Capítulo LII

600 42 95
                                    

______♡______
POV Marjorie Cerrado

Roberto se ofereceu pra me apoiar nesse momento e confrontar minha mãe juntamente comigo, mas preferi deixá-lo fora dessa. Eu acho que só dificultaria tudo ainda mais porque minha mãe não iria gostar de falar sobre isso na frente de ninguém, mas aceitei quando ele propôs levar Luana pra nossa casa enquanto eu conversava com minha mãe.

Eu não consigo explicar o que eu estou sentindo. Não consigo dizer o quanto me dói saber que esse tempo inteiro eu poderia ter tido um pai. Eu poderia ter tido tanta coisa... Merda, mãe.

Eu não a julgo por ter se afastado de Diógenes e não a julgo por ter se separado ou seja lá o que foi que aconteceu, mas eu merecia saber quem era meu pai e que ele nao era um babaca completo. Talvez ele seja um babaca, mas ele estava disposto a me conhecer. Ele queria me conhecer.

— A senhora sabia que o Major é meu pai, não sabia? — Entro com tudo no apartamento que ainda tenho a cópia da chave.

— O quê?

______♡______
POV Julieta Cerrado

— "O quê?" Nada. Me responde e sem rodeios. — Marjorie levanta da cadeira apressadamente..

Eu nunca a vi dessa maneira. Ela nunca me confrontou desse jeito. Nunca gritou desse jeito. Uma parte de mim se irrita e fica furiosa querendo arremessar algo nela, mas outra parte de mim se entristece porque essa parte reconhece que ela está certa.

— Marjorie...

— Mãe, ele é ou não meu pai?

— Ele não queria a gente, Marjorie! — Meu corpo desaba na cadeira a minha frente. — Ele era casado e quando eu fui contar, ele me desprezou. — Desesperada, deixo minhas lágrimas caírem.

Eu, geralmente, não ajo por emoção. Acho que Marjorie nunca me viu chorar, nem no dia em que Luana foi baleada, mas Diógenes é um assunto delicado.
Ele era o amor da minha vida, mas me sufocava. Me encurralava. Eu era dele mas ele era de outra. Eu não pude fazer nada além de engolir esse amor e foi quando eu descobri que estava grávida.

— Ele pode ter sido um babaca com você mas ele disse que nunca soube da minha existência. — Marjorie parece diminuir a raiva ao notar meu desespero.

— Eu não contei a ele que estava grávida. No dia que eu descobri, ele tinha acabado de reatar com a mulher dele. "Eu amo você mas entre você e ela, eu escolho ela." — Faço uma breve pausa, deixando as lágrimas saírem — Foi isso o que Diógenes me disse quando eu fui procurar ele. Eu sequer pude falar o motivo da visita. Eu não consegui dizer que estava esperando um bebê. Eu era só uma garota no corpo de uma mulher de vinte e três anos. Eu não sabia o que fazer, Marjorie.

— E todos esses anos? Por que não me falou dele? Por que mentiu dizendo que ele sabia da minha existência?

— E o que eu ia fazer? Ia te contar histórias lindas de pais e filhas e te iludir dizendo que ele apareceria pra você? Eu achei até que ele já estava morto.

-— Eu entendo seus motivos, mãe, mas eu preciso de um tempo.

— Se ele jura querer te conhecer, ótimo. Mas eu não espero nada de bom desse homem.

— Deveriam conversar....

— Conversar? — Sorrio, desdenhando. Marjorie não sabe o quanto me dói ouvir isso. Não sei nem se eu conseguiria falar com Diógenes sem chorar. Ele foi e ainda é o meu amor. E me dói muito porque mesmo amando ele e mesmo se tivéssemos a oportunidade de ser dele novamente, eu nunca me prestaria a isso. Eu já não sou uma jovem. Eu tenho que ter dignidade.

A cada vez que eu via ele com a mulher, ou quando eu o via passar com a viatura, ou quando ele era televisionado, a cada vez meu coração se partia mais até que não sobrasse nada.

Ele era meu. Era meu e depois conheceu a esposa. Terminaram e ele veio pra mim. Mas aí voltaram e o resto é só detalhe.

Se ele era meu, por que não ficou? Acho que ele nunca foi meu.

Eu só queria o Diógenes que eu conheci. Eu só queria ele, mas nem ele era mais ele. Eu não podia deixar Marjorie viver sendo a filha bastarda.

Mas ainda me lembro das promessas idiotas que eu, burra, acreditava. Ele dizia que me amava, que deixaria a esposa e que nos casaríamos e morariamos juntos numa casa com quintal pros nossos netos. Eu não entendo. Como alguém que me olhava daquele jeito não me amava?

______♡______
POV Major Diógenes Camargo

Não. Eu não amava a minha esposa, Lilian. Meu verdadeiro amor era a Julieta. Mas Julieta não tinha o que eu precisava: dinheiro. Lilian me tinha nas mãos por causa do dinheiro e eu tinha Julieta nas mãos por causa do amor que ela sentia.

Eu não sabia da existência de Marjorie. Eu sequer procurei saber de Julieta depois que Lilian me colocou contra a parede. Na última vez em que a vi, Julieta queria me contar uma coisa. Não deixei. Não deixei porque não podia vacilar na minha decisão ou então Lilian pediria o divórcio e eu ficaria sem nada. Eu só não sabia que o que Julieta tinha que me contar era sobre a existência de um bebê. Uma filha.

Lilian nunca pôde ter filhos, e eu até agradecia por isso, mas eu sempre quis uma menina pra chamar de minha filha. Pra cuidar juntamente e unicamente com Julieta, porque ela seria a única com quem eu teria filhos e parece que realmente aconteceu.

Eu me odeio por não ter deixado ela me contar sobre Marjorie. Eu perdi todos esses anos longe dela. Eu perdi tantas primeiras vezes dela. Perdi primeiras palavras, primeiros passos, primeiro dia na escola. Eu não pude ensinar ela a andar de bicicleta e não pude ensinar ela a se defender de homens babacas como eu. Pelo menos ela tem Nascimento, que é um grande amigo.

— Eu vou fazer de tudo pra recuperar o tempo perdido. — Sussurro pra mim mesmo, bebendo meu whisky de sempre.
__________________________________________________

Olá, docinhos. Tudo bem?

Vilão também ama, gente 😭

⚠️Para melhor experiência, escute a música enquanto lê. Eu juro, é outra sensação.⚠️

Nos vemos em breve.

         — Milésima esposa do Capitão Nascimento 💋

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora