Capítulo XXV

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Dark Paradise ; Lana del Rey

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POV Capitão Nascimento

Parado em frente a uma casa com o portão enorme e preto, repenso se é mesmo isso o que eu vou fazer. Eu vim aqui pra conversar com Fernanda, aconselhado pro Neto, mas e se aquele doido estiver errado? E se deixar pra lá for a melhor e mais viável opção? Porra, cadê o capitão Nascimento quando eu preciso dele? Eu não quero o Roberto. Eu preciso voltar a ser o cara centrado de sempre, porra.

Aperto a campainha, esperando que venham me atender. Uma mulher mais velha abre o portão, me olhando confusa.

— Capitão Nascimento. — Estendo minha mão. — Fernanda está?

Ela me cumprimenta e sorri. Ainda com a cara fechada, sigo a mulher até dentro da casa. É bem bonita, na verdade. Há pouco verde. Diferente de Marjorie, Fernanda não é muito fã de plantas.

Seguindo por corredores e escadas, chego, finalmente, na porta do quarto de Fernanda. Eu sei porque a porta está entreaberta, então posso a ver.

Entro no quarto, com passos firmes. Eu preciso resolver isso logo.

— 09... Está melhor? — Ela não parece envergonhada mas também não parece ter superado o ocorrido, e tudo bem porque eu também não. Aquilo me custou muitas coisas valiosas que preciso esquecer, mas ainda não.

— Estou bem melhor agora, senhor. Obrigada pela pergunta.

— Sabe porque estou aqui. — Afirmo.

— É, eu imagino que esteja querendo falar do beijo. — Ela faz uma breve pausa. — Eu não sou mais uma adolescente idiota, capitão. Quando eu quero uma coisa, eu vou atrás. Foi assim com a faculdade, com a polícia e foi assim com o BOPE. E eu quero o senhor e não sinto vergonha em admitir isso agora. — A maturidade e firmeza dela me surpreendem. Surpreendem o suficiente para que eu me recoste na parede, cruzando os braços.

O que ela quer que eu diga? Não posso dizer que a quero também porque seria a maior mentira que contei em toda minha vida, mas a troco de quê eu vim? Eu vim pensando que ela mentiria e diria que nada do que me disseram é verdade pra assim dormir em paz, mas ela não o fez. Ela só me deixou ainda mais transtornado.

— Marjorie acabou com nosso relacionamento... Graças ao beijo. — Não falo pra deixá-la culpada, mas pra desabafar.

— Eu sinto muito que esteja triste, mas não posso dizer que não estou aliviada. Ela não era mulher pro senhor... — Por que todo mundo diz isso? Eu é que decido quem é a mulher ideal pra mim e aquela bandida é. Porra, eu amo ela, caralho. — Mas eu sinto muito. De verdade.

— Também vim ver como estava. Quando pretende voltar? — Tento mudar de assunto pra não ser cruel com ela.

— Assim que minha ferida estiver melhor. Odeio não estar trabalhando. — Sorri.

— Todos sentem sua falta.

— Isso é uma grande mentira. Me chamam de bruxa, capitão. — Ela gargalha, aceitando o fato. Realmente, ninguém gosta dela no batalhão. Mesmo sendo nova, ela impõe respeito, então as pessoas acham que ela é arrogante. E talvez seja.

Conversei por mais um tempo com Fernanda, até me dar conta que deveria voltar pra casa.

Seguindo pra casa, passo em frente ao prédio de Marjorie, de propósito. Queria ver se a encontrava na porta, mas ela não está, mas o carro de Neto está bem na frente. Ele acatou meu pedido. Pedi a ele que fosse ver como Marjorie está e se ela estava precisando de algo. Eu sei que ela não vai querer me ver, mas também não quero que ela fique desamparada. Mathias não está e eles são a única pessoa que ela tem aqui, com excessão de mim, óbvio. Ela sempre me terá e isso é uma merda.

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