Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO

Capítulo IX

- Love me like you do; Ellie Goulding

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POV Marjorie Cerrado

Os médicos disseram que não seria bom para minha irmã me ver histérica do jeito que eu estava, então Roberto se prontificou a ficar com ela durante todo o processo, até que minha mãe chegasse. Ele foi ótimo durante todo o tempo. Enquanto estávamos chegando ao hospital, abraçado a Rafael, ele segurava a mão de Luana. Acho que ele se sente culpado, de certa forma. Ele não faria isso por nenhum outro motivo.

Rafael está em casa agora, com a mãe. Rosane chegou desesperada atrás do filho, sequer me deu ouvidos quando eu disse que ele não estava machucado. Eu entendo que ela estava preocupada, mas quem levou um tiro foi a minha irmã...

Eu preciso ver Luana logo. Preciso vê-la e ouvir ela me falar a coisa mais absurda que já ouvi, ou dizer que me odeia por eu não deixar ela mexer na minha gaveta de calcinhas.

Uma mão gelada toca meu ombro coberto pelo tecido fino da camisa social que visto, então me viro, assustada. Relaxo os ombros ao ver o capitão atrás de mim. Os olhos de Nascimento estão vidrados ao meu. Nossos corpos estão próximos. Tão próximos que sinto o calor de seu corpo esquentar o meu.

- Como foi...? - Pergunto, aflita o suficiente para invadir aquele quarto e ir ver minha irmã.

- Tudo bem. Ela vai precisar ficar uns dias aqui, em observação, mas o seu torniquete improvisado estava ótimo e não afetou nada. - Ele continua com a cara séria dele, mas eu o conheço o suficiente, nesses poucos dias em que convivemos e quase nos matamos, para decifra-lo e dizer, com extrema certeza, que ele está aliviado. - Se quiser ir pra casa ou ir comer algo...

Em um rápido movimento, meus braços estão envolvendo o pescoço de Nascimento, e meu rosto está afundado em seu ombro. É uma surpresa para ele, mas também é para mim. Em um breve momento, Nascimento não faz nada, mas, logo em seguida, seus braços envolvem minha cintura.

- Obrigada... - É tudo o que consigo proferir sem chorar.

Embora eu saiba que é meio culpa dele e do filho, ele ajudou tanto com o ferimento de Luana e foi tão gentil em se oferecer para ficar com ela lá dentro. Eu sei, parece pouca coisa, mas foi o bastante para que eu esqueça de tudo o que aconteceu entre nós antes de hoje.

Ele é um idiota? Sim. Um completo imbecil? Talvez. Mas acho que consigo entender minimamente a pressão e a tensão que é o trabalho dele.

Sua respiração está apressada. O que tanto o aflige?

Me afasto dele então, mas ainda sentindo os braços dele envolverem minha cintura. Encaro ele, enquanto nossos olhos estão vidrados um no outro. Esses olhos não são mais enigmáticos. Eu sei o que ele quer. Eu vejo o desejo e a ânsia que ele tem e eu acho que ele também pode ver isso nos meus. Eu não sei que merda eu estou sentindo, mas não é o que costumo sentir por ele. Aliás, eu sei sim. Eu sei bem o que eu estou sentindo. Estou sentindo por ele a mesma necessidade que ele está sentindo por mim.

- O que você está esperando? - Falo quase em um sussurro.

Suas mãos tomam meu rosto com agressividade, até que seus lábios colam -se aos meus, acalmando tudo o que antes era caótico e agressivo. Sua boca se movimenta no ritmo da minha. Nossas respirações estão conectadas e eu sinto, daqui, o coração dele bater tão acelerado quanto o meu.