Capítulo LX

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POV Capitão Nascimento

Eu já não sei mais o que pensar. Porra, ela me enganou. Passou um ano mentindo pra mim e escondendo que ela era uma prostituta. Mas ela vai ter um filho meu e isso me faz querer anular tudo. Me faz querer esquecer dessa merda toda e fingir que o passado dela não existe. Mas existe. Existe e eu não sei o que fazer com ele.

Os olhos dela estão cheios de fúria, mágoa, tristeza. eu fui o causador disso. Mas ela também me magoou. Como eu fico nessa? Eu não quero deixar a mãe do meu filho mal, mas eu também não consigo assimilar tudo isso. Isso é coisa pra caralho.

— Marjorie, você fez merda. Sabe disso.

— Porra, Roberto, sai daqui.

— Mas podemos deixar isso de lado por um momento e focar nessa criança.

— Essa criança vai ficar bem melhor longe de você porque assim não corremos o risco de você falar merda pra ela também.

— E você queria que eu fizesse o quê? — Abro os braços, indignado. — Descubro que a mulher que eu amo era uma vagabunda e espera que eu faça o quê? Sorria e aceite?

— Vagabunda é a senhora sua mãe. Eu fazia coisas por necessidade.

— Ah claro. Trabalho convencional não existe, não é?

— Sai daqui. Sai daqui antes que você me magoe ainda mais e que seja irreversível dessa vez. — Deixando o orgulho de lado, me aproximo ao vê-la se apoiar na parede e respirar fundo.

— O que foi? Tá sentindo alguma coisa? — Eu não pude cuidar de Rosane como ela precisava. Rafael tinha dificuldade em ganhar peso e ela ficava estressada e apreensiva com meu trabalho e ele sentia isso. Então, eu preciso fazer diferente dessa vez.

— Me larga. — Ela tira minha mão de seu corpo com arrogância.

— Não estou aqui como o cara que você fez de otário. Estou aqui como pai do seu filho.  — Seguro sua mão, puxando pra perto de mim. É difícil estar perto assim e não pensar em quantos inúmeros homens pagaram pra estarem assim. Só de pensar em qualquer homem tocando nela, comendo ela, me embrulha o estômago. Mas eu não posso deixar de lado o fato de que tem um filho meu ali, naquela barriga. — Onde é seu quarto?

Olho, rapidamente, para trás de Marjorie e lá está Diógenes, me fuzilando com o olhar. Porra, por que ninguém me entende? Ninguém entende como eu me senti, e como me sinto traído. Chega a ser repugnante. Eu não consigo entender o que leva uma pessoa a vender o próprio corpo e não consigo entender como ela ficou todo esse tempo escondendo isso de mim.

Diógenes não se aproxima, mas observa cada movimento meu de longe. Eu tô puto pra caralho com ele, mas ele só tava defendendo Marjorie.

Seguindo Marjorie, analisando minuciosamente cada passo que ela dá, a sigo até seu quarto. Ela deita na cama, se cobrindo com o edredom, e eu me sento na ponta da cama.

— O que você está sentindo? — Cruzo os braços, analisando ela com meu ar de superioridade. Não quero que ela ache que estamos bem, porque não estamos, mas também não quero que ela ache que não pode contar comigo.

— Eu tenho me sentido cansada e algumas tonturas rotineiras, mas tô bem. — Marjorie se encolhe, fechando os olhos.

— Deveria ir ao médico.

— Eu vou. Não precisa se preocupar.

— Como não? É meu filho também.

— Você não pareceu tão preocupado com isso quando chamou a mãe dele de puta. — Ainda de olhos fechados, ela fala com uma mágoa evidente na voz. Porra, eu fiz merda.

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora