu que ele cancelasse a conversa e desse um jeito de que Almira e Arielle saísse.

-Henrique ... - ela disse antes de desligar. - Pede pra prepararem o jatinho, vamos fazer uma viagem à noite. - ela concluiu antes de desligar.

A encarei confusa.

-Lembra que você disse que recompensaria? - ela disse sorridente.

Sorri também e ela subiu pro meu colo envolvendo meu pescoço com os bracinhos e deitando a cabeça em meu ombro.

-Pode levar a tia Marília? - ela me surpreendeu com a pergunta baixa, feita em um sussurro ao pé do meu ouvido.

-Eu não deixaria ela, pequena. - respondi sincera levantando-me em seguida enquanto Maiara tinha um sorriso doce nos lábios.

Caminhei em passos lentos até a cozinha e sentando Lara sobre o balcão. Dei a ela um pouco de água já que insistiu beber antes de ir pro quarto. Notei que ela estava um pouco gripada e que estava sentimental, por mais que essa já fosse sua maneira.