Capítulo XXXIX

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- Say yes to heaven; Lana del Rey

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POV Marjorie Cerrado

Ninguém nunca me disse que seria fácil mas é além de difícil. É impossível. A gente tenta, tenta todos os dias, mas é quase impossível conviver com o medo e a angústia de perder quem você ama. Eu não aguento isso. Mas eu preciso. Eu preciso aguentar porque foi o que Beto escolheu pra vida, faz parte dele e eu o amo inteiramente. Acho que Roberto não viveria longe dessa vida de policial. O capitão, mesmo ele o desprezando tanto, faz parte de quem ele é. E eu o aceito, de certa forma.

Acaricio o rosto de Nascimento, o admirando enquanto dorme. Os médicos disseram que foi por pouco. Por pouco eu não perdi meu amor antes mesmo de casarmos. Vocês têm noção de que eu iria perder o meu Beto por pouco?

Repouso minha testa no braço dele, sentindo meu coração pesar cada vez mais a medida que me lembro da maldita frase do médico. É como se toda vez que eu lembrasse, eu voltasse a correr o risco de perder ele. Mesmo com Nascimento fora de perigo, não consigo me afastar. Não consigo ir nem ao banheiro por medo de acontecer algo e eu não estar aqui pra ele e por ele. Eu não posso deixá-lo sozinho e nem quero fazer isso.

- Quer que eu fique com ele pra você ir em casa? - Rosane volta, fechando a porta atrás dela.

Ela veio assim que soube do ocorrido. Eu acho legal que ela se importe com ele desse jeito. É como se todo meu ciúmes sumisse, sabe? Eu não consigo ver nada além de uma amizade entre os dois.

- Eu não vou sair daqui. - Balanço a cabeça em negação inúmeras vezes.

- Você precisa descansar, Marjorie.

- Eu já disse que não vou sair daqui, Rosane. Por favor, nem tenta. - Encaro ela, com raiva. Eu sei que ela só está tentando me ajudar, mas eu não vou abandonar ele. Não vou abandonar ele como ela fez.

- Tudo bem... Quando ele acordar, pode me avisar? Rafael está preocupado.

- Claro. Eu aviso. - Tento sorrir de canto pra ela, mas é notável o meu desânimo e o meu cansaço.

Agarrada ao braço dele, fecho os olhos. Eu sei que eu não sou uma pessoa muito boa e que eu peco tantas vezes e às vezes até porque eu quero mesmo, mas por favor, Deus, me ajuda. Por favor, faz ele acordar logo e ficar bem. Eu te imploro.

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Sou acordada por um tumulto no quarto. Abro os olhos, assustada, procurando por Roberto. O tumulto no quarto foi causado pelo despertar dele. Meus lábios se juntam, formando uma linha, enquanto eu tento controlar minhas lágrimas.

- Você me assustou. - Mordo o canto da boca, com a visão embaçada com a bolsa de lágrimas que se forma em meus olhos.

- Achou que eu iria morrer e te deixar sozinha? Tem muitos caras que querem a minha mulher. - A voz dele é fraca. Ele está tão mal e me dói vê-lo assim.

Ele acaricia minha mão com o polegar, enquanto fecha os olhos lentamente.

- idiota. - Tento sorrir mas começo a desabar em lágrimas. Não consigo me controlar mais. Com Roberto, eu me sinto uma garota sendo protegida e sinto que só posso chorar quando tenho ele pra me consolar. O problema é que eu deveria estar sendo forte. Eu deveria estar segurando a mão dele e dizendo que ele vai ficar bem.

- Eu estou bem, amor. - Ele se move discretamente, contendo um gemido de dor. Eu notei isso. Eu sei que ele está sentindo dor mas pelo menos está acordado e vivo.

- Eu não vou sair de perto de você, seu idiota. Vou ficar grudada em você.

- Pode começar a grudar a partir de agora então. - Alisando minha mão, Beto me olha com paixão. Eu amo tanto ele. Amo que eu fico desesperada só de imaginar perdê-lo.

- Você está com dor, mas eu não vou sair de perto de você. - Agarro sua mão com a minha, apertando com força mas delicadamente.

- Tem previsão de quando vou poder ir?

- Roberto, você levou dois tiros. - Indignada, abro os braços. - No mínimo, um mês você fica aqui.

- Odeio essas paredes brancas, sem graça.

- Vou decorar pra você, querido. Faço qualquer coisa por você. - Deixo que meu coração tome conta das minhas palavras. E é verdade, eu faço qualquer coisa por ele.

Ele sorri, fechando os olhos novamente.

- Tá sentindo alguma coisa? Não dorme não. Deixa eu chamar o médico, tá? Não dorme. - Desesperada, corro até o corredor e grito por alguém. - Ele está sonolento. Quer dormir de novo. - Ansiosa, mexo no meu cordão que respousa em meu pescoço.

- Senhor Nascimento, está sentindo alguma coisa além de dor e sono? - O médico se aproxima de Beto, examinando ele.

- Não. Só quero dormir mesmo. - Beto responde, entediado. Esse homem não leva nada a sério.

- Então não há com o que se preocupar, senhora. Ele foi medicado e ele ficará sonolento esses primeiros dias. - Passo as mãos pelo rosto, me sentindo culpada por não saber que seria normal ele sentir sono depois da cirurgia. Que idiota. - Mas fique atenta. Se ele sentir qualquer coisa além do comum, vômitos, tontura, dores em outras partes do corpo, dormência... Avise-nos.

- E quanto ao ferimento?

- Uma enfermeira virá trocar os curativos e viremos examinar recorrentemente. Não se preocupe com isso, está bem? - Com a mão no meu ombro, o médico acaricia minha pele com o polegar e sai.

- Eu vi ele colocando a mão no que é meu. - Mesmo com a voz fraca, Beto sorri e me provoca.

- Beto! - Gargalho, sentindo a angústia diminuir. Ele tem esse efeito sobre mim. Tudo fica mais fácil com ele por perto.

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Olá, docinhos. Tudo bem?

Ontem, infelizmente, não pude postar porque passei o dia inteiro na rua e sem internet. Fui pra faculdade e resolvi coisas da cerimônia do jaleco e cheguei em casa moooorta.
Enfim, obrigada pela preocupação, vocês não têm ideia do quão significante é ter alguém que goste da sua obra.

Nosso amor não morreu galera. E é óbvio que ele não iria morrer porque eu não sou idiota de matar o protagonista né.
Vou fazer os protagonistas sofrerem mas não com o luto(do Beto...)

⚠️Para melhor experiência, escute a música enquanto lê. Eu juro, é outra sensação.⚠️

Nos vemos em breve.

- Milésima esposa do Capitão Nascimento 💋

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