Capítulo XVI

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- Pray for me; The Weeknd


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POV Marjorie Cerrado

As últimas semanas tem sido incríveis. Eu e Roberto estamos cada vez mais próximos, cada vez mais íntimos. É estranho estar apaixonada por alguém que conheci há meses, mas a gente passou por tantas coisas juntos que eu não consigo mais nem enganar a mim mesma. É essa a verdade: eu tô apaixonada por ele.

Acaricio seus cabelos, admirando ele dormindo ao meu lado. Estamos na casa dele, no quarto dele, na cama dele. É estranho. Hoje foi a primeira vez que vim na casa dele e parece que Roberto só está permitindo que eu entre na vida dele agora, mas cada um tem seu tempo então eu preciso respeitar, mesmo que eu queria pular nos braços dele todas as vezes que eu o vejo e mesmo que eu não queira ficar mais um segundo longe. Eu me sinto tão idiota.

Eu já não sei se quero aquele dinheiro que Marcelo me ofereceu pra transar com Joseph. Porra, dez mil é grana pra caralho mas eu não quero nenhum outro homem me tocando. Eu sei, é idiotice ser fiel a ficante, mas eu já não vejo ele como mais um que teve acesso ao meu corpo. Os momentos que temos passado juntos, no cinema, na minha casa, passeando, todos esses momentos têm significado pra mim e eu sinto que ele está se entregando a mim também.

Levanto da cama, ansiosa com meus próprios pensamentos sobre Roberto, e caminho, calçando o chinelo dele, para fora do quarto. É tudo muito bem organizado, o que não me surpreende porque ele vive me julgando pela bagunça. Esse é o problema em ter um cara mais velho: eles sempre vão ser mais responsáveis que você e vão te julgar por isso. Mas tudo bem, aquele corpo maravilhoso compensa o temperamento chato dele.

Meus olhos percorrem a sala arrumada e aconchegante, com paredes em tom de azul e um sofá com estofado branco.

Encaro o painel onde a televisão está localizada ao centro e, nas prateleiras ao lado, há alguns retratos. Sorrio ao ver a foto de Rafael mas um em específico me chama a atenção. Roberto, Rosane e Rafael. Uma família feliz e perfeita. Até os nomes combinam.

Eu não consigo sequer pensar em nada, apenas mordo o lábio inferior, tentando controlar meus ciúmes. Uma melancolia me invade, mas também sinto vontade de arremessar esse retrato na parede.

Calma, Marjorie. Ele tem um filho com ela e são amigos.

Onde eu me meti? Eu tô com um cara que tem filho e é amigo da ex. Porra, é como se eu fosse uma intrusa. Será que um dia eu e ele teremos isso? Teremos um retrato desses na prateleira da parede?

Respiro fundo, me controlando pra não ter uma crise de ciúmes desnecessária, e vou até a cozinha beber água mas encontro bolo de milho então como.

Sentada na cadeira, com uma perna apoiada no acento, vestida com a camisa de Roberto e com o chinelo dele, enquanto corto o bolo com uma faca Tramontina e como os pedaços com a mão: é assim que Roberto me encontra.

- O que está fazendo aqui e assim, morcega? - Pergunta, acendendo a luz da cozinha.

Eu poderia rir da piada dele, poderia me levantar e ir embora, poderia fazer tanta coisa, mas resolvi fazer a coisa menos madura que eu poderia fazer. Eu sou uma mulher centrada. Eu nao ligo, de verdade, em magoar homens. Nunca liguei. Eu tô pouco me fudendo pra eles, na verdade, mas Roberto me vira a cabeça. Me irrita o fato de eu ser uma pessoa completamente diferente perto dele. Ele desperta a minha pior personalidade: a carente sem pai.

E talvez não seja só carência. Eu costumo dizer que mulheres ficam cegas e burras quando estão apaixonadas, e é assim que eu estou. Eu coloquei um maldito óculos rosa e romantizo tudo o que tem a ver com Roberto mas eu preciso de uma dose de consciência. Eu preciso recobrar o juízo. Eu preciso da Marjorie do velho testamento.

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora