Capítulo XLIV

848 56 104
                                    

______♡______
POV Marjorie Cerrado

Às dez, espero ansiosamente pelo momento em que irei pra casa e vou almoçar com meu Beto. Ainda não me acostumei com a ideia de morar junto. É estranho ter alguém o tempo inteiro ali, sabe? Mas não é algo necessariamente ruim. Eu gosto. Ele julga meus livros e minhas músicas internacionais e eu julgo tudo o que ele faz o tempo inteiro. Acho que nossa linguagem de amor é a implicância.

Ludmilla entra na sala, com uma velocidade fora do costume. Fechando a porta ao lado dela, ela se aproxima de mim.

- O que houve, Lud? O que aconteceu?

- Sabe o lugar onde a sua amiga trabalha?

- No puteiro?

- É é... - Ela respira fundo, se sentando ao meu lado. - Diógenes é sócio de lá. Bom, pelo menos é o que uma mulher disse.

- O quê?

- Tô te dizendo. O investigador tem algumas informantes e uma delas disse que ele e seu ex chefe são sócios em inúmeros negócios sujos. Vamos prender ele, Ma.

- Como ele foi tão descuidado? Que homem burro. - Gargalho, dando as mãos para Ludmilla.

Eu não sei o que aconteceu no passado entre a minha mentora e aquele velho carrancudo, mas sei que ele é a única pessoa que a amedronta. Eu sinto que esse velho ainda vai me dar muita dor de cabeça.

|♡|

- Você só pode estar louco. Meu amor, você está com febre? Me deixe ver. - Ironicamente, coloco a mão na testa de Nascimento, medindo a sua temperatura.

- É sério. Por que não dar uma chance a ele? - Com os braços apoiados na mesa, Beto fala entre uma garfada e outra.

- Porque ele me chamou de vagabunda e ameaçou minha chefe/amiga. - Deixo o garfo cair no prato, incrédula com a pergunta de Nascimento.

- Ele só quer falar com você sobre doações para a ONG.

- Ele que fale com Mathias. Fora que eu não estou indo ao morro e você sabe disso. - Volto a comer.

- Por favor, Marjorie.

- Mas por que você quer ir a esse jantar, pelo amor de Deus? Você mesmo estava me defendendo um dia desses.

- Ele não vai tentar nada contra você. Eu prometo.

Por um lado, a ideia de ter aquele homem na próximo a mim, entrar no mundo dele, comer da comida dele e estar inclusa, de certa forma, na intimidade dele, me assusta e até me enfurece. Não quero ele perto de mim, mesmo sendo amigo de Beto.

Por outro lado, eu posso inverter os papéis. Eu vou estar na casa do (mal)dito cujo e vou estar na posição de invasora. Eu posso ir a casa dele e posso descobrir mais coisas e assim ajudar Ludmilla. É isso.

- Está bem. Mas eu aposto que esse negócio de doação é só uma fachada para outras intenções.

- Vou avisar a ele que aceitou, madame. - Sorrindo, Beto pega o celular e começa a digitar.

Eu não sei o que ele quer comigo mas eu aposto que está relacionado a Ludmilla. Eu queria perguntar a ela qual a relação dos dois, o que aconteceu no passado, mas ela não irá me contar. Eu sei que não vai. A vida dela é um livro aberto para mim e se quisesse me contar, já teria dito bem antes da audiência.

|♡|

A noite, meu copo está coberto por um vestido branco, curto. *roupa na mídia*

- Cadê? - Beto pergunta, cruzando os braços e me encarando quando apareço, finalmente, na sala.

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora