Capítulo LVI

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- Easy on Me; Adele

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POV Capitão Nascimento


Eu ainda não acredito nisso. Quer dizer, não é possível isso. Ela mentiu todo esse tempo para mim. Ela me enganou todo esse tempo. Será que enquanto ela estava comigo, ela estava se encontrando com outros? Eu nem sei o que pensar. Eu tô com tanta raiva. Mas eu também tô triste pra caralho. Eu me sinto traído. Porra, minha mulher era puta. Tem noção do quão ridículo é isso? Tem noção do quão doloroso é isso?

Eu nunca perguntei do passado dela antes de mim, porque eu não queria saber quantos caras ela ficou. Eu sabia que eu sentiria ciúmes porque, dada experiência dela, ela era muito rodada. Só que daí a ser puta, porra. Como que não se importa com isso?

O pior de tudo é saber que eu fui enganado esse tempo inteiro. Mathias sabia disso? Como ela podia deitar a noite sabendo que estava enganando o cara que amava ela? Por que ela escondeu isso de mim?

Eu não sei o que fazer. Não sei o que pensar. Eu só sei que não quero ver ela na minha frente porque não sei eu o que sou capaz de fazer.

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POV Marjorie Cerrado

O caminho curto que percorremos dentro do carro de Diógenes foi o suficiente para que eu parasse de chorar, voltasse a chorar, e parasse de novo. Em momento algum Diógenes me perguntou o que aconteceu porque ele sabia que se eu falasse, pioraria tudo. E que bom que ele me entendeu porque também não teria forças pra dizer que não quero falar sobre.
Eu sinto como se esse momento fosse ficar marcado em mim pra sempre. É como se aqueles momentos maravilhosos, aquele dia de praia, os nossos jantares, a nossa primeira vez... Tudo isso foi tomado por um breu doloroso. A tristeza tocou nessas memórias e transformou algo bonito em uma coisa que faz meu coração se contorcer de dor.

Ao sentir o carro parar, encaro Diógenes pelo retrovisor interno do carro. Ele me olha por lá também.

Ele desce do carro, vindo abrir a porta para mim. Estamos parados em frente a sua casa. Lembro de quando vim aqui com Roberto.
Ele entra primeiro, preparando o terreno. Em seguida, eu entro, sendo recebida com um abraço pela mãe dele, minha avó.

- O que a netinha de vovó tem? - O corpo baixo dela envolve o meu, acariciando minha bochecha com a mão livre.

- Ela e Lilian já sabem de você... - Diógenes coloca a mão no meu ombro, acariciando com o polegar. - Vamos levar ela pro quarto da senhora, mãe.

Minha avó segura minha mão, me guiando para Deus sabe onde. Estou estática, como em estado vegetativo. Apenas a sigo, com o semblante dolorido no rosto. Andando como um zumbi.

- A culpa é sua... - Engulo as lágrimas, falando em baixo tom. É a verdade. A culpa é dele. A culpa é dele por ter abandonado a minha mãe e, consequentemente, me abandonado. Por causa dele eu passei necessidade. Por causa dele tive que vender meu corpo. Por causa dele.

- O que disse? - Diógenes coloca a mão em meu ombro, perguntando com suavidade.

- Que a culpa é sua! - Grito. - Roberto sente nojo de mim e eu também sinto. E isso é culpa sua. Se tivesse ficado, eu não teria feito aquelas coisas. - As lágrimas voltam, enquanto eu falo cm nojo de mim mesma.

- E o que você fez? - A voz dele se torna um sussurro. É como se ele estivesse com medo da resposta.

- Eu dava pra caras por dinheiro e enquanto isso o meu pai era ricaço e nadava em grana. - Eu não respondo ele. É como se eu tivesse falando para mim mesma. Me viro de costas, soluçando de tanto chorar. É horrível admitir isso em voz alta. É nojento. Eu sou nojenta. Eu passei de mão em mão, deixei me tocarem e... Ai, que nojo.

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