Capítulo V

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- The show must go on; Queen

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POV Capitão Nascimento

Marchando sobre os degraus do morro, encaro a nova recruta do BOPE; Fernanda Silva. Analiso cada movimento dela, até a respiração levemente ofegante.

Nós recebemos uma denuncia de tráfico aqui no Morro dos Prazeres. Se tudo der certo, hoje eu pego aquele filho da puta do Baiano. Ele está na minha mira.

Muitos acham ele bobão, desengonçado, mas ele é esperto. Essa pose de bandidinho amigo se esvai assim que um morador não fizer o que ele manda, e eu estou aqui para impedir que caiam na lábia desse cretino.

Silva, vulgo 09, se esgueira pelo muro da casa que foi denunciada, espiando a janela desse muro. Ela gesticula, me chamando para perto. Da última vez que coordenei um curso do BOPE, escolhi Neto e Mathias. Foram as minhas melhores escolhas, e agora, escolhi Silva e Ribeiro. Silva tem se provado cada vez mais digna de minha atenção e possível admiração. Ela é a única mulher aqui no BOPE, e trabalha mais pesado que muitos dos meus homens. Isso me impressiona.

Me aproximo dela, observando-a nos guiar com leveza e maestria. Não seria exatamente com essa calma que eu agiria, mas ela está nos conduzindo bem. Antes de sairmos, disse a ela que se morressemos, seria culpa dela. Disse a ela que se não levasse a sério e se fosse imprudente, iria matar os colegas, iria me matar. Ela sabia que era pura pressão psicológica, mas tudo nesse nosso trabalho envolve pressão psicológica.

Ela não faz nada que eu não mande. Deixei ela nos guiar, mas no momento em que eu disser para ela parar, ela parará. Gosto de pessoas obedientes.

Observo pela janela, chegando a deixar um sorriso suspirante sair. Lá está ele. Baiano, rodeado de alguns poucos garotos e duas putas. Vou adorar explodir a cabeça desse marginal desgraçado.

Assinto com a cabeça, permitindo que Silva denunciasse que tínhamos chegado. Ela dispara contra um garoto ao lado de Baiano. Merda, 09.

Corro atrás do desgraçado e da puta que está de mãos dadas com ele, vendo ele ficar aflito e desesperado a cada passo que me aproximo. É assim que eu gosto.

Em minha mente ecoa às ordens que recebi antes de sair: "Capitão, traga-o vivo e iremos prende-lo"... Prender? Só pode estar de brincadeira. Prisão é um gasto do caralho, e se tem uma coisa que eu defendo fielmente é que bandido solto da dor de cabeça e preso da prejuízo, logo, morto é a melhor opção.

Eu vou atirar. Porra, missão dada é missão cumprida, Roberto...
Respiro fundo, enquanto continuo a correr. Meus colegas estão cuidando dos outros vagabundos, enquanto eu e Silva corremos atrás desses dois.

Um alívio rápido toma conta de mim quando os vejo encurralados. Eu não posso matar o filho da puta, mas assustar eu vou.

- Ajoelha, filho da puta. - Pressiono minha arma contra ele. - Hoje tu só vai escapar de mim, se o próprio diabo te levar.

- Pode me matar, chefe, mas deixa ela ir. A gente tem um filho... Não se mexe com família... - A audácia do pedido dele me irrita. Nessas condições, ele ainda quer negociar?

Em resposta, dou um tiro no pé da vagabunda dele, e mando Silva levar ela embora.

- Agora somos só nós dois... - Coloco a ponto da arma exatamente na cabeça dele.

Baiano está com a cabeça baixa, esperando e aceitando o próprio fim. Vê-lo rendido assim é maravilhoso. É quase tão prazeroso quando fuder. Respiro fundo me contendo para não atirar aqui mesmo, e dou um chute nas costas dele, fazendo ele cair no chão.

- Tu só não vai morrer por causa dos esquerdistas de merda que apoiam bandido vivo. - Chuto suas costelas, vendo ele se retrair de dor.

O coronel disse que o queria vivo, mas não falou nada sobre tê-lo todo quebrado. Algemo as mãos de Baiano, e o levantando com agressividade. Deixo-o caminhar a minha frente, enquanto seguro ele. BOPE subir morro pra prender... Chega a ser piada.

Guio Baiano por uma escadaria, ao lado da ONG que Mathias trabalha juntamente com a piranha dele. Eu deveria dizer ao meu amigo a puta que a namorada dele é. Esqueça dela, Nascimento. Ela não é mais problema seu.

Ouço um disparo e me abaixo instantaneamente, puxando Baiano junto. A bala atinge ao meu lado. Desgraçado. Encaro o miserável que não parece nada apreensivo, e o puxo para o canto da parede. Eu não sei de onde vem os disparos, mas aumentam ainda mais a frequência e a proximidade. Os tiros vêm de direções diferentes, o que me leva a crer que estou encurralado. Porra, hoje eu morro.

Eles já sabiam... Sabiam que vínhamos.

Seguro Baiano pelo pescoço, apertando o suficiente para ver seu rosto ficar vermelho.

- Verme desgraçado. É aqui mesmo que tu morre. - Antes que eu possa fazer qualquer coisa, sinto meu braço arder. Um tiro pegou meu braço de raspão... Puta merda, onde estão os outros?

Em um mísero segundo, Baiano, que estava algemado, corre para longe. Com o braço sangrando, não consigo ser ágil o suficiente para pegar minha arma e atirar. Eu fracassei. Fracassei pra caralho em uma missão que ja estava ganha. Porra, eu sou um idiota...

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Meu braço está melhor. A médica disse que não foi uma perfuração tão ruim, e que não precisarei me preocupar com nada além de repouso e tomar meus medicamentos, além de trocar os curativos. É óbvio que não vou ficar em casa. Não posso. Eu sei que consigo trabalhar e agora mais do que nunca preciso disso. Preciso trabalhar para conseguir pegar o vagabundo que fugiu de mim. Mas dá próxima vez, não vai ter militante nenhum que vá me deter de matar esse desgraçado. Nós precisamos parar de nos importar com o que a mídia está falando de nós. Nós temos nosso método e se eles não gostam, eles que chamem o Batman para entrar em uma operação nas favelas. Passeata, protesto, marcha... Eu quero que todos se fodam.

Meu celular vibra em meu bolso, então o pego instantaneamente. Penso que pode ser Rafael me pedindo brinquedos novos ou Rosane perguntando como estou. Ela ja voltou de viagem e ja levou nosso filho novamente para casa, então ficarei sozinho naquele inferno e solitário lugar que eu chamo de lar.

Franzo o cenho, confuso, ao ver que a mensagem é da assombração da minha vida. Marjorie mandou algo, mas ainda não vi o conteúdo da mensagem. Não sei se deveria ver. Embora ela assombre minha mente e me atormente desde aquele maldito beijo, ela é irritante, afrontosa e... Eu nem sei explicar o que sinto por ela. Não a odeio, mas as vezes sinto vontade de puxar ela pelo cabelo e... Eu não faria nada de doloroso nessa situação hipotética.

Finalmente, deixo meus pensamentos de lado e olho a mensagem. Engasgo ao ler a mensagem de Marjorie. Sinto o ar ser cortado de meus pulmões e meu coração bater. Minha cabeça está latejando. Não pode ser.


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Olá, docinhos. Tudo bem?

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"Aceito críticas mas também não fico calada" KKKK

Brincadeiras a parte, espero que estejam gostando e aguardem o desenrolar dessa história porque ainda tem muito pepino pra descascar.

✨Capítulo novo todos os dias, às 19:00h

⚠️Para melhor experiência, escute a música enquanto lê. Eu juro, é outra sensação.⚠️

Nos vemos em breve.

- Milésima esposa do Capitão Nascimento 💋

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