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POV Marjorie CerradoLuana e Rafael estão implicando um com o outro enquanto estudam. Acho engraçado essa convivência dos dois. Eu shippo.
Os dois patetas estão me fazendo companhia hoje. Roberto não vem pra casa nem para almoçar, então trouxe Rafa pra me fazer companhia e Luana já pretendia vir mesmo. Pensei, seriamente, em falar com minha mãe para que Luana ficasse aqui e morasse comigo, mas não sei se ela deixaria. Seria maravilhoso. Eu não ficaria sozinha e Luana não teria que deixar a cidade que tanto gosta.
Com o notebook aberto em meu colo, o encaro. Eu deveria fazer alguma coisa pra me distrair. Desde o que aconteceu com Ludmilla e tudo mais, nao tenho mais ido ao trabalho. Na verdade, nem vou voltar naquele lugar. Foi um lugar que eu aprendi muito e tenho orgulho de cada momento lá, mas não consigo entrar naquela sala e não lembrar de Ludmilla e isso é uma coisa que nunca vai mudar. Mas eu não sei o que fazer, sabe? Não vou ficar sem trabalhar, é óbvio, mas não quero voltar lá. Eu quero um novo propósito na vida.
— Preciso de descanso. — Rafael fecha o caderno, se jogando pra trás. — Já não sinto mais meu cérebro.
— Como se você tivesse um. — Provocando, Luana fala.
— Sorvete e praia? — Sugiro, fechando o notebook e deixando minhas preocupações de lado por agora.
— Eu te amo. — Ironicamente, Luana deita a cabeça no meu ombro.
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Sentindo a areia da praia nos meus pés, admiro Luana e Rafael se jogarem no mar. A praia está vazia, afinal, só vagabundo desocupado estaria aqui uma hora dessas. Me incluo nisso.
Eu não sei, mas minha mente está vazia hoje. Estou simplesmente sentada na beira do mar, com meu vestido de crochê e com minhas duas crianças favoritas. Eu vou ser uma boa mãe. Estou sendo, não é? Eu espero dar conta disso, afinal, uma criança é pra vida inteira. Eu só não quero ser igual a minha mãe e eu garanto que não vou ser. Posso até falhar, mas vou amar essa criança mais do que qualquer coisa neste mundo.
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POV Capitão NascimentoGeralmente o BOPE é chamado quando a polícia convencional não consegue dar conta do recado, mas nos últimos anos, qualquer coisa é motivo pra chamarem a gente e isso tem me cansado. Eu não posso deixar meu batalhão e as pessoas dessa cidade na mão, então eu preciso me dedicar mais ao trabalho e isso significa me dedicar menos a Marjorie e a minha família. Da última vez que tivemos um curso, escolhi Fernanda como recruta. Ela era ótima nisso, mas o fim dela vocês já sabem. Acho que deveria ter outro curso, mas não posso fazer isso agora. Meu filho está prestes a nascer e esse curso ocuparia um tempo que eu já não tenho.
Hoje, a polícia convencional foi incompetente que o atual dono do Morro do Turano e seus comparsas conseguiram fazer todo mundo de refém dentro de um ônibus que estava seguindo para o alto. Matou uma senhora e uma menina ficou ferida. Por mim, a gente atiraria pra matar, mas não podemos fazer isso já que tem jornalistas por toda parte.
— 01, os sujeitos liberando os reféns. — 02 se aproxima de mim, enquanto as pessoas são liberadas do ônibus.
— Tentou negociar? — Converso com 02 de forma calma e baixa para que jornalistas e ninguém mais nos ouça.
— Tentei, chefe, mas o cabeça não quer conversa. Ele só sai se for com alguém. Ele não acredita na gente.
— Inteligente. — Cruzo os braços.
— Por que não poupamos ele?
— Poupar bandido? Vou fingir que não ouvi essa merda aí hein, 02. — Com meus homens a postos, Ordeno a retirada dos jornalistas de perto de nós. Em muitos casos, a imprensa acabou com a missão e fez com que falhassemos em salvar muita gente. Dessa vez, eu tô pouco me fudendo pro que vão falar.
De maneira ríspida e agressiva, Neto e Mathias afastam alguns repórteres que tentavam entrevistar testemunhas do início de tudo. Alguns chegam a ser invasivos e vão até os reféns recém liberados. Porra, é isso o que me irrita.
— Você pode sair com ela! — Grito para que o bandido me ouça de dentro do ônibus. É óbvio que ele não vai sair vivo daqui, mas prefiro fingir que vai. — Os outros ficam.
— Vocês vão me matar que eu sei.
— Ou voce sai agora, ou realmente vamos te matar sem nos importarmos com quem está dentro. — É óbvio que isso é mentira. Nunca nem cogitamos em atirar com gente dentro do ônibus, mas ninguém sabe disso. Ninguém sabe o que se passa pela mente perturbada do famoso Capitão Nascimento; o impiedoso e cruel. As vezes nem eu sei.
Rapidamente, a porta se abre e o rapaz desce correndo, segurando uma loira pelo pescoço. Não demora muito até que ele esteja estirado no chão e a garota esteja olhando para ele, em choque. 014 atirou certeiramente no cara, bem na testa. Fatal.
— Boa, 014! — Cumprimento de forma rápida, correndo até o ônibus com meus outros homens. Todos os reféns saem em uma questão de segundos, gritando e chorando. O corpo da velha está jogado no fundo do ônibus.
Impiedosamente, atiro em um dos bandidos que já estava se ajeitando para me balear. Os outros três começam a atirar, se esquivando pelos bancos, mas isso obviamente não funciona.
Agachado no meio dos bancos, atiro neles daqui de dentro, enquanto outros atiram de lá de fora.
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Não demorou muito até que todo mundo estivesse morto. Não é como se todos os traficantes estivessem aqui, mas tinha uma galera.
Enquanto Mathias e Neto carregam o corpo da velha, sinto meu celular vibrar. Porra, Marjorie.
— Segura aí! — Grito. — Oi, amor.
— Beto, minha bolsa estourou. — A voz de Marjorie ecoa do outro lado da linha. Sua voz é embargada, chorosa, vacilante. Ela está com medo.
— Estourou?
— É, Roberto. O bebê vai nascer. — A voz chorosa se transforma em uma voz mais enraivada.
— Tem certeza?
— Não, Roberto. Estava entediada e resolvi mentir pra você.
— Fica calma lembra doq a doutora Cláudia disse. Da tempo tranquilo não dá?
— Acho que sim.
— Tô descendo agora daqui pra encontrar com vc lá tá bom?
— Vem logo.
— 02! — Guardo o celular, passando a mão pelo rosto e sorrindo.
— Fala, 01!
— Assume a ocorrência. Vamos descer só o dono que meu filho vai nascer. — Sorrio, vendo todo mundo comemorar. — Meu filho vai nascer.
Meu filho vai nascer e eu estou aqui, no trabalho. Eu preciso dar um jeito na minha vida.
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Olá, docinhos. Tudo bem?
Vem aí baby Will
⚠️Para melhor experiência, escute a música enquanto lê. Eu juro, é outra sensação.⚠️
Nos vemos em breve.
— Milésima esposa do Capitão Nascimento 💋
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Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionNa favela onde Marjorie cresceu, há pouca expectativa de vida; ou você vira um traficante ou vira fiel de um. Ela não queria isso. Ela não queria ser usada por um traficante como troféu, então decidiu se tornar acompanhante de luxo de ricaços do Leb...