Capítulo XXVI

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- Cruel Word; Lana del Rey

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POV Marjorie Cerrado

Superei. Agora é sério. Superei Nascimento. Só não posso ver na minha frente ou mato ele.
Ele e a puta fardada estão juntos. Pois é, eles dois estão juntos. O fofoqueiro do Neto que me disse. Eu só não posso acreditar que em dois meses de término ele já esteja com ela. Isso tudo foi desespero para não ficar sozinho ou eles já estavam juntos antes?

Estacionando na minha vaga, entro pelo prédio da defensoria e sorrio para todos que estão na porta. Com o dinheiro da foda com Joseph, consegui comprar um carro. Eu já tinha uma grana, mas aí esse dinheiro me ajudou muito, fora o dinheiro do estágio. Minha mae e Luana estão bem em Niterói e minha vida anda muito bem, na verdade. Só sinto muita falta de Nascimento em alguns momentos, mas isso a gente finge que não está acontecendo porque ele é um imbecil.

Ao entrar, no elevador, meu chefe está parado, ajeitando a gola da camisa social branca que ele usa. Está bem charmoso. Pedro Santana, vulgo meu chefe, é alto pra caralho, usa calça e blazer azul marinho e uma camisa social branca. A pele preta dele e o cabelo cacheado baixo deixam ele um tesão. Eu e Ludmila sempre ficamos admiradas perto desse homem. Ele é meu chefe e sócio de Ludmila.

Quando cheguei, fiz amizade com várias pessoas mas Ludmila não gostava de mim, e nem eu dela, na verdade, mas agora ela é minha mentora e melhor amiga.

Quando eu digo que viramos amigas, é viramos amigas de verdade. Apresentei ela e Victoria, e ela é a única que sabe de toda a minha vida. Ela não me julga, pelo contrário, me apoia muito pra que eu não precise recorrer a Fábio.

- Pedro... - Cumprimento meu chefe.

- Doutora. - Nem parece que estava comigo noite passada.

Já fazem dois meses que eu Roberto terminamos e eu não consigo ficar parada sequer um segundo. Eu disse que superei, mas deveria ter especificado e dizer que só não penso nele quando estou com a mente ocupada, e ainda assim consigo lembrar dele.

Em uma das noites de carência e bebedeira, liguei pra Pedro por engano. Deveria ter ligado pra Victoria mas liguei para ele e pedi que me buscasse. Ele me buscou e transamos no carro. Essa é a história.

Nós não nos tratamos como pessoas que transaram, mas sim como amigos. Todos os dias, Pedro me escuta falar de Roberto e todos os dias eu escuto ele falar da ex. Somos dois otários que não superaram.

O elevador para, abrindo as portas para nós dois. Ao sair, rola um impasse de quem deveria sair primeiro e eu saio porque ele é um perfeito cavalheiro. Sorrindo, vou até a sala de Ludmila, e fecho a porta atrás de mim.

Antes que eu pudesse falar algo, Ludmila estende a mão me induzindo a calar a boca. Espero, de braços cruzados.

- Mas por que querem processar ele? - Ludmila coloca o celular no viva voz, me permitindo ouvir.

Feliz e saltitante, me aproximo da mesa. Ela me olha com uma cara de que o mundo está prestes a entrar em colapso.

- Parece que com apoio da mídia e de algumas ongs, eles estão tomando coragem. - Uma voz masculina sai pelo aparelho.

- Mas só o Major ou o Batalhão inteiro? - Batalhão?

Meu coração se acelera ao ouvir o nome de Roberto ser citado. Não entendo e nem consigo focar e nem dizer se ele está envolvido nisso mas eu acho que entendi o que tá acontecendo.

- Só o major, mas sabe como vai ficar a fama né. - Puta merda. Isso é merda grande e que vai feder pra caralho.

- A gente tá de qual lado? - Sussurro pra Ludmila, que me manda esperar com um gesto.

Eu preciso saber se vamos defender os vilões ou os mocinhos. Eu sei que a polícia é agressiva e cruel. Eu vi. Porra, eu sei que eles são. Mas também meu coração se parte ao ficar contra Dedé, Neto e até Nascimento... Nao. Não posso deixar meus princípios de lado por causa de amizades.

- Senta porque você vai cair. - Ludmila ordena, depois de desligar.

Me sento a frente dela, apoiando os cotovelos na mesa.

- Parece que o Major da polícia resolveu meter a porrada em uma criança e matou o moleque que tinha quinze anos. As famílias se indignaram. Vamos representar a família do menino. E você não sabe... - Ela até pega um copo de água e me dá. Seguro o copo mas ela só prossegue depois de me ver beber. - Seu ex vai rodar também, tá?

- O quê? Por quê?

- Porque ele é simplesmente o homem mais cruel da polícia, Marjorie. Usa a cabeça, querida. Jajá terá inúmeras acusações contra ele.

- Mas ele não fez nada. Quem fez foi esse Major aí. - Por que eu estou defendendo Nascimento? Oh merda.

- Fala isso para as vítimas dele. Vou pedir a Pedro pra você ficar comigo nessa. Se importa? Eu realmente preciso do seu vasto conhecimento em dar pra policiais. - Ela ri, mas eu não consigo sequer concordar. Apenas aceno com a cabeça.

Eu preciso fazer isso. Preciso lutar pra transformar o mundo um lugar mais justo, mesmo que tenha que ficar contra Dedé e o restante.

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POV Capitão Nascimento

Fernanda me encara do outro lado da sala, enquanto o coronel me explica sobre o caso do Major. Diógenes não mataria um cara se ele não fosse um vagabundo.

Quando o coronel sai, Fernanda se aproxima de mim, se sentando no meu colo.

- Vai pedir pra testemunhar? - Acariciando minha nuca, ela pergunta.

Há dois meses, eu e Marjorie terminamos. Não a vi desde então. Pedi aos rapazes que não a trouxessem aqui e, mesmo a amando, não fui atrás dela. Preferi deixar ela viver a vida dela, com a escolha dela. Tentei conversar e ela não quis, o que mais eu poderia fazer?

Fernanda se tornou uma amiga durante esse processo. Em uma noite, ela tornou a me beijar. Eu não recuei, mesmo não querendo o beijo. Ela estava ali pra mim e eu queria isso. E se eu fosse esquecer Marjorie com ela, estava tudo bem. O problema é que eu ainda não esqueci.

- Não. Prefiro não me intrometer nisso. Não gosto muito da atenção dos tribunais. - Pigarroteio, me levantando da cadeira.

Fernanda se escora na parede, com os braços cruzados, e me encara.

- Então por que você vai a audiência?

O nome da advogada que vai representar a família da vítima já foi divulgado: Ludmilla Mota. Marjorie é estagiária na defensoria, está no oitavo semestre, ela provavelmente vai dar um jeito de se enfiar nisso.

Eu não posso dizer a minha atual que eu quero ir a essa audiência, a qual eu odiaria comparecer mais que qualquer coisa no mundo, só pra ver minha ex namorada. Amigo, isso deixaria Fernanda furiosa, mas é a verdade. E essa verdade eu não vou poder falar.

- Apoio moral a um amigo. - Foi de ombros, abrindo os braços.

- Eu não vou poder comparecer. Minha irmã estará aqui e sabe que não a vejo há muito tempo. Quem sabe vocês não se conhecem, hein? - Fernanda me dá um selinho e sai da sala.

Respiro fundo, erguendo as sobrancelhas. Com um braço cruzado, passo a outra mão pelo rosto. Inferno do caralho. Odeio pensar nela.
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Olá, docinhos. Tudo bem?

Gente, não esqueçam de dar a estrelinha porque estamos quase batendo 1K de votos, tá? Vocês são muito fodas, mds!!!

A propósito, esse processo aí ainda vai dar é coisa viu?

Vcs estão preparadas pra ter nosso casal de volta? Pq eu tô 🙌🏽😭😭😭😭

⚠️Para melhor experiência, escute a música enquanto lê. Eu juro, é outra sensação.⚠️

Nos vemos em breve.

- Milésima esposa do Capitão Nascimento 💋

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