- Him and I; Halsey
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POV Marjorie Cerrado- Você não vai trabalhar hoje? - Sentada no banco do passageiro, pergunto, enquanto observo a paisagem urbana pela janela.
- Não. - Roberto continua olhando para frente, dirigindo.
- Você nunca tira folgas. - Dou de ombros, apoiando a cabeça na janela fechada.
- Isso foi antes... - Roberto é um homem corajoso, em grande parte do tempo, mas desde o que aconteceu comigo, ele fica cada dia mais receoso em falar qualquer coisa. Parece que ele tem medo de que qualquer coisa me faça surtar, e bom, talvez faça. - Você pretende voltar a trabalhar? - Em parte, eu entendo a pergunta dele, mas achei meio idiota. Eu não posso me dar o luxo de não trabalhar, mas também não vai ser na defensoria. Não posso entrar naquele estacionamento e não lembrar da minha amiga. Não consigo entrar naquela sala e não surtar por lembrar de tudo aquilo e lembrar que não pude fazer nada.
- Eu não consigo voltar lá. - Abaixo a cabeça, brincando com o punho do meu cardigan cor de creme. Minha calça cargo preta é tão folgada que ainda consigo usá-la. Como diria Victoria: eu estou com uma vibe maravilhosa de mãe jovem e atualizada.
Acho engraçado que, em muitos momentos, me esqueço do que aconteceu e de Lud. É assim que funciona o luto? Toda vez que você está quieta e tranquila, você se lembra da pessoa e sente vontade de chorar novamente?
Me tirando da melancolia, Roberto fala.
- Não precisa voltar lá. - Ao ouvi-lo, o encaro como confusão. Ao notar minha reação, ele prossegue. - Você pode ficar em casa, com nosso filho e eu cuido de vocês.
- Você enlouqueceu de vez! - Começo a gargalhar escandalosamente, dando batidas na minha própria coxa. Eu sei que ele está falando sério, e essa é a graça.
- Eu ficaria mais tranquilo sabendo que você está em casa.
- Roberto, não vamos passar o resto da vida juntos só por causa disso. Nós não temos mais nada e a única obrigação que você tem é com essa criança. - Passo a mão pelo rosto, secando as lágrimas que saíram. Essa foi a primeira vez que eu ri de verdade, desde o ocorrido.
- Marjorie, não vamos discutir isso agora.
- Não vamos porque não há nada para ser discutido. - Volto a encara-lo, mas com uma incredulidade expressa. Como ele ousa achar que ainda temos alguma chance juntos?
- Como não?
- Você lembra do que você me chamou? Lembra das coisas que me disse? O nojo passou? - Arqueio a sobrancelha, o desafiando a falar. Nós nao conversamos sobre isso e eu quero que ele fale. Quero que fale tudo o que está preso aí dentro. Ele me perdoou só porque eu fui sequestrada ou ele queria mesmo me perdoar? Porque, se for a primeira opção, ele não me ama de verdade e está apenas sentindo culpa. E eu não quero estar com alguém só porque ele sente culpa.
Roberto apenas suspira, se dando por vencido temporariamente.
Por sorte, o clima tenso tão palpável que estava entre nós se esvai assim que estacionamos no hospital. Viemos fazer a ultrassom para ver se nosso bebê já está melhorando e qual o sexo. Eu tô ansiosa. Dizem que mãe sente essas coisas, mas eu não sinto nada. Bom, eu acho que é um menino simplesmente porque sim. Sem nenhum critério. Isso é o "sentir" que tanto falam? Achei muito incerto.
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- Você sabe que, graças ao que passaram, você precisa ser acompanhada corriqueiramente, não sabe? - Dr. Rodrigo parece um pouco arisco hoje. Caiu da cama, querido?
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Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionNa favela onde Marjorie cresceu, há pouca expectativa de vida; ou você vira um traficante ou vira fiel de um. Ela não queria isso. Ela não queria ser usada por um traficante como troféu, então decidiu se tornar acompanhante de luxo de ricaços do Leb...