Capítulo XL

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- Vídeo Games; Lana del Rey

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POV Marjorie Cerrado

Meus dias se tornaram cansativos e corridos, mas enquanto eu puder acompanhar a recuperação de Beto e estar com ele, eu estou feliz. Estou satisfeita até.

Eu não tenho ido trabalhar, não tenho ido a faculdade, não tenho nem ido pra casa. Tudo o que eu faço é estar aqui e estar com meu Beto. O bom de ser amiga de meus chefes é que eles pegam leve comigo. Sabendo do que aconteceu com Roberto, Ludmilla e Pedro me apoiaram e disseram que se viram sem mim. Não é como se eu fosse essencial, então eles podem se virar sem mim por algum tempo.

Agora, estou parada, observando Beto tomar banho. Ele consegue ficar em pé, com dificuldade, então apenas fico aqui pra auxiliar.

- Quer me ajudar, doutora? - Ele me encara, se apoiando na parede.

- Sou advogada. Não enfermeira. - Provocando ele, como de costume, me aproximo.

- Quer que eu chame uma enfermeira então? - Ele inclina a cabeça para o lado, arqueando as sobrancelhas.

- Quer que eu chute sua canela? - Brinco, cruzando os braços.

- Estou com saudades. - Ele envolve minha cintura com os braços, mesmo com dificuldade, e apoia a testa em meu ombro. Eu sei bem o que ele quer dizer quando diz que está com saudade, mas, mesmo estando sedenta também, ele vai esperar se recuperar.

- Também estou, amor. - Descruzo os braços, o envolvendo com cuidado. - Mas precisa esperar os machucados melhorarem.

- Mas o tiro foi na costela e não no pau. - Gargalho ao ouvir essas palavras saírem, inocentemente, da boca de Roberto.

- Mas você vai fazer esforço.

- Por favor...

- O quê? O Capitão Nascimento pedindo por favor? Espera. Eu vou gravar isso.

- É sério, Marjorie. Não sabe o que é estar de cama há três semanas.

- Meu velhinho rabugento... - Seguro seu rosto com as duas mãos, acariciando sua pele. - Prometo que, quando você melhorar, vou dar pra você até você pedir descanso.

Sorrindo discretamente, balançando a cabeça em negação, Beto nos afasta. O ajudo a enrolar a toalha na cintura e o levo até a cama novamente.

- Quero ir pra casa. Quero ver meu filho, trabalhar, comer comida boa...

- Roberto, você está se tornando um velho chato. - Me irrito depois de ouvir tanta reclamação. - Nao gosto de homens que dão trabalho nao, tá?

Ele me encara por um breve momento mas depois vira o rosto, resmungando.

Sorrio comigo mesma ao ver a reação dele. É óbvio que eu não vou deixar ele sozinho aqui e eu sempre gostei de homens que dão trabalho, mas quis fazer uma piada com ele. Mesmo mantendo a marra, deito a cabeça sobre o peito dele, ouvindo o coração bater. É o som que mais me acalma agora. Faço isso todas as noites.

Depois de um momento em silêncio, Roberto desce seu olhar, se encontrando com o meu.

- Posso te pedir uma coisa, madame?

- Se não for me incomodar demais, pode.

- A senhora, por acaso, quer morar comigo? - A mão dele repousa na minha cabeça, fazendo carinho.

Quê?

- Beto... O que...? - Desgrudo meu ouvido de seu peito, levantando a cabeça e o encarando melhor.

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora