Capítulo XXXV

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POV Marjorie Cerrado

Com sangue nos olhos, Fernanda se vira pra mim. É óbvio que me odeia. É óbvio que não me quer aqui. É óbvio que está se controlando pra não me esganar.

— Não, não precisamos.

— Eu preciso te perguntar uma coisa

— E eu preciso me encontrar com o major

— É rápido. Eu prometo.

— Não está vendo que não quero falar com você, garota?

— Mas você vai. Vai falar comigo se não quiser que eu seja presa por assassinar um policial do BOPE. — Grito novamente. — Você escolhe se o policial será você ou Roberto. — Paro em frente a ela, ficando cara a cara.

— O que quer?

— Ele me traiu com você?

— O quê?

— No hospital. Vocês se beijaram.

— Sabe o que eu nao entendo? Você não faz questão do amor dele. Terminou com ele sem sequer buscar saber o que aconteceu de verdade e sim, eu fui escrota por ter beijado ele, mas se tivesse me perguntado antes eu teria te digo que foi tudo culpa minha. Eu com certeza amo ele muito mais que você e por isso eu tô te falando a verdade. Eu amo ele e não quero e nem mereço um homem que não quer ser meu. — Seus olhos estão lacrimejando. Ela realmente gosta dele... — Agora, eu preciso ir.  — Fernanda me empurra com força, em tirando da frente.

Eu não consigo assimilar tudo que tá acontecendo. Eu realmente tô cansada de ter sentimentos. Ele não me traiu e eu fui uma idiota. Mas ele também foi um babaca por ficar com ela quando terminamos. O que eu poderia pensar diante da situação? Além disso, ele foi um babaca por me chamar de covarde e foi um babaca por não ter corrido atrás de mim, porque se me amasse mesmo teria insistido mais. E eu deveria ter deixado ele me explicar o que tinha acontecido. Mas eu acreditaria?

Isso tudo é uma merda. Eu não sei lidar com meu ciúme e muito menos com esse sentimento avassalador que Nascimento desperta em mim. Eu não sei o que fazer. Mas eu sei o que meu coração quer fazer e eu vou deixá-lo me guiar dessa vez.

Eu sei exatamente onde é a sala de Roberto. Deixei minha mãe e Luana paradas, com Mathias, mas eu não sei se ele tem coisa ela fazer então preciso ser rápida. Corro até a sala de Nascimento, abrindo a porta de supetão. Não ligaria se tivesse alguém aqui dentro, mas não tem ninguém. Só ele com aquele óculos de leitura maravilhoso que ele usa, e concentrado no que está fazendo.

Dando passos lentos pra dentro da sala, fecho a porta atrás de mim e recebo um olhar confuso de Nascimento.

— Fui idiota. Fernanda me disse o que aconteceu e... — Me aproximo de sua mesa.

— E você descobriu que ela que me beijou? — Ele tira o óculos e o repousa na mesa.

— É uma história difícil de acreditar, não acha? — Coloco as mãos na cintura, arqueando as sobrancelhas.

— É, mas deveria ter me deixado ao menos explicar. — Ele abre os braços indignado. É até engraçado vê-lo assim.

— Mas você também foi um babaca ficando com ela depois que terminamos. — Replico seu gesto, debochando dele.

— É, eu fui. — Suas mãos repousam em meus quadril, me aproximando de seu próprio corpo. — Mas eu te amo. — Seus olhos estão fixos aos meus. Como pode um homem ser tão sério a ponto de me dizer que me ama sem sequer um sorriso no rosto? Mas não importa, eu acredito nisso. Acredito que me ame. Só alguém que ama poderia olhar com esses olhos tão doces, mesmo sendo rígido como Roberto.

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