- Shades Of Cool; Lana del Rey
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POV Marjorie CerradoEu não quero encontrá-lo. Não quero encontrar Nascimento aqui no batalhão, mas é o mesmo que dizer que não quero encontrar o demônio no inferno.
Porra, Mathias, o que você não me pede sorrindo que eu nao faço chorando, hein?
Dedé me pediu pra trazer as coisas dele que estavam na ONG para cá. Agora estou parada em frente a porra do batalhão de operações especiais, tremendo só de imaginar encontrar Nascimento. Não por medo, porque ele não me amedronta, mas porque tenho medo de sentir algo diferente do ódio. Ontem, quando ele me apertou, eu deveria ter sentido ódio, ter chorado ou mandado ele se fuder, mas nao fiz. Não fiz porque não foi o que eu senti. Droga, eu senti muita coisa mas repulsa, o que era necessário e adequado, eu não senti.
Daqui de fora, escuto berros do tipo "Descansar" e blá blá blá. Essas coisas que a gente ouve em batalhão. Sinto um sentimento estranho ao passar por um policial enorme, que me olha de cima a baixo.
Apenas encaro ele e, finalmente, o peço ajuda para encontrar o Dedé, que no caso é o Cabo André Mathias. Ele me guia, colocando as mãos nas minhas costas nua. Homens...
Ao caminhar pelo corredor, ergo o olhar e sinto um frio percorrer minha espinha ao ver aqueles olhos de longe. Vestido com o uniforme, com a caveira estampada no canto superior do lado esquerdo, ele está... porra, está um gostoso. Ele me viu. Me viu e não só se deu ao trabalho de me mostrar que me viu, mas também se deu ao trabalho de passar esbarrando em mim. Esse corredor não é tão pequeno, mas ele quis mostrar o domínio que ele tem. Essa é a área dele e se ele quiser, aqui mesmo eu fico e vou direto para a penitenciária feminina, afinal, eu ameacei uma criança e mesmo que seja um blefe, isso é crime.
- Ei! - Sinto a mão do policial percorrer minhas costas e descer até minha bunda. Ele age como se estivesse apenas me guiando, mas eu sei que não. Esse idiota está me assediando. - Tira a mão daí, cara. - Me afasto, empurrando o policial.
O soldado não me obedece e envolve minha cintura com seu braço e ainda aperta minha bunda. Mas que cara nojento.
- Porra, eu já disse pra sair. - Me afasto novamente. Nossa, como eu odeio homem.
Nascimento vira assim que ouve eu ordenar que o policial tire a mão de mim. Ele vira apenas o rosto, me encarando.
- Você não educa seu filho e nem seus policiais, não é? - Sabe aquele momento em que você fala alguma coisa e se arrepende imediatamente? Pois é. Porra, eu desafiei o fucking Capitão do BOPE dentro do batalhão dele. Aqui mesmo ele me mata se ele tiver ódio suficiente.
Ele se aproxima irritado, mas, para minha surpresa, a irritação dele não é comigo.
Ele puxa o soldado pelo colarinho da camisa, e o empurra contra a parede.- É por policiais de merda como você que o BOPE não é mais respeitado. - Com o dedo indicador apontado na cara do policial, Nascimento deixa toda sua fúria sair nas palavras. Daqui eu vejo a raiva que ele está sentindo, deixando escapar até algumas gotas de saliva. - Você não merece essa caveira. - O dedo dele já não está mais no rosto do policial, mas agora pressiona, com força, na caveira estampada na camisa do policial.
Eu disse no início que tinha medo de vir e vê-lo. Porra, meu medo se concretizou pra caralho. Dizem que você atrai o que você tem medo e parece que funcionou. Acho que tenho medo de ficar milionária....
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Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionNa favela onde Marjorie cresceu, há pouca expectativa de vida; ou você vira um traficante ou vira fiel de um. Ela não queria isso. Ela não queria ser usada por um traficante como troféu, então decidiu se tornar acompanhante de luxo de ricaços do Leb...