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POV Marjorie CerradoO porta-malas do carro escondia o corpo dele, até não esconde mais. Beto surge com uma cesta de chocolate com um ursinho dentro, e se apoia na lataria do carro.
— É pra mim? — Admirada e apaixonada, me aproximo, sorrindo.
— É. — Com aquele sorriso pequeno de sempre, ele me entrega a cesta.
Coloco-a encima do carro e envolvo o pescoço dele com meus braços.
— Está merecendo uma recompensa. — Sorrio maliciosamente, dando um beijo rápido nele. Me esqueço completamente da existência de Diógenes dentro do carro, até que ele me obriga a lembrar.
— Olá, filhinha. — De um jeito sínico, Diógenes vem até mim e coloca o braço por cima de meu ombro.
— Não força. — Empurro o braço dele, me afastando de Beto.
Eu me senti bem quando eu e Diógenes nos abraçamos. É estranho porque eu deveria me sentir péssima, mas me senti bem e queria abraça-lo de novo. Porém, se eu pedir, ele vai achar que está tudo bem e não está. Meu coração está dividido entre gostar dele em um momento e odia-lo sempre.
Diógenes e Roberto vão até a cozinha com as sacolas, enquanto eu os observo de longe. Beto faz de tudo por mim. Ele ajudou Diógenes com essa palhaçada por mim, ele vive cuidando de mim e eu me sinto mais amada do que nunca. Eu não deveria esconder dele. Ele vai me entender. Ele não vai jogar fora tudo que a gente tem por uma coisa do meu passado. Eu deveria contar a ele. É isso. Eu vou contar a ele. Não hoje. Mas vou contar.
— Por que a mamãe não vem também?
— Lua, no momento, a nossa mãe não quer ver nem a mim e nem ao Major. — Encaro minha irmã, pensando em como minha mãe pode estar. Eu amo a minha mãe, sabe? Mas eu fico tão bem quando tô longe dela. E ela sempre faz questão de me deixar mal e provavelmente iria dar uma merda do caralho juntar ela e Diógenes em uma casa.
— Que loucura né? Seu pai é amigo do seu namorado.
— Coisa que só acontece em filme. — Gargalho.
— E em livro.
Indo em direção a cozinha, lembro daquela foto que achei quando invadi a casa de Diógenes. Era a minha mãe. Eu sabia que conhecia aquela mulher. Eu só não me toquei na hora, mas eu sabia que conhecia.
Meu Deus, eu esqueci de Ludmilla. O que eu vou fazer agora? Eu vou continuar com essa investigação contra meu próprio pai? Seria mais fácil coletar informações agora, mas eu fiquei tanto tempo sem pai e ele nem teve a chance de me mostrar se é bom ou não. Porra, o que esperar desse velho lazarento? Por que ele tinha que aparecer justamente agora?.
— Aí, Nascimento, lembra quando a gente fez aquele churrasco lá em casa e você levou a... — Diógenes está servindo Roberto com uma cerveja, enquanto fala baixo. Acho que ele não quer que eu ouça e agora mesmo que eu quero ouvir.
— Levou quem? — O interrompo.
— Não, ninguém.
— Se for começar a nossa relação de papai e filhinha mentindo, já começou errado. — Pego o copo que Diógenes ia beber, e bebo de vez. Essa cerveja tá quente. Cruzes.
— É que teve uma vez que eu levei uma garota pra casa de Diógenes e ele encontrou a gente num momento não muito agradável. É só isso. — Roberto fala, dando de ombros. Só isso? Só isso. Passado é passado. Mas quem foi essa vagabunda?
— Ah... — Passo a língua nos dentes, tentando não demonstrar o leve ciúmes que me invade com intensidade.
Respiro fundo, arqueando as sobrancelhas por um breve momento e volto a me servir de cerveja. Depois de Beto colocar o pão de alho pra assar, ele se senta junto com a gente na mesa que eu e Rafael colocamos no quintal.
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Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionNa favela onde Marjorie cresceu, há pouca expectativa de vida; ou você vira um traficante ou vira fiel de um. Ela não queria isso. Ela não queria ser usada por um traficante como troféu, então decidiu se tornar acompanhante de luxo de ricaços do Leb...