Capítulo LXVI

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- Enemy; Imagine Dragons

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POV Marjorie Cerrado

Ao ver o corpo de Roberto sumir pela porta, me concentro fielmente no que vim fazer. Antes de sair, ele me beijou. Me beijou e ali eu soube exatamente que seria a última vez. Nós não vamos voltar e ele deixou isso implícito. O foda é que eu senti que nos conectamos ainda mais essa noite. Nosso filho, nosso sexo... Eu fui usada e eu tenho completa consciência disso, e eu não sei se eu sinto raiva ou pena dele. Mas eu fico agradecida porque isso só me fez crer que maturidade não vem com a idade e me fez abrir os olhos e decidir por um ponto final de vez. Nada de se corroer por lembranças. Mesmo com raiva dele antes, eu o queria. Queria o perdão dele, mas agora eu já não faço questão. Roberto foi e é um homem que eu amo muito. Foi o meu primeiro namorado e é pai do meu filho, mas eu vou ter que dar meu jeito e superar essa merda porque ele é um babaca. Tudo o que ele vai ter de mim agora será a indiferença.

E eu vou começar de agora: esqueça ele e foque no que veio fazer. Vasculhando aqueles fichários da última vez, encontro aquele onde está nomeado como "Relações Sociais". Ele tem uma foto com o governador, com o ex presidente e com o ministro da economia. Parece que meu papai tem um ciclo bem curioso.
Bom, isso não me importa agora.

Não consigo encontrar nada, mas na gaveta dele tem uma agenda com alguns contatos. Não estão nomeados então ele deve saber de quem é cada um. Pode ser de amantes mas também pode ser coisa importante, então tiro foto e mando pra Ludmilla.

Continuando a fuçar, mexo em um dos classificadores com aos detalhes e extratos bancários da casa, ou de Lilian. Eu sei que não é dele porque ele não seria idiota de deixar elas guardadas aqui.. ou seria?

Vou até a estante, abrindo as gavetas inferiores. Sento no chão, tirando os livros da prateleira. Repito isso em todos os três armários cheios de livros e classificadores, até que meus olhos se batem exatamente no que eu imaginei: um cofre. Um cofre escondido que eu nunca vou saber a senha mas pelo menos já sei que existe. O que ele tanto guarda nisso? Bom, isso eu vou descobrir mas não agora.

Antes de sair, tento colocar a data de nascimento dele e da minha avó, mas não vão. Pensei em colocar a minha data de aniversário mas é óbvio que não é. Seria muito óbvia e Diógenes não é esse tipo de pai... Mas e se for? Não. Não é não.

Mas e se for?

Ao digitar, no teclado do cofre, os algarismos 2 1 0 8, o cofre se abre. Papai, seu completo imbecil... Gargalho, satisfeita, rindo sozinha.

Porra, esse homem é um imbecil em colocar a minha data de nascimento em um baú de tesouro desses. Meus olhos se voltam a um envelope marrom. Seguro ele nas mãos, sentindo a textura. Cacete, meu irmão, aqui tem uma grana preta. Puta que pariu, esse homem é doido?

Dentro do cofre há também uma pistola e alguns outros envelopes.

Analiso minuciosamente cada um e cada um é mais dez anos de cadeia pro vovô do ano. Foda-se. Ele se meteu nisso porque quis e agora que pague. Eu poderia até ter pena dele, mas ele foi um monstro com Ludmilla e ela merece vingança e bom, eu só quero ele longe de mim.

Antes de sair, fotografo o conteúdo dos envelopes, transações suspeitas e parece que ele está aplicando o dinheiro de Lilian na ONG, e, curiosamente, nunca vimos esse dinheiro.
Ai, papai, seu completo idiota...

Saio do escritório, guardando os envelopes comigo.

Meu corpo treme ao ver aquele ordinário do comandante Marcelo atrás de mim. Essa história é toda maluca. Quem iria imaginar que o babaca do Marcelo me contratou, me deu uma grana do caralho, pra convencer um gringo a investir nesse negócio sujo? Porra, a gente é realmente só uma peça no tabuleiro dos gigantes e a gente só ve isso quando abre os olhos.

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