Capítulo XLV

613 43 126
                                    


______♡______
POV Marjorie Cerrado

Eu deixei meu anel no banheiro do Major de propósito pra poder voltar lá. Ele provavelmente não viu lá e eu preciso do meu amado anel. Não foi um dos meus planos mais brilhantes, mas deve ser o suficiente pra eu conseguir voltar lá. Eu deveria ter feito amizade com a bruaca da mulher dele.

Apertando a campainha, espero alguém da casa me atender. Eu sei que o Major não está, então eu não corro risco nenhum aqui. Eu espero.

— Bom dia... — Uma senhora surge na porta, abrindo um pouco.

Quando vim ontem, não a vi aqui. Ela está com roupas simples, o cabelo amarrado em um rabo de cavalo curto e uma colher de pau na mão. Seria uma diarista?

— Bom dia. Eu deixei um anel aqui ontem e gostaria de pegá-lo. — Deixei minha bolsa no carro, longe da entrada da casa. A única coisa que trago comigo é o meu celular pra tirar foto de extratos, informações bancárias, transações suspeitas, comprovantes ou qualquer coisa que levante mesmo que uma minúscula suspeita de que aquele velho calvo está envolvido em merda.

— Oia, você vai logo antes que a Lilian chegue. — Ela me dá a mão, me puxando para dentro.

Eu não entendi o porquê de eu ter que entrar antes que a dona da casa chegue, mas eu assinto e entro rapidamente.

— Você sabe onde perdeu, filha?

— Eu não sei... Quando eu vim ao banheiro, eu o tirei e não lembro se peguei novamente. — Com uma expressão de confusão, olho pra ela com um olhar inocente.

— Você é tão bonitinha, novinha. Não se parece com a outras. — Mexendo em um dos meus cachos, a senhora fala. Ela está olhando para meu cabelo com uma admiração. Que coisa linda. — Quer uma água?

— Não, meu bem. Obrigada, viu? — Sorrio.

Ele é um doce. Me sinto péssimo estou enganando uma senhora tão gentil mas que se foda.

— Oia, você vai procurando aí que eu vou adiantando meu almoço. Daqui a pouco meu Didi chega. — Com uma mão repousando em meu ombro brevemente, a senhorinha sorri e sai.

Ela me deixou sozinha pra explorar a casa? Ela é doida?

Bom, não me importa a sanidade dessa senhora. Eu preciso ser ágil.

Indo diretamente ao escritório do Major, reparo que a porta está entreaberta. Ele não está em casa e Lilian saiu, então só pode ter sido a senhorinha que deixou. Acho que essa senhora é um anjo enviado por Deus.

Entro, fechando a porta atrás de mim. A sala não é enorme, mas é um cômodo bem grande. A mesa é localizada ao centro, e as paredes são tomadas por prateleiras com classificadores e fichários. Uma, em específica, tem apenas uma estante com livros. Machado de Assis , Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado. Esses livros são dele? Desde quando policial têm cultura? Eu duvido muito que ele já tenha lido "Seara Vermelha".

Marjorie, foco!

Vou até a mesa dele, começando minha pequena investigação por lá. Os poucos papéis que há encima da mesa são de contabilidade da casa. Contas de luz, água, e nossa, esse povo gasta uma luz que só Deus. Desculpa, meu espírito de pobre falou mais alto.

Foco, Marjorie!

Abro as gavetas, dando de cara com uma pistola. Embaixo da arma há alguns papéis. Não penso duas vezes antes de pegá-los. Afastando a pistola, pego os papéis que estão unidos graças a um grampo. Estão enumeradas até a página quinze.

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora