Capítulo VI

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- Flawless; The Neighbourhood

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POV Capitão Nascimento

Minhas mãos tremem, enquanto encaro a mensagem que chegou em meu celular. Marjorie não brincaria com uma coisa dessas. Ela não é maluca. Não penso duas vezes antes de ligar para Rosane. Ela não atende. Porra, onde essa mulher está que não atende o caralho do celular?

Levanto e corro até a sala do Coronel, sentindo meu ar fugir de mim. Que seja mentira. Por favor, meu Deus, que seja mentira.

Abro a porta com arrogância e impaciência, dando de cara com o coronel e um outro soldado. Não me apresento, dispenso apresentações e qualquer coisa inútil no momento, e vou até ele, entregando meu celular.

- Preciso ir. - Digo, ofegante.

- Precisa de reforço? - O coronel sempre foi um ótimo amigo, na medida do possível. Ele consegue entender minha aflição.

- Eu preciso saber se isso é verdade. Mas obrigada, coronel. - Saio em disparado pela porta, correndo para o meu carro.

Eu não tenho condições de dirigir agora, mas eu vou ter que conseguir. Marjorie não brincaria com algo assim, mas eu prefiro que seja uma brincadeira idiota dela. Eu preciso que seja apenas uma brincadeira. Eu nunca me perdoaria caso algo acontecesse com meu filho por um descuido meu. Eu nunca vou me perdoar se algo aconteceu com meu filho.

Ouço meu celular tocar, torcendo para que não seja nada demais, mas meu coração já sabia. Antes de atender, eu já sabia o que era essa ligação.
Estaciono em uma vaga de uma loja, e atendo.

Rosane está desesperada no outro lado da linha. É verdade...
Peço perdão a ela milhões de vezes, enquanto choro, com a cabeça apoiada no volante. Sinto como se eu tivesse sido atingido por uma bala de escopeta. Meu coração está acelerado e apertado, só de imaginar o que podem estar fazendo ao meu menino. Droga, eu fui burro. Burro pra caralho. Deveria ter matado aquele desgraçado. É isso o que dá ter pena de vagabundo. Deveria ter matado o miserável e a mulher dele. Deveria ter matado os dois.

Rosane não me culpa, pelo contrário, ela me acalma. Ela é a mãe e eu que deveria estar a acalmando, mas ela está me dizendo que não foi culpa minha. Porra, eu sei que foi. A culpa foi minha. Fui idiota de deixar ele escapar. Fui fraco. Agora meu filho que paga pela minha idiotice. Mas eu não vou ficar aqui parado. Não vou.

Ao desligar o telefone, ligo para Mathias, mas o celular dele não chama. Porra, pra quê tem celular, se não vai atender? Esmurro o volante de meu carro, irritado. Respiro fundo e penso, então, em ligar para Marjorie. Ela sabe onde ele mora e possivelmente está com ele, já que são namorados e ele está de folga.

Ouço a voz trêmula dela do outro lado do telefone. Ouço outros ruídos ao fundo, e portas batendo. Acho que ela ainda está na faculdade.

- Preciso falar com Mathias. - Faço de tudo para que minha voz não vacile para não demonstrar que eu estava chorando.

- Não... Ele não está aqui. - Ela faz uma pausa para soluçar, antes de prosseguir. - Nascimento, faz alguma coisa. Por favor. Eles vão... Ai, eu não quero nem imaginar o que vão fazer.

Nem eu. Rafael é filho de um policial do BOPE, policial esse que atirou no pé da mulher dele. Ele tinha me dito que não se mexia com família e eu fui lá e fui autoritário , agora ele decidiu revidar. É óbvio que ele vai fazer alguma coisa com meu garoto e eu não quero nem imaginar o que vai acontecer. Mas ele tá fodido. Baiano tá fodido pra caralho, parceiro.

- Por favor, capitão. Esqueça nossas diferenças... - Ela não consegue terminar de falar porque uma onda de choro toma conta de sua voz. Ela está tão vulnerável e, mesmo através do telefone, sinto a dor dela. É como a minha. Eu já esqueci. Já esqueci o quanto eu odiava ela a minutos atrás. Tudo o que eu quero agora é resgatar aquela garota emburrada e o meu garoto.

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora