Capítulo LXIV

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POV Capitão Nascimento

Me levantando, lentamente, encaro o menino com superioridade. Não existe outro Major Camargo no Rio de Janeiro e esse moleque não mentiria. Não tem o porquê. Mas eu também não quero aceitar que quem veio com o tal do gringo foi Diógenes. Que merda eu faço agora?

Eu sei que existe polícia corrupta, mas nunca no BOPE. No BOPE se for corrupto se fode. O problema é que eu posso falar pela minha tropa, mas e quanto a equipe dos outros? É de fuder. Puta que pariu.

- Vamo matar o moleque não. - Suspiro, desviando o olhar.

- Não, senhor! Eles vão me torturar! - Os olhos do garoto se transformam em uma esfera totalmente cheia de terror e pânico.

- Calma, moleque. Você ainda é importante. - Me aproximo de 02.

- O que quer dizer, capitão? - 02 pergunta, com uma cara de otário confuso.

- Que esse moleque vai ajudar a gente a encontrar essas armas.

- E se ele vier de caô?

- Você sabe que não tem outra alternativa, não sabe? - Abaixo meu tronco, deixando na direção do moleque, enquanto apoio as mãos nos joelhos. - Sabe que se vier de gracinha, vai se fuder comigo e vai ser pior do que seria com o dono dessa porra, não sabe? - Olho no fundo dos olhos dele. Qualquer um que analisar o menino assim sabe que ele não tem coragem pra nada. Não sei porque entrou nessa vida, mas ele é um merda. Por isso não vou poder contar totalmente com ele.

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- O plano é o seguinte: Se o moleque estiver certo, o que eu espero que não, Diógenes vai querer encobrir os rastros. - Andando de um lado a outro, com minhas mãos atrás das costas, começo a falar. - Dito isso, nós vamos fingir que descobrirmos onde estão essas armas e, se Diógenes for mesmo culpado dessa merda, ele vai querer ir com a tropa dele. E é aí que nós entramos. - Me aproximo de Mathias. - Grampear telefones... Tem como?

- Capitão, só com o secretário.

- Eu quero sigilo, André. Veja como vai fazer mas eu quero esses telefones grampeados.

- Mas e se ele não for culpado?

- A gente vai perder tempo mas eu vou tirar um peso das costas. - Não deveria e não posso usar minhas tropas pra isso, mas se esse idiota estiver metido nisso, ele não vai ser perdoado. - Essa missão deixou de ser apenas pro BOPE e se tornou algo pessoal, então eu vou pedir pra vocês, como o Roberto e não como capitão, sigilo total.

Todos consentem, saindo da sala. Me sento no sofá, bufando e espraguejando. Deixo um sorriso suspirante sair quando me lembro de quando eu Marjorie estávamos nesse sofá. Que saudade daquela bandida. Não quer nem pensar em como ela vai ficar se Diógenes realmente for um filho da puta de um corrupto.

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POV Marjorie Cerrado

Eu sequer me lembrei de levar o carro na oficina, mas às doze, Felipe está a minha espera, no estacionamento, com aqueles olhos pretos fixos em mim.

- Que merda...? - Me aproximo, cruzando os bracos.

- Não me falou nada, imaginei que tinha esquecido do carro.

- Olha só, cara, eu não quero sua ajuda. Eu sei bem que não é só consertar meu carro o que você quer.

- Tem razão. Quero te convidar pra almoçar. - Um sorriso surge em seu rosto, enquanto ele passa a mão pelo cabelo extremamente escuro, com alguns fios grisalhos.

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