Capítulo LXXXIV

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POV Autora

Ao levantar da cama, Roberto observa Marjorie se mover. Ele se despede de William, que dorme profundamente após mamar e se despede de Marjorie, com um beijo na testa. Às quatro, Roberto já não está mais em casa. O sol sequer surgiu e o capitão Nascimento já está prestes a subir morro. Muito se fala e se sabe sobre o Roberto Nascimento, mas pouco se tem conhecimento sobre o Capitão Nascimento. O que se sabe é que és agressivo, impetuoso... Ele não se resume a isso, mas agora não importa. Não importa porque não existirá mais capitão.

Ele está sempre sorrindo para Marjorie e está sempre mostrando o quão feliz está, mas ela e nem vocês têm noção dos verdadeiros sentimentos do nosso capitão. Ele não está tranquilo. A cada dia que passava, depois da revolta contra ele e o BOPE, Roberto ficou cada vez mais apreensivo. Nada ocorreu desde então, mas ele vive em estado de alerta. Sempre ligado. Roberto não mencionou para Marjorie que a sua saída do batalhão foi uma proposta própria. Ele não queria, embora saída que a mulher ficará empolgada, que Marjorie o achasse fraco.

Porém, mesmo sabendo que é o melhor para a família, Roberto não pode deixar de se sentir mal com a ideia de não ser mais o Capitão Nascimento.

— Bom dia, capitão. — 07 se aproxima de Nascimento, colocando a mão sobre ombro do capitão. — Vamos sentir sua falta. — Roberto não queria que achassem ele fraco e ele não queria desistir do seu projeto e missão de vida que é ser capitão das operações especiais. Para ele, ficar em casa e cuidar do bebê e de Marjorie seria um sonho. Ter mais tempo para Rafael, cujo completa treze anos hoje, seria magnífico. Mas algo o puxa e o prende nesse maldito batalhão. É mais forte que ele. Não é como se ele amasse entrar em confronto todos os dias, sair de casa com medo de não voltar ou sequer ter tempo para a família e seu lazer, mas ele se sente realizado toda vez que cumpre uma missão. Isso o faz ser o Roberto Nascimento, e ele não saberá o que fazer quando finalmente parar de frequentar.

Seguindo para a sala do coronel, Roberto imagina o que farão sem ele aqui. Não é como se ele se achasse indispensável, mas ele é. A equipe de Nascimento já abateu inúmeros chefes de facção, donos de morros, sem contar as milhares apreensões que fizeram. A equipe que é liderada por Nascimento é uma das melhores das melhores. É a Tropa de elite da elite da polícia militar do Rio de Janeiro.

— Coronel. — Roberto se apresenta, levanto a mão à testa e prestando continência.

— Capitão. — O coronel assente com a cabeça, fazendo o capitão descansar sua postura e se aproximar. — Sente-se.

— Quem vai ficar no meu lugar? — Roberto está apreensivo. Ele não quer que seu trabalho de anos seja jogado no lixo por um sucessor de merda. Ele quer alguém inteligente e tão esforçado quanto ele. Ele quer alguém que seja como ele. Que abdique de sua vida inteiramente em prol do batalhão. O que Roberto ainda vai descobrir é que ninguém está disposto a fazer esse sacrifício. Ninguém crê que viver em prol do batalhão e esquecer da vida pessoal é uma troca justa. Exceto Roberto.

— Você quem vai decidir.

— Tenho minhas dúvidas… — Suspirando, Roberto passa a mão pelo rosto e apoia os cotovelos na cadeira.

— Mathias é um bom garoto… — O coronel sugere.

— Até demais… — Para Roberto, Mathias é um soldado excelente. É inteligente, dedicado, proativo… O problema mesmo é que ele é um cara muito empático e, mesmo que venha evoluindo durante esses anos, ele continua sendo o cara bonzinho, o amigo da vizinhança, o que faria qualquer coisa, até quebrar regras, para ajudar alguém. Mesmo que esse alguém seja aum bandido.

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