Capítulo VIII

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- All for us; Zendaya

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POV Marjorie Cerrado

Dizem que a gente nunca vai saber a sensação de morrer, antes do seu fim chegar, mas eu discordo. No momento que vi a minha irmã cair ao chão, com a coxa ensanguentada, escorrendo pela perna, ali foi o meu fim. Eu senti que eu morri ali. Meus medos, que antes eram inúmeros, se tornaram um só: perdê-la.

- Luana! - Um grito de dor se desprende de minha garganta.

Eu não ligo para Rafael, para Baiano, para Nascimento. Tudo o que eu consigo fazer é reunir forças para empurrar Rafael para dentro da ONG, e correr até Luana.
Me abaixo ao lado dela, apoiando seu corpo contra o meu. Seus olhos estão inundados, fixos aos meus. Porra. Que merda do caralho.

Me arrasto com Luana para dentro da ONG, aos prantos. Eu preciso ser forte. Preciso ser forte por ela, pela minha mãe, por Rafael.

- Por favor, fica quietinha. Por favor... - Pego um pedaço de pano, já sabendo o que vou fazer.

Se tem uma coisa boa em ser amiga de policial é saber improvisar um torniquete. Amarro bem forte o tecido, tentando impedir a circulação do local. Uma vez, Mathias me disse que a maioria das mortes por bala ou perfuração, é pelo sangue perdido e não por afetar algum órgão.

- Desculpa. Desculpa, Lu. Desculpa. - Rafael repete isso tantas vezes que fico com pena. Tento me concentrar o máximo no que estou fazendo e não ligar para Rafael chorando ao meu lado, pedindo perdão. A culpa não é dele. Eu não deveria odiar uma criança.

- Não foi sua culpa, cabeçudo... - Luana está fraca. Merda, o que eu faço?

- Me perdoa... - Rafael afoga o rosto no cabelo cacheado de Luana, chorando e segurando a mão dela.

Minhas mãos estão cheias de sangue, e Rafael está hiperventilando, chorando e tremendo. Merda. Merda. Merda.

Tenho uma criança ferida e a outra em uma crise de pânico. Agora fudeu. Abraço o garoto, pensando no que posso fazer para acalma-lo e resolver essa situação. Sujo as paredes com a minha mão cheia de sangue de Luana, enquanto minha irmã choraminga de dor. Merda, Nascimento, cadê você?

- Está tudo bem... Já passou. Respira. - Seguro o rosto de Rafael, induzindo ele a respirar junto comigo.

Eu preciso me concentrar em Luana, mas tudo o que eu podia fazer, eu fiz. A única coisa ao meus alcance era improvisar um torniquete, e isso eu já fiz. O tecido, antes branco, se torna vermelho vibrante. Puta merda.

- Rafa, está tudo bem... - Controlo minhas lágrimas, tentando passar segurança ao menino.

Seguro a mão de Luana e acaricio o cabelo de Rafael, tentando acalmar os dois. Fecho os olhos, deixando as lágrimas caírem silenciosamente.
Deus, se você existe, me ajuda. Por favor, me ajuda uma vez na vida. Já não basta tudo o que eu passei? Me ajuda...

Ouço um último disparo, sem mais nenhuma sequência, o que me indica o fim dessa batalha insana. Me resta a aflição em não saber de quem foi esse último tiro.

Em um susto, afastando meus pensamentos, a porta da ONG é aberta. Nascimento está ali, parado a minha frente e respirando fundo. Ele está aliviado em ver que o filho dele está bem, o que eu até consideraria egoísmo, mas eu também ficaria mais calma se Rafael estivesse sangrando e não minha Luana. Rafael corre para o pai e o abraça.

Nascimento, então, abraça o filho intensamente, por um breve momento.

- Terminou. Pegamos o desgraçado. - Nascimento se aproxima. - Me dá a garota. - Ele se abaixa, pegando o corpo mole de minha irmã de meu colo, e erguendo em seus braços. Ele corre com ela nos braços por inúmeras ladeiras e algumas escadas.

Obrigada por me ajudar dessa vez....

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Olá, docinhos. Tudo bem?

De ante mão, peço desculpas pelo capítulo extremamente curto mas há um motivo plausível. Vou postar esse capítulo e mais um porque sou ansiosa. Espero que gostem

⚠️Para melhor experiência, escute a música enquanto lê. Eu juro, é outra sensação.⚠️

Nos vemos em breve.

- Milésima esposa do Capitão Nascimento 💋

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