Capítulo LIX

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— Elastic Heart; Sia

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POV Marjorie Cerrado

Deitada, acariciando minha barriga, encaro o relógio que decora a parede do meu quarto. Ela está morta. Eu sei que sempre brigamos e que xinguei ela, mas daí a querer morta...  Como será que Roberto está? Eu tenho me importado cada dia menos com ele e consigo pensar menos nele, de certa forma. Fica difícil quando se tem um bebê dele, mas vou dar um jeito. Tenho me sentido muito cansada esses dias, então tudo o que tenho feito é ficar deitada. Eu preciso ir ao médico novamente ver se está tudo bem com meu bebê.

Levanto para o desejum, querendo voltar para a cama. Meu corpo não quer nenhum alimento e tudo o que ele quer é repousar. Eu preciso tirar alguns dias de folga. Preciso cuidar desse bebê. Eu não ligo pra mim e nem para como estou, mas desde que descobri essa gravidez , tenho me cuidado muito bem. Bebo água o suficiente, tomo vitaminas, como direito, durmo bem, tomo muito cuidado com tudo... mas parece que todo dia um caminhão diferente me atropela.

Me apoiando na pia, sinto meu corpo fraquejar. Merda.

— Diógenes, me ajuda aqui... — Fecho os olhos, me concentrado em não cair.

— O que você tem? — Diógenes se aproxima de mim, me puxando pelo meu amado cardigan cor de creme.

— Não me sinto bem. Pode me ajudar a ir pro quarto? — Permito que ele me envolva em seus braços, e me ajude a caminhar.

— Ela ta achando que tem empregado. — Ouço Lilian comentar no intervalo entre uma garfada e outra.

— Não pediria ajuda se conseguisse ir sozinha. — Respondo, continuando meu trajeto.

— Quer ir ao médico? — Diógenes repousa sua mão na minha cintura, e então me deixo ser erguida em seu colo.

— Isso tudo porque Nascimento terminou com ela?

— Lilian, cala a porra da boca.

Não consigo a responder. Se meu corpo tivesse alguma força, eu voaria no pescoço dessa mocreia. É óbvio que ela está fazendo isso de propósito.

Quando Diógenes me ajuda a deitar novamente na cama, meus olhos se fecham automaticamente. Estou exausta e acabei de sair da cama. Será que esse bebê está bem? Ai, meu Deus, não me deixe perdê-lo. Não me deixe perder o restinho do homem que eu mais amei.

Diógenes caminha, se afastando de mim. Eu tô com medo. Tô com medo porque não sei se isso que estou sentindo é normal. Não sei se essa mudança toda no meu corpo é normal e não tenho ninguém que me acalme e diga que estou bem. Victoria e Ludmilla também têm suas vidas e eu não sei se consigo contar a mais ninguém. Não sei se tenho forças pro que vai conhecer quando Nascimento souber. Eu deveria estar sendo apoiada pelo pai dessa criança. Eu tô com medo. Pra caralho.

— Eu não quero ficar sozinha... — Deixo as palavras saírem.

Eu não deveria, mas me sinto bem quando Diógenes está perto. Sinto como se pudesse relaxar e deixar ele seguir com o barco mar à dentro. Esses dias que temos passados estão nos aproximando mais. Ontem, quando ele chegou do trabalho, me disse que Fernanda está morta. Eu senti um embrulho no estômago tão forte. Como se me culpasse por isso. Mas por que? Não. Eu não tenho culpa da morte dela.

Diógenes me faz deixar os pensamentos irem embora quando se deita ao meu lado.

— Chega pra cá que eu tô com frio. — Roubando meu edredom, ele me aconchega em seus braços, me esquentando com seu próprio calor. Eu nunca estive assim. Eu nunca tinha recebido uma conchinha do meu pai. Então é assim? É assim que é ser amada?

Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora